
A crise do Paysandu dentro de campo reacendeu questionamentos fora dele. Em entrevista à Rádio Super Marajoara, o ex-presidente e atual colaborador Maurício Ettinger revelou que o clube pagou cerca de R$ 2,6 milhões em "bichos" – prêmios por vitórias e metas alcançadas – durante a temporada 2024.
Segundo Ettinger, o valor foi resultado de promessas feitas ao elenco na reta final da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, quando o clube ainda lutava para evitar o rebaixamento e, no final, conseguiu. O mandatário falou sobre as promessas de bicho.
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No futebol, o termo "bicho" se refere a uma premiação em dinheiro oferecida a jogadores e comissão técnica por resultados positivos, como vitórias ou conquistas importantes. A prática é comum em clubes brasileiros e costuma ser financiada por dirigentes ou conselheiros.
"Não lembro direito. Teve um episódio em que eu estava viajando e o Roger (vice na época) negociou o bicho. Quando cheguei, fiquei assustado. Mas falei 'é isso, tem que ser'. Prometemos dar R$ 400 mil por jogo e mais um milhão pela permanência. Deu R$ 2,6 milhões. Acho que ganhamos quatro jogos. Teve um que estávamos empatando e o Quintana marcou no final. Acho que nestes últimos quatro jogos e mais a permanência, foi algo em torno de R$ 2,6 milhões", destacou.
O ex-dirigente explicou que parte do montante foi possível graças ao adiantamento de cotas de 2025, embora sem detalhar os valores, o que para muitos acaba gerando problemas futuros, mas que foi um 'mal necessário' na época.
"A gente não adiantou cotas da CBF, de jogos, televisão. Se não me engano, foi uma cota da Libra. Lógico que faz falta na frente, mas era uma necessidade que tínhamos naquela hora. Por exemplo, ano passado tinha uma cota da Copa do Brasil (2025), onde fomos campeões da Copa Verde (2024) e íamos receber em abril R$ 2,6 milhões, que recebemos esse ano. O certo era adiantar essa, pois fazia parte da gente (gestão), mas não dava. Adiantamos, se não me engano, uma parte da Libra", ressaltou.
A fala de Ettinger repercute em um momento delicado. O Paysandu é o lanterna da Segundona com 26 pontos, sete atrás do primeiro time fora do Z-4, e tem 94,1% de chances de rebaixamento, após 30 jogos, segundo o Departamento de Matemática da UFMG.
O clube trocou de técnico quatro vezes na temporada e sofreu com elenco reduzido em boa parte do ano, o que ocasionou um alto número de lesões. Agora, restando oito rodadas, dentro do clube a esperança ainda é mantida, mas, segundo Ettinger, ainda não há promessas de novos bichos igual em 2024.
"Todos sempre fazem uma arrecadação para vitória, empate fora. Quem pode dar, dá. Esse ano ainda não teve um chamamento do Roger para darmos para o pessoal (jogadores). Mas com certeza ainda deve ter. Quem dera que a situação fosse igual à do ano passado. Vamos nos juntar de novo, ir atrás, fazer campanha na rua, com o torcedor que nunca falha", concluiu.
Com a equipe próxima de retornar à Série C, torcedores intensificaram protestos cobrando transparência financeira e direito de voto aos sócios-torcedores. "Cadê o dinheiro?" virou o principal questionamento nas redes digitais e nas arquibancadas da Curuzu.
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