Há três temporadas na Série C do Brasileiro, a torcida do Paysandu não vê a hora de voltar a comemorar o acesso do clube à Segunda Divisão Nacional, como em 2012 e 2014. O problema é que, diferente dos outros anos, o Papão demonstra muitos problemas táticos e técnicos, além de em diversos jogos parecer não saber o que fazer, mesmo após uma longa semana de treinamentos.
Desta vez, a diretoria bicolor não conseguiu acertar em seu planejamento. Trouxe diversos jogadores e muitos não renderam o esperado. Alguns foram embora ao término do Campeonato Paraense e início da Série C, assim como executivo de futebol Ítalo Rodrigues, que saiu para fechar contrato com o CSA. Hoje, o maior "fruto" deste erro no planejamento é não contar com um meia de criação que chame a responsabilidade. Muitos disseram "não" ao clube alviceleste.
“O elenco ainda não está pronto para o acesso. Está aquém do que a diretoria determinou para a comissão técnica. Estamos conversando constantemente, fazendo alguns ajustes e ainda vamos trazer reforços. Estamos atrás de um meia. As apostas, os que trouxemos para a posição, não renderam como queríamos e estamos atrás de outro. Vamos contratar talvez até dois para essa posição. Estamos tentando negociar e fechar agora", disse Maurício Ettinger, presidente do Papão, em entrevista exclusiva ao DOL.
Os erros no planejamento refletem dentro de campo. O Lobo não consegue encaixar o seu jogo e manter uma regularidade, desde o Parazão, quando era comandado por Itamar Schülle. De lá para cá, Vinícius Eutrópio assumiu a equipe, mas não durou muito e passou o bastão para Roberto Fonseca, que até mostra maior convicção nas suas ações, mas nada que tenha alterado tanto a cara da equipe.
Não é de hoje que o Paysandu tem problemas em ditar o ritmo do jogo. Basta olhar o desempenho da equipe como mandante – venceu duas de sete partidas, ficando com um aproveitamento de 42,85% na conquista dos pontos disputados. A equipe bicolor joga melhor quando espera o adversário e foi assim a maioria das vitórias na competição, principalmente longe de Belém, onde se tornou o melhor visitante geral, com o aproveitamento de 57,1%.
O Esquadrão de Aço utiliza uma formação no 4-3-3. Em equipes que possuem peças de alta qualidade, é um jogo bonito de se ver. Não é o caso do time paraense, que sofre sem vida criativa no meio de campo. A função de armar as jogadas fica com os volantes, que mostram lentidão nas saídas de bola e em se aproximarem dos atacantes, que ficam isolados. Os pontas também possuem tal papel, mas é aqui que entra outro problema.
Os alas pouco se movimentam, geralmente permanecem fixos para fazerem a recomposição defensiva. Eles esperam uma oportunidade para o mano a mano, mas é difícil aparecer. Isso gera mais adversidades. O centroavante, hoje Rafael Grampola, fica com uma marcação presa nele, já que busca ficar infiltrado na área, sem sair tanto. Outro é que os laterais acabam ficando sem tanto espaço para chegar ao ataque como elementos surpresas. Isso facilita a marcação adversária quando o Paysandu precisa dar as cartas.
“Temos buscado um padrão. Estamos atrás do que o professor vem passando para nós. Precisamos melhorar. Estamos criando poucas oportunidades e temos que melhorar no ataque. Tento ajudar da melhor maneira possível. As vezes não apareço no jogo, pois estou tentando segurar a zaga para que apareçam mais espaços, principalmente para os meias e pontas”, disse o atacante Rafael Grampola.
A zaga também não é a das mais seguras. Perema e Denilson mostram dificuldades em bolas aéreas e a lentidão os atrapalha nas horas que precisam apertar a marcação. Quando não ficam para trás, fazem falta. Entretanto, muitas vezes são prejudicados pelos buracos deixados pelos laterais ou volantes, afetando o resto do sistema defensivo do Papão.
Restam quatro semanas para o final da primeira fase e duas para o término das inscrições de reforços. O Paysandu precisa urgentemente de um meia de criação que dê conta do recado, porém, mais que isso, o técnico Roberto Fonseca precisa fazer sua equipe ganhar intensidade e dinamismo para manter o sonho do torcedor de sair do "inferno da Série C" – como chamam – vivo.
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