O Corinthians anunciou, na tarde de quarta-feira (27), a demissão de Vanderlei Luxemburgo. Não vinham agradando as atuações do time, e a disponibilidade no mercado do velho conhecido Tite fez a diretoria agir. É a intenção do presidente do clube, Duilio Monteiro Alves, avançar em conversas com o treinador gaúcho, multicampeão em preto e branco.
A saída de Luxemburgo já era tratada no Parque São Jorge como questão de tempo, mas a expectativa era que o profissional de 71 anos permanecesse até o fim da temporada -ou, ao menos, até a conclusão da participação do time na Copa Sul-Americana. A situação de Tite, porém, alterou os cálculos.
Quase um ano após sua saída da seleção brasileira, sem as propostas que imaginava receber da Europa, ele sinalizou que poderia voltar a trabalhar em um clube do Brasil. Logo se animou o Flamengo, que estuda a melhor maneira de demitir o argentino Jorge Sampaoli -a multa rescisória é um entrave, porém a saída é certa.
Na última terça, Tite desembarcou no Rio de Janeiro, onde mora, cercado por um batalhão de repórteres e alguns torcedores, que perguntavam sobre a possibilidade de um acerto com o clube rubro-negro. "O que me pauta é o respeito", afirmou, constrangido, em agitada chegada ao aeroporto Santos Dumont.
A frase foi entendida como um recado de que ele não fecharia acordo com nenhum clube com treinador. Andrés Sanchez, que não tem cargo formal na diretoria, mas ainda exerce enorme influência no Corinthians, entrou no circuito. E Duilio oficializou a demissão de Luxemburgo, abrindo caminho para a negociação.
Vanderlei dirigiu a agremiação alvinegra pela última vez na terça, em empate por 1 a 1 com o Fortaleza, no estádio de Itaquera. Foi o jogo de ida das semifinais da Copa Sul-Americana. A volta ocorrerá na próxima terça (3). Por isso, há pressa por uma solução. O treino de quarta foi comandado por Fernando Lázaro, da comissão técnica permanente.
Lázaro chegou a ser efetivado como treinador no início da temporada, porém teve desempenho decepcionante e voltou a trabalhar como auxiliar. Aí, o Corinthians acertou com Cuca, que durou uma semana no cargo. Boa parte da torcida demonstrou revolta com a contratação, pela condenação por estupro do treinador nos anos 1980, na Suíça.
O time, nesse cenário, teve quatro técnicos nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro: Lázaro, Cuca, o interino Danilo e Luxemburgo. A aposta em Vanderlei levou mais em conta as glórias do passado do que os trabalhos recentes. O fluminense já tinha passado duas vezes pelo Parque São Jorge, conquistando o Brasileiro de 1998 e o Paulista de 2001.
Desta vez, não levantou nenhuma taça. Teve alguns bons momentos, mas não conseguiu levar a equipe além da décima colocação no Brasileiro -a distância atual para a zona de rebaixamento é de cinco pontos. Na Copa do Brasil, contou com Cássio nos pênaltis para derrubar América-MG e Atlético Mineiro, porém parou no rival São Paulo, com péssima atuação.
A terceira passagem de Luxemburgo pelo Corinthians foi encerrada com 38 partidas: 14 vitórias, 12 empates e 12 derrotas, 47,4% de aproveitamento. Mais do que os números, incomodaram o comportamento do time, espaçado em campo, e as entrevistas do treinador, que muitas vezes pareciam desconectadas do que ocorria no gramado.
Ele também teve atritos com membros do departamento de futebol, como Bruno Mazziotti, que se irritou com a escalação de Renato Augusto sem as condições físicas ideias. O meia passou boa parte do segundo tempo contra o Fortaleza, na terça, claramente esgotado, mãos na cintura, corpo curvo. Ao apito final, caiu. No dia seguinte, foi a vez de Luxemburgo.
OS TÉCNICOS DO CORINTHIANS NO ANO
Fernando Lázaro
17 jogos, 56,9% de aproveitamento
Cuca
2 jogos, 50% de aproveitamento
Danilo
1 jogo, 0% de aproveitamento
Vanderlei Luxemburgo
38 jogos, 47,4% de aproveitamento
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