Quando a teimosia se transforma em obstinação, cada decisão se torna uma batalha de vontades. No futebol brasileiro, onde a paciência não é tão valorizada quanto a precisão de um passe, o Paysandu começa a passar pela primeira turbulência em 2024.
O técnico Hélio dos Anjos costuma utilizar a seguinte frase nas preleções do Papão: "A vitória não é qualquer coisa, é a única coisa". Foi nesta pegada que o clube conquistou o tão sonhado acesso à Série B, após cinco anos batendo na trave.
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Entretanto, às vezes a teimosia acaba não se tornando qualquer coisa. Nos principais jogos do ano até aqui, contra Juventude e Manaus, pela Copa do Brasil e Copa Verde, respectivamente, o Lobo apresentou muitas deficiências em campo, sendo a mais visível a vulnerabilidade no sistema defensivo.
Atualmente, o Papão utiliza no jogo a linha alta da defesa, uma estratégia defensiva em que a linha do setor se posiciona mais adiante no campo, visando pressionar o time adversário em sua própria metade.
Na teoria, isso é feito para reduzir o espaço disponível para os atacantes rivais e aumentando as chances de recuperar a posse de bola. Entretanto, na prática, isto não vem sendo observado e o Paysandu sofre com os riscos dessa tática.
Quando uma equipe joga desta maneira, os defensores ficam mais próximos do meio-campo, o que pode ser arriscado, pois há o risco de deixar espaço atrás da defesa para os adversários explorarem com passes longos ou lançamentos.
Para isso ser evitado, os homens da frente precisam pressionar a saída de bola rival de maneira coordenada para que não hajam erros. No entanto, isso vem falhando. Diante do Manaus a derrota por 1 a 0 saiu barata, pois o Gavião perdeu um "caminhão" de gols, sempre explorando a "bendita" linha alta.
“Eu não sou o único treinador do mundo que trabalha com linha alta. Nós temos variadas situações de linha alta. Com todo o respeito, muitos que criticam isso, não sabem o que é linha alta, não sabem o que é mais importante. Olham somente para os zagueiros. Eu não olho somente para os zagueiros, então isso já dá uma diferença muito grande. Contra o Juventude, o nosso sistema ofensivo fugiu do nosso modelo", destacou o treinador bicolor após ser perguntado sobre as críticas.
Entretanto, os problemas não param por aí e são gerais. Contra equipes que exigem um pouco mais do Lobo ou que se fecham, a carência na criação fica bem clara e isso acaba deixando o time previsível nas ações ofensivas.
Em jogos contra Juventude e Manaus, sem conseguir se infiltrar na defesa adversária, o Papão exagerou nas bolas cruzadas na área para Nicolas. Diante do Gavião do Norte, no primeiro tempo, o meia Robinho ficou aberto na ponta direita e Edinho teve que colar no camisa 11, que já estava centralizado.
O Paysandu joga com três atacantes, sendo dois pontas bem abertos e eles estão participando pouco das ações, o que acaba dificultando a vida de Nicolas, que muitas vezes precisa sair da área para tentar abrir os espaços, mas não vem adiantando.
Com problemas crônicos tanto na defesa, meio e ataque, a situação começa a chamar atenção e o torcedor fica preocupado, pois o Parazão entra na reta final, assim como a Copa Verde e a Série B se aproxima.
Hélio dos Anjos precisa fazer o Paysandu jogar com essa ideia que vem adotando, caso contrário, é melhor dar um passo atrás e buscar uma nova maneira para deixar o Papão mais estável. E a chance de fazer A ou B já é neste domingo (24), na Curuzu.
Contra o Manaus, enquanto os olhares estarão voltados para o campo, será a hora de ver se a persistência será recompensada ou se a paciência será posta à prova mais uma vez. A bola rola no Vovô da Cidade a partir das 17 horas.
Contratações:
Todos, inclusive os cartolas do Paysandu e a comissão técnica, possuem a ciência de que o elenco precisa de reforços pontuais para a sequência da temporada. Inclusive, Hélio dos Anjos já cobrou contratações publicamente e a diretoria já confirmou que elas serão feitas.
As posições que mostram maior urgência são: lateral-esquerda, volantes e meias, mas obviamente as outras também precisam de peças que cheguem para ser titulares para dar mais qualidade humana para a comissão técnica trabalhar.
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