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Baenão vira objeto de estudo para torcedor remista

A reforma e modernização do estádio azulino é um tema que volta e meia vem à tona, seja com projetos oficiais do clube ou até mesmo incursões de torcedores - sem compromisso ou na forma de TCC

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Imagem ilustrativa da notícia Baenão vira objeto de estudo para torcedor remista camera Maquetes e iniciativas não faltam para transformar o patrimônio azulino. | Luiz Paulo/Divulgação

Em 2013, quando foi derrubado o lance de cadeiras e arquibancadas do estádio do Baenão, pelo lado da Travessa das Mercês, a torcida vivia anos de expectativa por uma ampla e radical reforma do Evandro Almeida. Passados sete anos, o já centenário estádio ainda vive de jogos esporádicos, com capacidade reduzida, em nada lembrando o alçapão que o Clube do Remo tinha a seu favor. A maior parte das arquibancadas ainda está lá, mas a forma desastrosa como a quase reforma foi feita deixa o clube na vexante situação de só poder mandar seus jogos enquanto houver luz do sol, já que até a iluminação foi tirada. Como se trata de um clube de massa, o que não faltam são projetos de torcedores, desde com a clara intenção de ajudar a até trabalhos acadêmicos.

Foi assim que esse ano Maycon Sousa apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na faculdade Estácio de Sá, no curso de Arquitetura e Urbanismo, um projeto de reforma e adaptação para a criação de um novo Baenão. As imagens do trabalho foram postadas por Maycon em suas redes sociais, o que gerou elogios e comentários sobre o que poderia ser o futuro do estádio.

Contudo, apesar de o projeto passar por algumas correções para ser mostrado ao clube, não há um compromisso com ele. Segundo a diretora de patrimônio do Leão Azul, Aline Porto, o clube recebe com certa constância projetos independentes para o estádio, para as sedes social e náutica, ginásio e outras instalações azulinas. Mas não há garantia de que sejam usados. “A gente recebe, até ajuda quando alguém precisa fazer visitas ou precisa de plantas dos prédios e tudo é analisado. O torcedor é nosso patrimônio e toda ajuda é bem-vinda, mas não podemos garantir que os projetos que chegam serão utilizados”, conta.

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Aline mesmo é um exemplo. Arquiteta de formação e remista de berço – ela é filha do ex-presidente Roberto Porto -, ao se formar ela também criou um projeto para o clube com um projeto para o centro de treinamento no terreno onde deveria funcionar a sede campestre, em Benfica, distrito de Benevides. Mas, em 2007, os tempos eram ainda mais difíceis e a sede foi vendida para o pagamento de dívidas trabalhistas.

Além dos projetos que chegam, há os que recebem a chancela oficial. Desde a gestão anterior a do presidente Fábio Bentes, quando Aline passou a ser diretora, o Remo recebeu uma proposta de um escritório de Arquitetura que vem desenvolvendo um projeto para o clube. Por mais que não haja prazos oficiais, ele é feito com olhares dos dirigentes. O projeto visa justamente o lance derrubado anos atrás, com a construção de mais uma arquibancada. O restante do estádio ficaria para o futuro.

“Esse projeto ele vai passar para as próximas diretorias, isso se tiverem interesse. Ele foi dividido em três etapas. A primeira, que é a reforma do sistema de iluminação do Baenão, deve ser concluído até o fim do mandato do Fábio (Bentes). Se tudo der certo, até o fim do ano. A segunda etapa é ter um centro de treinamentos, algo importantíssimo para o futebol profissional. A terceira etapa é justamente a expansão do Baenão, com reforma e aumento da capacidade do estádio”, conta Aline.

Do campo das ideias à prática: um longo caminho

Maycon apresentou seu projeto do estádio e ganhou elogios nas redes sociais.
📷 Maycon apresentou seu projeto do estádio e ganhou elogios nas redes sociais. |Divulgação

Quando se preparava para iniciar o TCC, Maycon Sousa foi praticamente dissuadido pelo professor orientador sobre o objeto de seu trabalho: uma arena multiuso voltada para eventos culturais. O trabalho mudou para um projeto para o clube do coração. “Ele ficou pronto, tirei quase a nota máxima, mas é um trabalho acadêmico. Para ser utilizado na prática teria que ser adaptado e ampliado”, diz Maycon.

Para a realização do projeto, ele contou com a ajuda do clube. Maycon teve acesso às plantas do Evandro do Evandro Almeida e algumas visitas ao local. Mesmo não sendo um torcedor tão assíduo em dia de jogos, ele conta que as idas ao Baenão sempre atiçaram o olhar de um futuro profissional da Arquitetura, o que também o motivou.

“São necessárias mudanças, isso é óbvio. A situação do clube não é fácil e é preciso que sejam feitas modernizações. É provável que eu apresente o projeto ao clube, mas ele precisa de algumas adaptações”, diz.

Um dos pontos que chamou a atenção de Maycon foi quanto à acessibilidade para idosos e deficientes. “As entradas para essas pessoas ficariam pelo lado da (travessa) Antônio Baena, com mais de um portão para eles”. Dois estádios serviram de base para Maycon. Pela modernidade, o Mané Garrincha, em Brasília (DF), foi uma inspiração direta. Já o Craven Cottage, estádio do londrino Fulham, foi também modelo por ser um estádio antigo, fundado em 1896, e que ao longo dos anos foi passando por uma série de adaptações e reformas para se adequar às normas da Premier League.

Uma mudança significativa no projeto de Maycon seria a da mudança para o lado da Travessas das Mercês da arquibancada lateral mais importante. Nesse novo lance de cadeiras ficariam, inclusive, as novas cabines de imprensa e camarotes para, segundo o projeto, aproveitar melhor a luz natural e ter mais proteção natural da chuva.

A cobertura da arquibancada seria feito de policarbonato, um plástico transparente que é dado como mais moderno pela economia de energia por aproveitar mais a luz do sol; maior conforto térmico; manutenção mais barata, entre outras vantagens. Além disso, ressalta Maycon, seria a óbvia proteção contra o índice pluviométrico da capital paraense. “É importante que estádios em Belém tenham cobertura por causa das chuvas. Isso é mais conforto ao torcedor”.

Maycon sabe que, a despeito da boa recepção do projeto nas redes sociais, ele tem chances reduzidas de um dia sair do papel. Mas, além do reconhecimento acadêmico, a possibilidade de apresentar à gestão pode ser já suficiente. Quanto a dar publicidade, ele mesmo reconhece que ficou reticente no início. “Como é ano de eleição eu pensei em nem mostrar o projeto. Felizmente, a repercussão foi muito boa”.

“São necessárias mudanças, isso é óbvio. A situação do clube não é fácil e é preciso que sejam feitas modernizações.” Maycon Sousa, arquiteto

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