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Profissionalização dos árbitros: a realidade paraense

Nossa reportagem conversou com o Presidente da Comissão de Arbitragem, Lúcio Ipojucan, e com o auxiliar de arbitragem Rafael Bastos para esclarecer alguns pontos.

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Imagem ilustrativa da notícia Profissionalização dos árbitros: a realidade paraense camera Arbitragem vem chamando a atenção no Parazão. | (Fotos: John Wesley/Paysandu)

O seu time já foi prejudicado por algum erro de arbitragem em campeonatos estaduais, nacionais ou internacionais? Tenho certeza que sim! Mas ele já foi beneficiado também, né?! Qual a maior lembrança que vem na sua mente quando o assunto sobre os erros cometidos pelas autoridades máximas em campo vem à tona?

O Campeonato Paraense 2021 está chegando ao seu fim, Paysandu e Tuna decidem a competição no próximo domingo, dia 23, no Estádio da Curuzu, às 17h. Na primeira partida, 4 a 2 para a Águia Guerreira, que é quem vem chamando a atenção no Parazão após voltar à elite. Entretanto, a arbitragem também vem aparecendo de forma significativa na competição.

Recentemente, o assunto mais famoso que envolveu o futebol paraense com erro definitivo dos árbitros ficou por conta da partida entre Náutico e Paysandu, em 2019, em jogo válido pelas quartas de finais da competição e que valia vaga na Série B 2020. O Papão vencia até os 49 do segundo tempo, quando Leandro Vuaden, contrariando a regra, marcou pênalti inexistente para os pernambucanos.

A decisão foi para os pênaltis e os bicolores acabaram eliminados. O prejuízo financeiro foi grande e irreversível para o Papão, que hoje ainda se encontra na Série C do Campeonato Brasileiro.

No Pará, em especial nesta temporada, a arbitragem no Campeonato Paraense foi bastante criticada, principalmente nas fases finais. As quartas de final do Parazão foram marcadas por polêmicas na partida entre Remo e Águia. No primeiro gol azulino, Dioguinho recebe bola no campo adversário antes da batida inicial no centro do gramado. No segundo, Marlon empurra o defensor do Azulão antes do cruzamento que levou o placar para 2 a 0. Depois, pênalti para o Remo não marcado e resultado final: 3 a 1 Leão.

Por conta das polêmicas em relação à marcação de Joelson Nazareno, o Águia solicitou um trio FIFA para a volta e a Federação Paraense de Futebol (FPF) atendeu ao pedido. Não adiantou e nova polêmica em gol de Edson Cariús, que estava pouco à frente da zaga do Águia. Remo 1 a 0 e vaga nas semifinais.

Na penúltima fase, polêmica novamente em jogos do Leão Azul. Na primeira partida, pênalti para a Tuna. Porém, a marcação era de falta, mas Joelson Silva dos Santos (CBF/PA) assinalou dentro da área. Final: Tuna 1 a 1 Remo. Na partida de volta, impedimentos que jogadores da Gloriosa que ficariam em boas condições de gol contra o goleiro remista Vinícius foram marcados incorretamente. Fora o lance bizzaro onde o árbitro Djonaltan Costa de Araújo (CD/PA) atrapalhou a marcação que Léo Rosa fazia e na sequência saiu o gol azulino.

Na final, agora entre Tuna e Paysandu, nova polêmica. O segundo gol cruzmaltino, pelas imagens da partida, mostram Alexandre Pinho um pouco à frente do zagueiro bicolor Yan. Nada assinalado pela arbitragem. Resultado final: Tuna 4 a 2 Paysandu.

Nossa reportagem entrevistou o Presidente da Comissão de Arbitragem do Pará, Lúcio Ipojucan e o auxiliar de arbitragem Rafael Bastos para falar sobre este assunto. Confiram alguns dos tópicos respondidos:

ESTRUTURA OFERECIDA AOS ÁRBITROS:

IPOJUCAN: “Temos a sede da federação (FPF), que sempre que precisamos fazer reunião que conta com um auditório, uma sala de estudos, salada de comissão de arbitragem, com todos os equipamentos, como televisão, datashow, para que possamos conversar após os jogos. Claro que com a pandemia as reuniões estão ocorrendo de maneira virtual. Para os treinos físicos, temos o CEJU com quatro campos, onde são realizados treinos técnicos e práticos. Tanto a parte física, quanto a teórica, são dadas as condições necessárias de trabalho aos árbitros”.

“Periodicamente são feitos trabalhos físicos e teóricos antes das competições, tanto da Primeira, como da Segunda Divisão do Campeonato Paraense. Na pré-temporada, convidamos tutores da CBF que comparecem dando todo o apoio para a gente. Eles unificam os conceitos de trabalho da arbitragem no Brasil, ou seja, tudo que falam em São Paulo, Rio de Janeiro, também é dito aqui, capacitando ainda mais nossos árbitros”.

Árbitros e assistentes usam o CEJU para treinamentos. (Divulgação/Arquivo Pessoal)

RAFAEL: “Hoje nossa arbitragem é muito profissional, assim como nossa estrutura, que engloba todos os árbitros do Parazão. Ficou à nossa disposição a psicóloga Ariadi, palestras com nutricionista, uma equipe de preparação física comanda pelo professor Abelardo e a professora Gleica. A arbitragem envolve muita dedicação da nossa parte. Na pré-temporada tivemos aulas com um instrutor nacional. A Federação Paraense de Futebol e nossa comissão de arbitragem nos deu todo o apoio. Nossa estrutura é de dar inveja em muitos locais por ai. Nossos treinamentos são realizados no CEJU. Temos todo suporte. Se falando em estrutura, nos oferecem uma muito boa para trabalhar”.

AVALIAÇÃO DA ARBITRAGEM EM 2021

IPOJUCAN: “Temos sempre que estar fazendo um bom trabalho para que possamos ser bem falados. Claro que erramos, mas buscamos sempre minimizar os erros. Mas isso é normal do futebol. Trabalhamos para que não ocorram, mas humanamente é impossível não errar. Tivemos erros neste Paraense, mas avalio a arbitragem no geral como positiva. De todos os jogos, somente um teve arbitragem de fora, que foi no Remo e Águia. A final será com arbitragem local. Foi um ano positivo, mas claro que temos que melhorar. Vamos olhar os erros de 2021 para que não se repitam em 2022”.

“Não vejo que é um trabalho fácil arbitrar um jogo no Pará, mas temos grandes nomes, novas revelações, temos uma árbitra assistente FIFA, que é a Bárbara e temos vários outros da CBF que trabalham no resto do Brasil. Acreditamos que temos uma boa e capacitada arbitragem no Pará”.

VAR NO PARAZÃO:

Árbitro Assistente de Vídeo, ou simplesmente VAR (em inglês, “video assistant referee), chegou ao futebol no ano de 2016, em uma partida amistosa na Holanda entre PSV e FC Eindhoven. Em jogos oficiais, a estreia também aconteceu no país. Foi em setembro de 2016 durante a Copa da Holanda na partida entre Ajax e Willem II.

No Brasil, a novidade chegou em 2018, na Copa do Brasil daquela temporada. Três anos após isso, a realidade da tecnologia no Campeonato Paraense de Futebol ainda é apenas um sonho, sem previsão para virar realidade.

IPOJUCAN: “Ainda vejo o VAR distante do nosso campeonato por conta dos custos. Só equipamentos e material humano gira em torno de R$ 40 a R$ 50 mil, fora a arbitragem que vai precisar ser capacitada. Se não tivermos um patrocínio para bancar a vinda do VAR, fica inviável, por enquanto”.

“Eu irei me reunir na FIFA para falar de um novo tipo de VAR. Com uma quantidade menor de câmeras e custos. Será lançada uma proposta e vamos ver. O nome será VAR Light. Quando eu souber dos valores exatos, repasso para a reportagem de vocês. Só sei que será menor que o exigido hoje. É o futuro de todos os campeonatos. Não tem como retroceder. É a tendência mundial. A tecnologia veio para ajudar. Vários lances do Campeonato Paraense poderiam ser confirmados ou não se já tivéssemos”.

LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

No Brasil, o juiz de futebol é uma profissão legalizada, mas não possui a conexão empregatícia como nas demais profissões. Ou seja, o árbitro de futebol é um profissional que não está ligado a nenhuma entidade ou empresa. Ele embolsa por jogo dirigido e só. Não conta com as seguranças trabalhistas que os demais colaboradores do país tem por direito assegurado pela constituição.

Isso nos leva ao segundo emprego. Ou seja, os árbitros precisam se dedicar a outras tarefas no dia a dia, usando a profissão de juiz de futebol apenas como um complemento da renda, deixando a profissionalização com a arbitragem para um segundo plano, muitas vezes.

RAFAEL: “Falando por mim, eu sou enfermeiro e professor do Estado. Atuo nas duas funções. A arbitragem para mim é uma renda extra. Não vivo dela, mas ajuda bastante, dependendo da quantidade de jogos que se faz. Eu acho difícil se manter com ela, pois a arbitragem no Brasil não é profissionalizada. É reconhecida, no entanto não é regulamentada. Isso impede que se possa viver exclusivamente para a arbitragem”.

Neste ano, os clubes do Parazão 2021 solicitaram a redução da cota de arbitragem em 50% do valor, que foi acatada pela Federação Paraense de Futebol.

RAFAEL: “Mesmo com a redução, em nenhum momento deixamos de entrar empenhados em campo. Em momento algum deixamos de nos dedicar, de treinar, de estudar, nos qualificar. Sempre digo que o árbitro deixa seu melhor em campo. Muitas vezes vão acontecer erros, porém, tenho certeza que os acertos são maiores que os erros. A classe não se abateu, nos motivaram ainda mais. Conseguimos fazer um bom campeonato, com grandes jogos”.

“Espero que os clubes também possam entender que as cotas devem ser restabelecidas, pois o nosso trabalho é realizado com muita determinação, dedicação, e só quem é árbitro sabe das dificuldades. É difícil trabalhar no Campeonato Paraense. Semifinais, finais, os clássicos. Também precisamos que os clubes nos olhem com carinho. A cota é um merecimento para nós. Que ano que vem melhore para todos”.

Rafael Bastos em treinamento. (Divulgação/Arquivo Pessoal)

IPOJUCAN: “Infelizmente o mundo foi afetado financeiramente por essa pandemia. Os clubes foram atingidos e, em reunião entre a federação, árbitros, sindicato dos árbitros, em comum acordo, decidiram que acatariam a diminuição dos valores pagos à arbitragem, entendo o momento que estamos vivendo. Já para o campeonato de 2022, novas alternativas, como patrocínios, serão buscados para que não precisemos reduzir as cotas. Esperamos que ano que vem tudo esteja normalizado para valorizarmos esse trabalho, pois trabalham muito, treinam, estudam e são exigidos. Eles merecem ser recompensados de uma forma melhor”.

“Não vejo corpo mole por conta da diminuição das cotas. Tanto é que dos 54 jogos que vamos ter, apenas um teve arbitragem de fora. Ou seja, eles se empenharam. Se erraram, não foi porque quiseram, não foi de propósito e nem por safadeza. Foi erro humano mesmo. Coisas que acontecem em todo o mundo do futebol, não só no Pará”.

O próximo desafio da arbitragem paraense acontecerá no Estádio da Curuzu, na partida final entre Paysandu e Tuna, que acontece no domingo, dia 23. Até a publicação desta matéria, ainda não foi definido o trio que comandará a partida.

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