Brilhando intensamente, Yago Pikachu, de 29 anos, vive o melhor momento de sua carreira defendendo o Fortaleza-CE, clube pelo qual foi eleito, no ano passado, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o melhor lateral direito do Brasileirão. Além disso, sagrou-se bicampeão cearense pelo Tricolor (2021/22) e campeão da Copa do Nordeste (2022).
Embora sua atual equipe seja a lanterna da Série A do Nacional, Pikachu vem se destacando em jogos do Fortaleza na Taça Libertadores, fazendo gols e já tendo sido eleito, em uma das rodadas da competição, o craque do torneio internacional. Com tamanha desenvoltura, o lateral, que esteve por cinco temporadas no Vasco-RJ (2016 a 2020), após deixar o Paysandu, do qual é cria, sonha com voos mais altos. Ele conta que ainda não abandonou a ideia de jogar em um clube de ponta do futebol da Europa e, claro, quer vestir a camisa da seleção brasileira. Na entrevista exclusiva ao Bola, Pikachu fala, entre outros assuntos, da paixão que continua nutrindo pelo Papão, da campanha do Fortaleza no Brasileirão e Libertadores e muito mais.
P: Você avalia essa participação do Fortaleza na Libertadores superior a que o Paysandu teve em 2003?
R: Espero que nossa campanha possa ser um pouco mais positiva do que a que foi feita pelo nosso querido Paysandu em 2003. Apesar de termos sido incluídos em um grupo muito difícil, com grandes equipes de seus países, como o Alianza do Peru, um dos grandes, Colo Colo do Chile é outra dos grandes, sem falar do River Plate, que é um dos maiores do nosso continente, uma equipe muito mais acostumada a jogar essa competição. Claro que o Paysandu tem os seus méritos lá em 2003. Não lembro muito bem da campanha, dos detalhes da fase de grupo do Paysandu. Lembro só do jogo histórico que foi contra o Boca. Então, espero que a gente possa seguir mais além. O Paysandu chegou às oitavas e nós já estamos nas oitavas. Que a gente possa chegar às quartas, à semifinal da Libertadores. Seria algo histórico para todos nós.
P: O que se pode esperar do Fortaleza nas oitavas da Libertadores?
R: O que o nosso torcedor pode esperar é o mesmo empenho, a mesma dedicação que tivemos na fase de grupos. Não começamos tão bem, com duas derrotas nos primeiros jogos, mas, nessa reta final, de 12 pontos que disputamos conseguimos dez, sendo com duas vitórias fora de casa, situação que nos dá uma motivação a mais, uma bagagem para enfrentar essas oitavas de final diante de um adversário (Estudiantes-ARG) difícil, tão qualificado e acostumado com esse tipo de competição. Acredito em um jogo aberto, muito especial e que a gente não mude a postura desde o início do trabalho de praticamente um ano e meio do nosso treinador (Juan Pablo Vojvoda). A gente não pode mudar agora, pois já temos uma filosofia de jogo, uma maneira de jogar. Espero que até o dia do nosso primeiro jogo, que vai ser em casa, com o apoio da nossa torcida, a gente esteja o mais entrosado possível para avançar de fase.
P: Marcando tantos gols importantes, sendo eleito lateral de rodada na Libertadores, você vislumbra mais claramente a ida para o futebol do exterior?
R: Sempre tive o sonho de jogar fora do país, de ter essa experiência. Claro que se destacando mais, aparecendo mais com o seu grupo, talvez as coisas se tornem mais fáceis, mais simples entre aspas. Tenho ainda esse sonho. Não sei como as coisas funcionam. Tento fazer o meu melhor trabalho no meu clube. Venho passando por um bom momento junto com a minha equipe. Deixo nas mãos de Deus, se for o caso dele realizar esse meu sonho ficaria muito grato a ele e sou grato a Deus por tudo que tem feito na minha vida e na vida de minha família. Mas não penso nisso neste momento. Penso sempre em ajudar a minha equipe nos jogos que a gente vem tendo. Não sei, mas vamos ver se posso realizar esse sonho de jogar fora do país.
P: A que pode se atribuir o fato de o Fortaleza cumprir campanhas diferentes no Brasileiro e na Libertadores?
R: A gente entra em todas as competições com o que temos de melhor. Claro que não estamos fazendo uma boa campanha no Brasileiro, mas na Libertadores conseguimos uma vaga nas oitavas de final. Talvez as viagens possam ser um dos fatores que façam com que a equipe não esteja tão bem no Brasileiro. Má sorte também pode ser considerada porque nos jogos em que perdemos, em muitos deles, fomos superiores aos adversários e infelizmente não conseguimos vencer. A gente vem trabalhando para que essa sorte possa voltar e que a gente possa ser um pouco mais competente na hora de ter a bola e de fazer os gols. Ainda não achamos explicações para essa diferença entre o Brasileiro e a Libertadores. Espero que a gente possa se reerguer na competição. Ainda temos muitos jogos pela frente, mas precisamos vencer o mais rápido possível para termos mais tranquilidade dentro da competição.
P: Há diferença entre jogar no Vasco e no Fortaleza?
R: Acho que são poucas as diferenças. Em termos de torcidas, as duas são apaixonadas e, em termos de estrutura, o Fortaleza não perde nada para o Vasco em nada. Aqui tem uma ótima estrutura, assim como no Vasco. Acredito que a única diferença que pode existir é a visibilidade. Tudo o que você faz no Vasco a repercussão, sem dúvida, é maior. Não sei se por causa da região. Jogo num time do Nordeste, o Vasco é do Sudeste, então há essa diferença. Mas não há diferença entre as estruturas dos dois clubes. Graças a Deus estou aqui e estou feliz, sem deixar de ser grato ao Vasco pelos cinco anos que passei lá.
P: O fato de ser um jogador surgido na região Norte representa um obstáculo para a sua chegada à seleção brasileira?
R: Essa é uma pergunta complicada. Não sei se esse fato de ser do Norte de estar jogando num time do Nordeste pesa. Não sei se isso pesa para uma possível convocação. Claro que todo jogador tem o sonho de ser convocado para a seleção de seu país e comigo isso não é diferente. Trabalho para realizar esse sonho. Graças a Deus venho passando por um bom momento junto com o meu clube. Este ano está sendo muito especial para mim. Mas não me cabe julgar ou dar opinião porque não sei como funcionam essas coisas. Vou continuar trabalhando da mesma forma que venho trabalhando junto com meus companheiros. Se for da vontade de Deus de realizar este meu sonho de chegar à seleção ficaria muito grato. Desejo toda sorte do mundo aos jogadores que são convocados porque eles estão representando o nosso país.
P: Para muita gente a lateral direita da seleção precisa de renovação e você seria, pelo momento que vive, a bola da vez e não Daniel Alves, apontado como um jogador veterano, o que acha?
R: Para mim, o Daniel Alves continua sendo um dos melhores laterais. É difícil encontrar laterais jogando no Brasil que possam representar o nosso país. Muita gente vai embora cedo para a Europa. Então que esses que estão sendo convocados possam dar o seu melhor e possam representar bem a nossa seleção.
P: Mesmo de longe, você tem acompanhado o Papão na Série C?
R: Sempre acompanhei o Paysandu e sempre acompanho. Desde a minha saída em 2015. Sempre que tenho tempo assisto aos jogos do time. O Paysandu me abriu as portas no futebol, então sou muito grato ao clube. Continuo curtindo as redes sociais do Paysandu. Que o Paysandu possa fazer uma excelente Série C e consiga o acesso. Acho que já passou da hora de o Paysandu voltar à Série B. Que o acesso possa vir este ano.
P: Para encerrar, caso não vá para o exterior, a ida para um clube de ponta, tipo Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG, está nos seus planos?
R: Estou aqui no Fortaleza muito feliz. Claro que jogar em clubes como o Flamengo, Atlético Mineiro, Palmeiras, potenciais do nosso futebol, também seria um sonho. Mas no momento estou muito feliz aqui no Fortaleza. Não sei o dia de amanhã. Espero um dia realizar todos os meus sonhos e encerrar a minha carreira com enorme felicidade dentro do que eu havia sonhado e planejado desde criança: ganhar títulos importantes, chegar a uma seleção e jogar fora do país. Espero realizar todos esses sonhos.
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