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Clube do Remo comemora 118 anos de Glórias e Triunfos

Das regatas ao futebol: Mais Querido surgiu para fazer história e arrastar multidões. Atual campeão estadual, o Leão Azul inicia hoje sua trajetória para o bicampeonato e ao mesmo tempo festeja mais um ano de existência

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Imagem ilustrativa da notícia Clube do Remo comemora 118 anos de Glórias e Triunfos camera Em 2022, o Clube do Remo foi campeão paraense dentro da Curuzu | Irene Almeida - Diário do Pará

O dia 5 de fevereiro entra para a história do futebol no Pará por ser a data que abre oficialmente a temporada de 2023, com o início do Campeonato Estadual (após três semanas de paralisação, por conta do imbróglio formado com o "caso Paragominas/Bragantino, e que resultou na intervenção do STJD, no TJD-PA). Porém, outro fato de tamanha grandeza, também é comemorado neste dia, pelo Leão Azul.

No início do século XX, o remo era o principal esporte praticado no Brasil. No Pará, muitas pessoas se reuniam às margens da baía do Guajará para acompanhar as disputas de regatas. Em um belo dia do ano de 1905, Victor e Raul Engelhard, Eugênio Soares, Narciso Borges, José Henrique Danin, Vasco Abreu e Jean Marechal se desentenderam com companheiros do Sport Club do Pará e se desligaram do clube.

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Os sete amigos resolveram criar uma nova entidade. Com mais pessoas que possuíam o mesmo interesse, fundaram, no dia 05 de fevereiro de 1905, o Grupo Remo, nome adotado a partir de uma sugestão de Raul Engelhard, que estudou na Europa e inspirou-se em um clube inglês, chamado Rowing Club.

No dia 9 de junho foi consolidado a existência legal do clube, após o Estatuto Social ser divulgado no Diário Oficial do Estado, ano XV, nº 4.049. O 15º descrevia a bandeira azulina como um “retângulo azul-marinho, tendo ao centro uma âncora branca, em sentido oblíquo, circulada por 13 estrelas da mesma cor”. Bem legal, né?!

O Grupo Remo, no dia 1º de outubro do mesmo ano, inaugurou sua sede náutica, que funcionava em um prédio alugado da Intendência Municipal, localizado na Rua Siqueira Mendes, onde existe até os dias de hoje. Na ocasião, o Remo também promoveu a inauguração e o lançamento ao mar de sua primeira embarcação, uma baleeira chamada “Tibiriçá”.

Extinção e Reorganização

Uma crise, no ano de 1908, chegou ao clube causando o encerramento do contrato de aluguel da sede e na extinção após a realização de uma Assembleia Geral realizada no dia 14 de fevereiro. Alguns integrantes não concordaram com a determinação e pegaram os barcos para si. Todos foram guardados em um galpão no de inflamáveis de Miramar com a promessa de retornarem assim que reestruturassem novamente o Grupo do Remo.

O contrato de aluguel da antiga sede com um estabelecimento comercial foi encerrado em julho de 1910. Foi então que no dia 15 de julho de 1911 todo o material que estava na Miramar foi levado para a sede. Esse ato decretou a famosa reorganização do Grupo do Remo e os responsáveis entraram para a história como o Cordão dos Onze Rowers Remistas (Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo Mota (Rubilar), Jaime Lima, Candido Jucá, Harley e Nertan Collet, Severino Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães).

No mesmo ano, em 29 de dezembro, Oscar Saltão propôs a mudança de nome para Clube do Remo. Entretanto, a proposta só foi aprovada pela Assembleia Geral em 1914, sendo anunciada pelo presidente da época, Nilo Penna, no dia 7 de agosto. A mudança representou um marco na vida do clube, que já passava a contar com outros esportes, como o futebol, implantado em 1913.

Excursão à Venezuela

O Clube do Remo se intitula campeão mundial devido a conquista do Torneio Internacional de Caracas, após uma excursão à Venezuela em janeiro de 1950 a convite da federação de futebol local. Algumas publicações dizem que o campeonato deu origem à Pequena Taça do Mundo, disputada entre as décadas de 1950 e 1960.

Na competição, o Leão Azul obteve quatro vitórias e apenas uma derrota, sagrando-se campeão. La Salle Fútbol Club, Unión Sport Club, Escola Militar e Deportivo Italia foram as equipes derrotadas pelos azulinos. Loyola Sport Club foi o único que bateu a equipe remista. Apesar da importância para a história do clube, a CONMEBOL não considera oficial. Assim, o clube busca o reconhecimento.

Estádio Evandro Almeida

Carinhosamente conhecido como Baenão, por estar localizado na travessa Antônio Baena, foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1917, na data do festejo de seis anos de reorganização do clube. O nome Evandro Almeida foi dado em homenagem atleta e dirigente, Evandro de Melo Almeida, que faleceu no ano de 1965.

Clube de Periçá

Carlos Ferreira Lopes marcou época defendendo as cores do clube do Remo. Podemos dizer que ele era completo, já que disputava competições como jogador de futebol, remador, nadador, além de participar de provas de resistência. Ele nasceu em 18 de outubro de 1898.

Na data de 16 de maior de 1921, o atleta demorou para retornar à superfície após mergulhar na Baía do Guajará. Os irmãos e outros companheiros mergulharam e o encontraram preso no fundo. Ele ainda foi socorrido com vida, mas faleceu uma semana depois, aos 23 anos. Por seu espírito inabalável ao competir, tornou-se memorável no clube e virou apelido.

Hino

Antônio Tavernard foi o poeta foi quem criou o hino do Clube do Remo, após uma adaptação da marcha carnavalesca criada por Emílio Albim para o bloco Cadetes Azulinos, no ano de 1933. Atletas, associados, dirigentes e torcedores participavam do bloco pelas ruas de Belém, fazendo a concentração final na Praça da República. Ao todo, 30 palavras da marcha foram trocadas para a criação do hino, que foi publicado pela primeira vez no jornal O Estado do Pará, em 4 de fevereiro de 1941.

Filho da Glória e do Triunfo

Essa expressão foi criada pelo poeta Antônio Tavernard, o mesmo que fez a composição do hino oficial, que escreveu um artigo no jornal Folha do Norte, em 15 de agosto de 1931, se reportando a história e glórias do Clube do Remo.

O artigo:

“Há vinte e seis anos êle nasceu na conjugação magnífica, quase olímpica do ideal com a mocidade. Encimou-lhe o berço o signo deslumbrante dos grandes predestinados. Ainda criança foi forte. Hércules menino, teve que sufocar as serpentes da Inveja e da Perfídia. Cresceu. Agigantou-se. O Destino deu-lhe compleição de aço e espírito de diamante. Mostrou-lhe muito ao longe, no píncaro da vertiginosa montanha, resplandecente e maravilhosa como o velocino de ouro ou o vaso do Graal, a sua finalidade. E êle avançou subindo, galgando vitórias, escalando apoteoses. Êle – o Perfeito! Êle – o Inimitável! Êle – o Clube do Remo!

E, finalizando, uníssonos, todos os azuis, mas todos – da pátria fundadora do velho Andrade à puerícia do caçulo do Luzio; da benemerência incansável do Frazão à minha contristada desvalia – repitamos a saudação sagrada: – Ave, Clube do Remo, filho da glória e do Triunfo!

- Antônio Tavernard.

O Mais Querido

O jornal A Vanguarda, em 1947, promoveu um concurso para que fosse escolhido o clube mais querido da capital paraense. Os leitores preenchiam cupons e colocavam em urnas. Depois de meses de votação, os votos foram contabilizados no dia 4 de dezembro.

1° Clube do Remo - 43.038 votos

2° Paysandu - 39.639 votos3°

Recreativa Bancrévea - 26.429 votos

4° Sete de Setembro - 5.796 votos

5° União Esportiva - 4.949 votos

6° Tuna Luso - 3.476 votos

Como premiação, o Clube do Remo recebeu o bronze "A província do Pará" pela vitória que o consagrou como o mais querido clube de Belém.

Leão Azul

Como todos já sabem, o mascote oficial do Clube do Remo é o leão. A origem surgiu em um jogo contra o São Cristóvão-RJ. Na ocasião, vitória azulina por 1 a 0, no dia 30 de janeiro de 1943. Por conta do adversário ainda não ter perdido em uma excursão no norte e nordeste, o triunfo azulino foi mais valorizado. O jornalista Edgar Proença, no qual leva o nome para o Estádio Mangueirão, escreveu o seguinte título no jornal O Estado do Pará:

“Como um verdadeiro Leão Azul de garras aduncas, o Clube do Remo foi a própria alma da cidade”

- Edgar Proença.

Quando pensamos em um leão, logo associamos a imagem ao significado de força, garra, poder e bravura. Por conta disso, foi feita a comparação com a postura dos atletas em campo. Nos dias atuais, o Estádio Baenão conta com uma estátua de um leão de pedra, simbolizando bem os episódios de superação e coragem marcados na história do clube.

Títulos Regionais

O final do anos 60 e início dos anos 70, o Clube do Remo viveu um período de extrema soberania no futebol do Norte. Nos anos de 1968, 1969 e 1971, a equipe azulina conquistou o Tricampeonato da Taça Norte. E no dia 05/12/1971, mesmo com vários desfalques, o Leão Azul segurou um empate sem gols contra a Associação Olímpica de Itabaiana-SE e conseguiu certa vantagem para o jogo de volta, no Baenão, a qual o Leão venceu por 4 x 2 e conquistou o título interestadual.

Excursão na Europa

Enquanto todos se preparavam para a Copa do Mundo de 1994, o Clube do Remo foi disputaar o prestigiado torneio de Toulon, na França. Este foi o único momento de um clube nortista no "Velho Continente". A estreia azulina foi no dia 24 de maio, contra a Seleção de Bucareste, capital da Romênia. Alex Dias abriu o marcador, mas no final o time paraense sofreu o empate. Nos pênaltis, os azulinos venceram por 4 x 3.

Mesmo sendo o único representante não-europeu no torneio, o Filho da Glória e do Triunfo chegou à final contra os donos da casa, o Sport Toulon Var, que superou o Olympique de Marseille por 2 a 0. Na decisão, em 26/05, no Stade Mayol, o Toulon abriu o placar aos 17' do 1T, mas o Remo buscou o empate com Mazinho aos 23. Novo empate, nova decisão de pênaltis, mas dessa vez o Mais Querido não foi feliz: derrota por 6 a 5 na nona cobrança de penalidades.

Tabu de 33 jogos contra o Paysandu:

Do dia 31 de janeiros de 1993 até 7 de junho de 1997, o Clube do Remo construiu o histórico tabu de 33 partidas sem perder para o Paysandu. Este é o maior tabu do futebol mundial entre rivais. Ao todo, foram 21 vitórias e 12 empates. Atualmente, os azulinos não perdem há sete jogos para o Papão.

Campeonato Brasileiro de 2005:

No ano do seu centenário, o Leão Azul conquistou seu primeiro título nacional. No entanto, o início foi complicado. Logo na estreia da Série B do Brasileiro, empate por 2 a 2 com o São Raimundo-RR e queda do técnico Walter Lima, que havia perdido o Parazão e sido eliminado na Copa do Brasil. O treinador Roberval Davino chegou ao Baenão.

Vitória nos dois jogos seguintes, contra Abaeté e São José-AP por 2 a 1 e 3 a 2, respectivamente. No returno, empate contra os amapaenses e vitórias contra os demais. No primeiro mata-mata, derrota na ida por 2 a 0 contra o Tocantinópolis e virada por 4 a 1 na volta, no Mangueirão, em Belém. Próxima parada: Abarté.

No primeiro confronto entre as equipes, 1 a 1 e vitória azulina por 3 a 2 na volta. O mata-mata seguinte valia o acesso à Segunda Divisão Nacional e vitória fora de casa por 2 a 0. No segundo jogo, derrota por 1 a 0, mas vaga na Segundona e no Quadrangular Final.

Vitória contra o Novo Hamburgo e derrotas para Ipatinga e América-RN. No returno, Vitória por 2 a 0 contra o Mecão e empate diante do time mineiro. Precisando vencer os gaúchos fora de casa para avançar na competição, foi o que aconteceu. Triunfo por 2 a 1. Na outra partida, empate, o que ajudou o Leão a conquistar o tão sonhado título.

Títulos

Campeonato Paraense (47): 1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1924, 1925, 1926, 1930, 1933, 1936, 1940, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1960, 1964, 1968, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978, 1979, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2007, 2008, 2014, 2015, 2018, 2019 e 2022.

Torneio Internacional de Caracas: 1950

Taça Norte: 1968, 1969 e 1971

Taça Norte-Nordeste: 1971

Campeonato Brasileiro da Série C: 2005

Copa Verde: 2021

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