Re-Pa é declarado patrimônio cultural do Pará

O Re-Pa, clássico mais jogado do mundo, com 737 jogos, foi declarado patrimônio cultural de natureza imaterial do Estado do Pará, por meio da Lei 8.358, sancionada no último dia 2 de maio de 2016 e publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira (04).

O clássico é jogado por Remo e Paysandu, times da capital paraense, que têm o maior número de torcedores do Pará. Ele já foi jogado até em Paramaribo, no Suriname, cidade que recebeu três jogos. Em Belém, foram 723 partidas.

VEJAS IMAGENS DO CLÁSSICO

Disputado pelo Campeonato Paraense, Copa Verde, Campeonato Brasileiro, Copa da Amazônia, e entre muitos amistosos, o Re-Pa é o orgulho dos paraenses. O primeiro jogo entre os Remo e Paysandu foi realizado em 14 de junho de 1914, com vitória do time azulino por 2 a 1, no estádio da firma Ferreira & Comandita, Curuzu.

A maior goleada bicolor, ocorreu em 22 de julho de 1945, com um placar de 7 a 0; já do Leão foi 7 a 2, em 5 de março de 1939. O Clube do Remo ainda tem uma marca de 33 jogos sem perder para o seu rival, um tabu histórico de 5 anos invicto.

DOS DOIS LADOS

Leandro Cearense, 31 anos, nasceu em Castanhal e sempre sonhou em jogar um Re-Pa. "Qual criança não sonha em jogar o clássico com estádio lotado? Ter esse sonho realizado me deixa emocionado", diz.

Cearense diz que, fora do Pará, muitas pessoas comentam e reconhecem a grandeza do Re-Pa. "Esse reconhecimento oficial traz mais uma grande conquista para os paraenses. Muitos jogadores acertam com os times locais só para terem a oportunidade de jogar esse clássico".

O atacante vestiu a camisa remista em 2013 e 2014. No ano seguinte foi para o Papão. "Eu tenho a alegria de fazer gols pelos dois times em dia de Re-Pa", comemora.

SIGA REMO X SIGA PAYSANDU

Os dois maiores perfis das redes sociais de Remo e Paysandu têm torcedores apaixonados e amantes do Re-Pa.

O bicolor Pedro Loureiro de Bragança, gerenciador do perfil SigaPaysandu nas redes sociais, assiste a jogos do Papão em vários Estado do Brasil e vê a declaração de patrimônio cultural como uma força maior aos torcedores. "Espero que este reconhecimento sirva para acabar de vez com qualquer possibilidade de se fazer Re-Pa com torcida única, pois a razão de existir do espetáculo é o antagonismo entre as duas massas que fazem festa nas arquibancadas", disse.

Já para o azulino Antônio Neto, gerenciador do perfil SigaRemo nas redes sociais, destaca a importância desse clássico para o Estado. "É impossível falar do Pará e não ter em sua memória afetiva imagens como a chuva da tarde, o açaí, o carimbó, Círio de Nazaré e o Re-Pa. O maior clássico da Amazônia é um ícone da nossa terra e marca de nosso povo, está no sangue, está na história. O reconhecimento como patrimônio do estado é a assinatura de algo que, nos torcedores, já sabíamos e vivíamos em todos os domingos de clássico. É o atestar de um sentimento, é o selo de uma cultura, é o cartão postal de uma região", comemorou.

(Bruna Dias/DOL)