Ontem à tarde, o estádio Evandro Almeida, o Baenão, depois de um longo período sem receber torcedores, estava de portas abertas para a torcida acompanhar os últimos ajustes da equipe profissional antes da partida diante do Náutico, amanhã à noite, em Belém. No local, dezenas de torcedores estiveram presentes, porém, uma azulina ilustre chamou toda a atenção. Dona Jandira da Silva Dias, 81 anos, foi acompanhar do gramado os comandos do principal responsável pela ascensão do Clube do Remo nessa reta final da Série C, o treinador João Nasser Neto, o Netão, mas, que para ela, de maneira carinhosa é chamado de “Netinho”.

 Dona Jandira relata trajetória do neto e afirma que até impediu ele de “atravessar” (Foto: Fernando Araújo)

Os passos de Netão na agremiação, aos 8 anos de idade, foram incentivados por dona Jandira. Foi ela quem matriculou o neto no futsal azulino e, mesmo após três décadas, até hoje ela guarda as primeiras camisas de Netão, assim como os registros em jornais, algo que ela afirma que irá emoldurar. Feliz pelo rumo que João Nasser conseguiu trilhar, dona Jandira comentou assuntos interessantes ao longo da carreira do neto, como as dificuldades de dar sequência no sonho, o amor ao Remo, a expectativa pela continuidade no cargo e o principal: o interesse de representantes do outro lado da Almirante Barroso no talento do neto. Confira.

Qual foi o seu papel em colocar o Remo na vida do Netão?
Eu sempre fui torcedora do Remo. Eu tinha o sonho de que o meu filho fosse jogador de futebol, mas não consegui. Quando a minha filha, mãe dele (Netão), teve ele, eu coloquei na cabeça que iria realizar isso. Quando ele completou oito anos, matriculei com o professor Beto Figueiredo. Ele nunca mais largou o futebol, ele ama o futebol. Ele tem caderno com rabiscos de futebol. Ele tem o sangue azul, porque o Remo sempre foi presente pra gente. Eu não tenho maior recompensa do que essa.

Ao longo desse tempo, vocês encontraram muitas dificuldades até chegar nesse momento?
Muitas. Nós íamos a vários cantos para treinar, mas quando ele começou a trabalhar como treinador no salão, no começo, foi difícil. Ele pensou em desistir, mas eu via que ele era louco por isso. Ele passou em três faculdades, mas preferiu o futebol. Eu disse pra ele acreditar nele, porque quem trabalha uma hora é recompensado.

Netão, o orgulho da vovó e da torcida azulina (Foto: Fábio Will/Remo)

Embora esse seja o primeiro trabalho do Netão no profissional, na base ele faturou tudo como treinador. Ele chegou a comentar sobre uma possível saída do Remo? Algum time procurou por ele?
Graças a Deus ele sempre teve o sangue azul, sempre lutou pelo espaço dele no Remo. Mas ele, já como treinador de base, foi chamado pra treinar. Tem um time que não gosto de falar o nome (Paysandu), do outro lado, que já o quis, mas eu não deixei, disse que se ele fosse iria perder a vó dele. Ele ficou e o tempo está se encarregando de provar que essa foi a escolha certa.

O clube vai passar por eleições ao final do ano, algo que pode afetar no futuro do time para o ano que vem. Mas, independente de quem assuma, a senhora acredita que o Netão é nome a se manter na comissão técnica?
Ele é um menino muito estudioso em matéria de futebol. Ele tem os livros, as formas de jogo, então quer dizer que é uma coisa pra diretoria do Remo pensar, né? Porque ele ama o que faz e ama o Remo. Não tem outro time pra ele. Não é porque é meu filho, porque considero como um filho, mas porque sei que ele se prepara para isso, e seria a mulher mais feliz desse mundo em receber mais essa noticia.

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(Matheus Miranda/Diário do Pará)

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