Sem conseguir título nas competições que já disputou - Parazão, Copa do Brasil e Série C do Brasileiro, o Paysandu tem na Copa Verde a última chance para não fechar o ano no vermelho. Mas, para não dar a temporada como perdida, o Papão precisa fazer o seu dever de casa, hoje, às 21 horas, no Mangueirão, diante do Cuiabá-MT, na segunda e última partida da final do regional. Para chegar a sua terceira conquista do torneio, que venceu em 2016 e 18, a equipe bicolor conta com bons aliados: o fator campo, sua inflamada torcida e o que, teoricamente, é mais importante, o simples empate.
A vantagem de já entrar em campo como campeão foi assegurada ao Paysandu após a vitória do time - 1 a 0 - no jogo de ida, resultado que surpreendeu a muitos torcedores. Pela campanha regular que faz na Série B do Brasileiro, na qual é hoje o 8º colocado, e por jogar em casa, o Dourado, apelido da equipe mato-grossense, era apontado como favorito. Mas o Papão, que não disputava partida oficial, há pouco mais de um mês - a última havia sido no dia 6 de outubro, contra o Clube do Remo -, acabou desbancando os donos da casa.
Apesar de o vento soprar favorável ao time, o técnico Hélio dos Anjos e seus jogadores são cautelosos, mantendo os pés no chão e evitando a cabeça nas nuvens. Desde o final do jogo de ida que o discurso entre os bicolores é de respeito ao adversário. “Nada está ganho. Tudo está em aberto. Mas valeu a pena ir lá e conquistar os pontos que conquistamos”, ressalta o treinador, que prevê muito mais dificuldade para sua equipe no confronto de hoje. “Acredito que as dificuldades aqui serão maiores”, vaticina Dos Anjos.
Entre os jogadores o pensamento não foge ao exposto pelo comandante do time. “Não ganhamos nada ainda”, alerta Nicolas. “O que conseguimos lá (em Cuiabá) foi apenas um passo rumo ao objetivo maior, que é o título”, diz o atacante, artilheiro do clube na temporada com 12 gols oficiais. O goleiro Giovanni segue a mesma linha de raciocínio do companheiro de ataque. “Demos o primeiro passo. Ainda há muito chão para caminhar. É mais um jogo difícil”, avalia o arqueiro.
A decisão deste ano da CV tem script mais ou menos parecido com a de 2018, que teve o Papão como campeão. Pelo menos até o jogo de ida, quando a equipe bicolor derrotou o Atlético-ES, fora de Belém, só que por 2 a 0, empataram o jogo de volta em casa por 1 a 1. Para que a história fique ainda mais parecida o Papão precisa levantar o troféu, seja com um simples empate ou, melhor ainda, com uma vitória, o que daria um gosto especial à Fiel.
Hora de mostrar poder de fogo
Dos 49 gols marcados pelo Paysandu até aqui em competições oficiais na temporada, 12 deles saíram dos pés e, principalmente, da cabeça de Nicolas, 30 anos. A artilharia do atacante nascido na cidade de Alegria, no Rio Grande do Sul, representa 24.5% do aproveitamento ofensivo do time bicolor em 2019. Com retrospecto tão positivo do jogador, nada mais natural que a Fiel deposite grande esperança na eficiência do “matador” na partida decisiva de hoje, contra o Cuiabá-MT. Mas, além do “Cabeludo”, o Papão conta em seu time com outros jogadores que podem decidir em favor do time.
Entre os jogadores que compõe, digamos, o plano B do poder de fogo bicolor estão o meia-atacante Tomas Bastos e o atacante Vinícius Leite, cada um com 5 gols na temporada. Leite, inclusive, tem se destacado por marcar gols importantes. Outro que pode ser incluído na lista, mas este com menor poder de fogo, é o atacante Hygor Silva. O jogador está há algum tempo sem jogar devido a folga concedida ao elenco e, em seguida, uma contusão que sofreu em sua volta à Curuzu. Hygor soma apenas 3 gols em 8 partidas. O atleta, caso esteja relacionado, deve compor o banco de reservas.
Contrariando a ousadia que costuma mostrar em campo, se entregando ao jogo enquanto estiver em campo, Nicolas evita prometer gol à Fiel. Contudo, ele não abre mão de continuar sendo o mesmo atleta brigador que tem sido desde que chegou à Curuzu, o que representa meio caminho percorrido para o gol. “O meu objetivo é muito claro”, diz. “Quero estar sempre ajudando, independente da maneira que for. Felizmente até aqui tenho conseguido ajudar o grupo, seja com gols ou de outra maneira. Espero que o ano termine de maneira positiva pra nós, com a conquista dessa Copa Verde”, diz.
EQUILÍBRIO
A ordem no Bicola é jogar com inteligência
Usar a cabeça. Essa é a principal mensagem do técnico Hélio dos Anjos para os seus jogadores com vistas à partida de hoje, quando o Paysandu poderá acabar com o jejum de títulos no ano e salvar 2019 diante do Cuiabá-MT. “Temos de ser uma equipe inteligente, sem fugir das nossas características, batendo em cima daquilo que tem sido normal do nosso time”, recomendou, ontem, o treinador. O fato do Papão ter a seu favor o empate foi comentado pelo comandante bicolor. “Essa vantagem só deve ser usada nos minutos finais (da decisão)”, alertou Dos Anjos. Sobre o Cuiabá, o técnico afirmou não acreditar que o adversário vá mudar de postura em relação a maneira como tem se comportado em seus jogos na Série B do Brasileiro e, também, na Copa Verde. “Em todos os jogos decisivos do Cuiabá, ele teve a mesma postura que teve contra a gente lá”, declarou. “O adversário sempre iniciou fulminante, tanto dentro como fora de casa. O jogo em que o adversário menos teve ímpeto agressivo, em jogo decisivo, foi contra o Brasil de Pelotas”, observou. O treinador, que, mais uma vez, não revelou a formação que pretende mandar a campo, observou, na coletiva, a dureza da decisão para ambos os lados. “Será um jogo dificílimo”, previu Dos Anjos, voltando a conclamar o torcedor bicolor para incentivar sua equipe. “Contamos com uma coisa muito importante, que é o nosso torcedor. A resposta que nos demos, com esse campo cheio e a nossa torcida presente, sempre foi positiva. Espero que assim se repita”, encerrou.
QUE BOM!
Destaque cuiabano segue de fora
Mais uma vez o Cuiabá não contará com sua principal estrela na final de 180 minutos da Copa Verde. O habilidoso meia Jean Patrick, que não esteve em campo no jogo de ida, contra o Papão, segue vetado pelo Departamento Médico do clube mato-grossense. Ele se recupera de lesão no posterior da coxa direita e só voltará a jogar em 2020. Patrick é apontado como a “cabeça pensante” do Dourado, sendo o responsável pelo toque de criatividade no meio de campo da equipe. O apoiador, porém, não é o único desfalque do adversário bicolor para a partida.
O técnico Marcelo Chamusca também não dispõe do lateral-direito Léo, este expulso na reta final da partida de ida na Arena Pantanal. As opções do treinador para o setor são Jonas, com maiores possibilidades de entrar no time, e Tory, que corre por fora. Além dos desfalques por lesão e suspensão, Chamusca também não conta com o zagueiro Hélder Maciel, o meia-atacante Lucas Braga e o meia Renan Bressan. Os três não estão inscritos na Copa Verde.
O zagueiro Anderson Conceição conta que a estratégia do time será a mesma adotada contra o Goiás-GO, que venceu o jogo de ida, em Goiânia, e foi eliminado na partida de volta, em Cuiabá, quando tinha a vantagem do empate. “Precisamos ter o mesmo respeito que tivemos contra o Goiás, mas vamos jogar de igual para igual, mesmo jogando na casa do adversário, que além do empate tem essa outra vantagem”, comentou o defensor.