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Dirigentes ignoraram condenação de Cuca até caso Robinho

Antes da Justiça italiana ter condenado Robinho a 9 anos de prisão por estupro de vulnerável, caso de violência sexual envolvendo Cuca era tratado como "desconhecido" nos clubes por onde ele passou.

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Imagem ilustrativa da notícia Dirigentes ignoraram condenação de Cuca até caso Robinho camera Condenação por estupro, em 1989, pouco ou nada interferiu na carreira de Cuca, seja como jogador ou treinador de futebol. | Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

"Não [foi debatido]. O clube não sabia sobre o caso", diz Manoel Renha, ex-dirigente do Botafogo. "Nada, nada. Não sabíamos", explica Márcio Braga, ex-presidente do Flamengo. "Não sabíamos, naquela época. Ao menos, eu não sabia de coisa alguma", fala Roberto Horcades, ex-mandatário do Fluminense.

Os três foram responsáveis por contratar o técnico Cuca entre 2005 e 2010. O comportamento se repetiu em diversos outros clubes da carreira do treinador e até como jogador, antes de se aposentar em 1996.

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Os representantes de Botafogo, Flamengo e Fluminense foram curtos nas respostas e apenas disseram não ter conhecimento sobre o caso. No Santos, José Carlos Peres, presidente entre 2018 e 2020, admite que sabia na época sobre a situação e que o clube contratou profissionais no exterior para apurar. Eles afirmaram que nada havia.

"Não conversamos [sobre o caso]. Eu sabia, na época, que ele foi inocentado. Na época ele não foi [culpado]. A vítima diz que não reconhecia ele, disse 'de jeito nenhum'. Ele foi inocentado no princípio do processo, de cara foi inocentado. Na época não nos gerou nenhuma dúvida."

O ex-dirigente santista reforça que na época não houve polêmica e que a passagem dele pelo clube foi tranquila. "Contratamos ele duas vezes e ele fez um belo campeonato. É um grande técnico, pessoa maravilhosa. A informação que eu tinha na época é que outros jogadores do Grêmio estavam envolvidos e ele não. Contatamos gente no exterior e nos disseram que não tinha nada."

Marcelo Teixeira, mandatário do Santos entre 1991 e 1993 e depois entre 2000 e 2009, disse não se lembrar. "Confesso não me recordar deste detalhe. Como o assunto é tão sério e grave, possivelmente deveria me lembrar. Como não me lembro, talvez na época os responsáveis pelo futebol não tenham citado o tema", disse.

O Atlético-MG publicou uma nota na época da contratação de Cuca em 2021 afirmando ser um assunto superado. "Sobre os antigos episódios envolvendo o nome do treinador [e que vieram à tona recentemente], o clube entende que o assunto está superado, em face das últimas declarações dadas por ele. O Clube Atlético Mineiro afirma confiar no treinador, em suas palavras e, principalmente, em sua conduta: sempre proba e séria, inclusive durante o período em que treinou o nosso time".

PERÍODO DE CUCA JOGADOR

Com relação à época de jogador, o caso não pesou na passagem pelo Palmeiras. José Carlos Brunoro, dirigente do clube entre 1992 e 1996, comentou: "Não me lembro disso [debate sobre o assunto], mas não houve problema quanto a isso porque parece que ele já tinha superado na parte legal. Mas não foi nem ventilado, pelo que me lembre. Não houve problema."

O UOL também procurou Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras na passagem do treinador em 2017, Leco, mandatário do São Paulo em 2019, e Alexandre Kalil, que presidiu o Atlético-MG entre 2011 e 2013. Nenhum deles retornou até a publicação da reportagem.

CASO ROBINHO INICIOU DEBATE

O caso de Cuca voltou a ser assunto mais de 30 anos depois, em outubro de 2020, por causa da contratação de Robinho pelo Santos.

O ex-jogador foi condenado por estupro coletivo na Itália. Na época, foi defendido por Cuca, que treinava o clube. "Robinho é uma pessoa maravilhosa, exemplo de jogador. Espero que nos ajude muito, dentro e fora de campo", afirmou na ocasião.

Após a ameaça de debandada dos patrocinadores, o clube suspendeu o contrato de Robinho. Um grupo de torcedoras resgatou a condenação do treinador. A partir deste momento, Cuca teve duas passagens pelo Atlético-MG e agora está no comando do Corinthians.

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