
Toda geração tem um momento em que precisa provar que pode caminhar sem depender de um ídolo. Para o futebol brasileiro, esse instante parece ter chegado. A goleada por 5 a 0 sobre a Coreia do Sul, na últma sexta-feira (10), em Seul, mostrou uma seleção vibrante, ofensiva e cada vez mais adaptada ao estilo coletivo pregado por Carlo Ancelotti. O desempenho, no entanto, reacendeu um velho debate: há espaço para Neymar nesse novo Brasil?
Com Vinicius Jr., Rodrygo, Matheus Cunha e Estêvão formando o quarteto de ataque, o time canarinho dominou os coreanos do início ao fim. Ancelotti, satisfeito com a entrega de seus comandados, destacou o comprometimento do grupo como principal razão para o resultado elástico no primeiro amistoso da preparação para a Copa do Mundo de 2026.
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No programa Linha de Passe da ESPN, o comentarista Gian Oddi analisou que a ausência de Neymar na lista de convocados não foi mero acaso. "São os recados que o Ancelotti tem dado entrevista após entrevista, coletiva após coletiva, convocação após convocação, ressaltando o coletivo e dizendo que ninguém pode querer se destacar acima do coletivo. É um recado. A não convocação do Neymar é um outro recado", afirmou.
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QUALIDADE INCOMPARÁVEL, MAS...
Jogando no futebol brasileiro desde janeiro deste ano, apó ter ficado longe dos gramados desde outubro de 2023, quando rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em uma derrota para o Uruguai, o camisa 10 do Santos ainda busca recuperar ritmo e constância física. Para Gian Oddi, isso torna improvável uma volta breve ao time nacional. "[Neymar nunca esteve tão distante da seleção] por vários motivos. Não só porque mais uma vez está machucado e não está jogando, mas pelo que a própria Seleção Brasileira tem jogado sem ele. O que é o futebol para ele hoje está muito distante daquilo que o Ancelotti prega para a seleção brasileira”, completou o jornalista.
Ainda que reconheça o talento inquestionável do jogador, Oddi pondera que o momento é outro. "É óbvio que se o Neymar estiver 100% às vésperas da Copa do Mundo, se mostrar numa eventual Data FIFA a disponibilidade de ser este jogador de grupo, de elenco, jogando para o time, fazendo todo o 'trabalho sujo', que os quatro que a gente viu como titulares em campo fazem, é óbvio que aí você não discute. A qualidade do Neymar é incomparável com a de qualquer jogador da Seleção Brasileira".
"NÃO TEM MAIS O QUE FALAR DO NEYMAR"
Mas, segundo ele, essa hipótese ainda parece distante. “Mas isso daí está muito longe. Estou muito de acordo com o que o Leonardo [tetra em 94] falou nessa cadeira aqui [durante o Bola da Vez]. Por isso eu brinco que adotei muito a tese do Leonardo: 'Chega, para! Vamos parar de falar de Neymar'. A seleção está indo bem, as coisas estão andando, o Brasil tem vários bons jogadores, a evolução é evidente. Então chega! De Neymar a gente vai falar na hora que o Neymar estiver jogando seguidamente em alto nível, coisa que ainda não aconteceu desde que ele voltou para o Santos. A gente não tem mais o que falar do Neymar”.
A crítica reflete a nova filosofia de Ancelotti, voltada para o equilíbrio tático e o espírito coletivo. "O Neymar é a antítese de tudo que o Ancelotti prega hoje para a seleção brasileira", completou Oddi.
RETORNO DEPENDE DE CONDIÇÃO FÍSICA
Em setembro, o próprio técnico falou sobre o tema em entrevista à ESPN. Ancelotti reconheceu o talento de Neymar, mas deixou claro que o retorno dependerá exclusivamente da condição física do jogador. O treinador revelou ter conversado com o craque em junho, antes da partida contra o Paraguai, na Neo Química Arena, pelas eliminatórias da Copa.
Enquanto o futuro de Neymar segue em aberto, a Seleção Brasileira mantém o foco na sequência de amistosos pela Ásia. O próximo compromisso será na terça-feira (14), contra o Japão, em Tóquio, às 7h30 (de Brasília), com o desafio de manter o ritmo intenso e o futebol envolvente que reacendeu o entusiasmo do torcedor.
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