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IMPUNIDADE

Torcedor que assediou repórter recebe alvará de soltura

Marcelo Benevides Silva está proibido de frequentar jogos do Flamengo enquanto perdurar o processo

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Imagem ilustrativa da notícia Torcedor que assediou repórter recebe alvará de soltura camera Mais um caso isolado número 78.972 deste ano | Reprodução/Twitter

O oficial de Justiça Marcelo Benevides Silva teve um alvará de soltura concedido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (8). O torcedor do Flamengo estava detido desde a noite desta quarta (7), quando assediou e importunou sexualmente a repórter da ESPN Jessica Dias. A cena foi transmitida ao vivo antes da partida entre o time rubro-negro e Vélez Sarsfield, pela Libertadores.

O documento, assinado por Marcello Rubioli, juiz da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa, Juizado do Torcedor e Grandes Eventos, indica algumas medidas como "proibição de saída do estado sem autorização judicial" e "proibição de contato com vítima e testemunhas, salvante se parentes". Além disso, indica a "proibição de presença nos espetáculos esportivos com participação do Clube de Regatas do Flamengo enquanto perdurar o processo".

O magistrado pontuou que "segundo consta do depoimento da vítima e das testemunhas o increpado beijou seu rosto, ombro sem autorização, e, teria passado a mão pelas costas da vítima até a região das nádegas".Na análise técnica, o juiz considerou que para a manutenção da decretação da prisão preventiva deveria haver comprovação do risco efetivo que o agente causa à ordem pública, à ordem econômica, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal.

Além disso, Rubioli considerou que "à vista do que consta dos autos é bem provável" que o torcedor, caso condenado, "não cumprirá pena preso". Ao mesmo tempo, "são aplicáveis ao caso medidas cautelares substitutivas".

Nesta quinta, Jéssica Dias deu detalhes dos acontecimentos que vieram antes de sua entrada ao vivo e do beijo na bochecha dado pelo torcedor do Flamengo.

"Foi só um beijinho no rosto. Não. Não foi. Antes tiveram muitos xingamentos e importunação porque o ao vivo demorava. Pedi calma e para que não ficasse xingando, não precisava. Vieram os 'pedidos de desculpa' com alisamentos nos ombros e um beijo no local. Eu estava prestes a ser chamada para o link e mantive a posição, existe uma logística que exige concentração. Outra tentativa de beijo no ombro. Me esquivei e meu câmera o chamou a atenção dele", começou escrevendo a repórter, que continuou:

"O último ato foi o beijo no rosto. Que poderia ter sido na boca e não mudaria nada. Eu sofri importunação sexual enquanto trabalhava e isso é crime. Eu não queria beijo, não queria carinho, não queria passar 3h em uma delegacia. Eu só queria trabalhar", disse.

Marcelo, de 47 anos, foi levado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estádio e, após audiência de custódia, teve prisão preventiva decretada. Ele esteve detido na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, e responde por importunação sexual, crime inafiançável, que tem pena de um a cinco anos de prisão. Agora, após outra audiência de custódia, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a expedição do alvará de soltura.

ENTENDA O CASO

Jessica Dias, repórter da ESPN no Rio de Janeiro, foi assediada enquanto fazia a cobertura dos arredores do Maracanã antes do duelo entre Flamengo e Vélez Sarsfield, da Argentina, pela semifinal da Libertadores. O responsável pelo ato, Marcelo Benevides Silva, foi detido e levado para prestar depoimento. Durante uma passagem ao vivo feita próxima ao estádio, torcedores do Flamengo estavam ao fundo cantando músicas da arquibancada quando, de repente, um deles lhe deu um beijo. Ele deixa o quadro da imagem logo depois, enquanto a jornalista fica, nitidamente, desconfortável com a situação.

Foram os próprios cinegrafistas da ESPN que agiram e alertaram os policiais sobre o assédio, e o torcedor foi imediatamente conduzido à delegacia do estádio.

Marcelo passou por um julgamento no Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estádio e, após audiência de custódia, teve prisão preventiva decretada. No estádio, ele estava na companhia de um filho menor de idade (17 anos). Em conversa informal com a imprensa, o menino, muito assustado, pediu desculpas aos jornalistas em nome do pai.

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