Pelo segundo ano consecutivo, um técnico português é campeão da Copa Libertadores. Novamente, comandando um time brasileiro. Na teoria e na prática, essa combinação "Metrópoles-Colônia" tem dado muito certo no futebol.

O português Abel Ferreira chegou para comandar o Palmeiras três meses antes do fim da competição, e no sábado (30), levantou a taça de campeão. Vencedor, ele agradeceu ao trabalho deixado por Luxemburgo.

“Sinceramente, a palavra é obrigado. Em primeiro lugar, a todos os jogadores que treinei. Aos jogadores do Palmeiras, em especial, de forma carinhosa. Quero agradecer também a quem começou o trabalho, que foi o mister Luxemburgo. Ele também tem seu papel, um trabalho feito por ele, não é apenas meu”, falou no fim do confronto com o Santos, que terminou 1 a 0.

Quem já teve oportunidade em trabalhar com o português define ele como literalmente um professor. O paraense Raul Silva, que está há 8 anos em Portugal revelou que aprendeu a jogar futebol com Abel Ferreira.

Abel Ferreira com a equipe do Braga, entre os jogadores, o paraense Raul.
📷 Abel Ferreira com a equipe do Braga, entre os jogadores, o paraense Raul. |Divulgação/Facebook Braga

“Eu tenho 10 /11 anos de carreira e com o Abel eu vivi a minha melhor fase. Simplesmente aprendi a jogar futebol. Tive problemas no início de adaptação com tática, disciplina, até adaptar o futebol. Demorou um até entender como funciona”, analisou o ex-zagueiro de Remo e Paysandu.

“Ele é um professor na essência, ele ensina a jogar futebol, ele muda completamente a vida do atleta”, acrescentou.

Raul chegou em Portugal em 2014, depois de se destacar no Marítimo foi transferido em 2017 para o Braga. Abel já estava na sua terceira temporada no time.

Na visão de Raul quando Abel tem a oportunidade de trabalhar efetivamente na formação dos atletas ele desenvolve um trabalho bem mais vitorioso. Para isso, é claro, se os atletas devem estar  dispostos a evoluir e, assim, colaborar para o sucesso da equipe.

“Dentro dos técnicos que peguei no Brasil em relação ao Abel a diferença é muito grande, em termo de relação com jogadores, treino, tática, cobrança, tudo”, enfatizou.

“O futebol europeu é bem mais estudado, bem mais tático, é uma outra realidade. Se bem que tenho acompanhado alguns jogos da Série B, vejo alguns times parecidos com os daqui mas os treinadores que atuam em Portugal estão em um nível muito maior”, analisou.

Abel com a taça de campeão da Copa Libertadores
📷 Abel com a taça de campeão da Copa Libertadores |Divulgação/Facebook Palmeiras

NOVA GERAÇÃO DE CAMPEÕES

Da nova geração de treinadores português, Abel Ferreira, 42 anos, é o que mais se destaca. Priorizando atletas mais novos e com origem de times menores, o treinador tem como característica o futebol ofensivo.

“Ele tem um adjunto chamado Martim e a parte defensiva é só com ele. O Martim tem trabalhos específicos realizados duas ou três vezes na semana em campo. Fora as reuniões, palestras e vídeos. Os jogadores também dão opinião. O trabalho é deixar alinhada a linha defensiva”, explica Raul.

No Braga ele fez a melhor campanha da história do clube. Pelo Campeonato Português, o time chegou na quarta posição com 75 pontos conquistados, com recorde de vitorias, 24. Raul também colheu bons frutos dessa campanha, em quase 70 jogos feitos com Abel, ele fez 10 gols, até se machucar.

Foi justamente neste período que ele se tornou referência na equipe portuguesa, tanto pela segurança na zaga como pela sua capacidade em fazer gols. Foi aí também que Abel ganhou maior destaque, até se transferir para o PAOK, da Grécia, último clube antes de vir para o Palmeiras e já deixar seu nome marcado na história do clube brasileiro.

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