
A vida de um atleta costuma ser lembrada pelos gols, pelas jogadas marcantes e pelo brilho dentro de campo. Mas, fora dos gramados, muitos enfrentam batalhas silenciosas e dolorosas, longe dos refletores e do carinho das torcidas. Esse é o caso de Lukinhas, meia de 30 anos que marcou passagem por diversos clubes paraenses e que hoje trava sua maior partida: a luta pela própria recuperação.
O jogador sofreu um grave acidente de moto no dia 12 de agosto de 2023, em Paragominas. O impacto foi tão forte que o deixou em coma e exigiu múltiplas cirurgias. Desde então, a rotina mudou drasticamente: os vestiários foram substituídos por sessões de fisioterapia, sempre com a esperança de voltar a andar e, quem sabe, retomar os sonhos dentro do futebol.
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"Estou bem melhor que no início", disse Lukinhas, mas ainda enfrenta sérias limitações, especialmente no braço e na perna. Inicialmente, o tratamento foi feito pelo SUS e ele dependia do Auxílio-Acidente, benefício do INSS destinado a trabalhadores que ficam com sequelas permanentes, para custear parte das despesas médicas e da sua sobrevivência.
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"FUI CAINDO NO ESQUECIMENTO"
Ao longo da carreira, Lukinhas defendeu a camisa de nove clubes do estado, entre eles Castanhal, Bragantino, Parauapebas, Clube do Remo e a Tuna Luso, onde se destacou. Mas, após o acidente, ele afirma ter sentido o peso do esquecimento. "Tava olhando o meu celular agora aqui, eu tenho todas as mensagens de quando eu tava bem para hoje, né, cara? A diferença é tremenda de tratamento, sabe?", comparou. "E chega, eu fico até triste, mano, porque, caraca, é muito incrível como as pessoas nos descartam, né? A partir do momento que tu não pode servir a ela para nada", desabafou.
O meia lamenta a ausência de apoio por parte dos clubes onde jogou. "Nenhum tem obrigação, sabe? Mas, p****, eu fui, dei o meu melhor por eles", desabafou. Segundo ele, até os empresários do futebol poderiam contribuir com gestos simples que, para eles, seriam pequenos, mas que na sua realidade fariam "uma diferença tremenda".

ABANDONADO PELO MUNDO DO FUTEBOL
A indignação cresce quando o ex-jogador lembra os tempos em que era celebrado dentro de campo. "Eu percebi que nem todo mundo que tá perto tá junto, sabe? Porque, mano, eu levei tanto tapinha nas costas, tantos elogios", recordou. Hoje, porém, relata que muitos sequer respondem às suas mensagens. "A gente só vale alguma coisa quando temos algo em troca."
Lukinhas faz questão de deixar claro que seu apelo não é por luxo, mas por condições de continuar o tratamento de forma adequada, incluindo fisioterapia contínua, medicação e acompanhamento em Brasília. Em um vídeo divulgado em seu perfil pessoal no Instagram, ele pede que sua mensagem chegue a dirigentes de clubes e da Federação Paraense de Futebol: "as pessoas vejam que realmente eu preciso".
GRAVIDADE DA LESÃO
Em conversa com a reportagem do DOL, o ex-jogador, que defendeu a Tuna Luso e outros clubes do Pará, revelou a gravidade da lesão que sofreu no braço. "Eu tive uma lesão muito séria no meu braço, foi rompimento de nevo, que se chama plexo braquial. É uma lesão neuropática, e é um caso muito complicado, que o meu rompimento foi bem na raiz, sabe", contou.
Ele explicou que já passou por uma cirurgia complexa. "Eles tiraram o nervo do meu pulmão, colocaram no meu bíceps, e agora que eu tô sentindo um pouquinho, sabe, voltar assim um pouquinho, força pro meu bíceps, mas eu vou ter que fazer outra cirurgia. Porque do cotovelo pra mão, eu não sinto nada, nada, pode tacar fogo que eu não sinto."

CHANCE DE VOLTAR A JOGAR
Questionado se ainda existe possibilidade de voltar a jogar, Lukinhas admite a incerteza. "Eu não tenho essa resposta ainda, sabe. Eu tive uma lesão muito séria no meu braço, eu tô sem o movimento do meu braço. Eu já fiz uma cirurgia, ele não quebrou, eu rompi nervos, entendeu. E eu já fiz uma cirurgia, eu tô sentindo um pouquinho de força já passar para ele, mas eu vou ter que fazer outra cirurgia nele."
TRATAMENTO CARO
O tratamento, segundo ele, é caro e exige deslocamentos constantes para fora do estado. “É muito gasto, sabe, eu faço essa cirurgia lá em Brasília, meu acompanhamento médico é por lá, que aqui no Pará não faz esse tipo de cirurgia. E é gasto, né, eu tenho que ir para lá. E tem tudo isso, cara, minha fisioterapia, remédio, e é esse o apoio que eu quero, sabe.”
A luta de Lukinhas é um retrato da realidade de muitos atletas que, após acidentes ou no fim da carreira, enfrentam abandono e falta de suporte. No seu caso, a esperança está não apenas na medicina, mas também na solidariedade de quem um dia o aplaudiu dentro de campo.
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