O esporte que nasceu de uma brincadeira entre dois irmãos, enquanto arremessavam um caroço de manga de um lado para o outro. Esse é o Manbol, que tem sua origem em 1992, quando o paraense Rui Hildebrando, ainda jovem, chamava os amigos para a brincadeira com a fruta, para um tempo depois, criar o nome para o esporte que é a junção das primeiras sílabas de manga (man) e bola (bol).
Os anos se passaram e a brincadeira se tornou popular, incentivando Hildebrando a elaborar regras oficiais e materiais adequados para a prática, oficializando o nome manbol em 2004, em Belém. “Eu arremessava uma manga para meu irmão e ele arremessava outra. Brincando de arremessar, percebi que havia uma sinergia e uma disputa muito grande para não deixar a manga cair. Era uma brincadeira e, depois disso, percebi que divertia e resolvi dar um passo a mais e transformei em um jogo, coloquei um fio dividindo entre eu e o outro jogador na área e demarcamos”, relembra Rui.
Com o sucesso do esporte, foi fundada, em 2004, a Confederação Brasileira de Manbol (CBM) para difundir o esporte em território nacional. Como qualquer manifestação esportiva com regras e constituição própria, o manbol se tornava oficialmente um desporto nacional, reconhecido em lei estadual este mês como um esporte genuinamente paraense. “Percebi que era algo mais que uma brincadeira, um jogo, como esporte, e comecei a trabalhar, pesquisar e, me organizando, criei em Belém, em 2004, a Associação Manbol Brasil e, em 2005, abri uma escolinha de manbol e ampliei o quantitativo de informações”, explica Rui.
MODO DE JOGAR
Fácil de se jogar, o esporte combina raciocínio lógico e agilidade, sendo o único no mundo que é praticado com duas bolinhas ovais simultâneas. “Pode ser praticado de forma individual e até em sexteto, tanto para criança quanto para a terceira idade. Já tem projeção para a criação da Fima, que é a Federação Internacional de Manbol, e já somos reconhecidos a nível de Brasília pelo Ministério dos Esportes. Um avanço muito grande”, frisa o criador Rui Hildebrando.
"O esporte Já tem projeção para a criação da Fima, que é a Federação Internacional de Manbol, e já somos reconhecidos a nível de Brasília, pelo Ministério dos Esportes. Um avanço muito grande". Disse, Rui Hildebrando criador do manbol
SÓ ELOGIOS
Quem conhece o manbol, gosta e faz propagandaPraticando Manbol há cerca de um ano, a contadora Josi Ribeiro, 50, conta que a modalidade mudou a vida dela. “Mesmo fazendo outros esportes como tênis, futsal, tênis de mesa entre outros, foi o manbol que me ajudou a ter um pouco mais de coordenação motora. Todas as vezes que eu pegava em alguma coisa, deixava cair, e agora não”, conta.
“É um esporte que é muito dinâmico, tem agachamento, deslocamento, lateral, ele mexe com todo a tua estrutura, inclusive com a mente, porque tem que pensar pra fazer uma jogada e você tem que ter agilidade”, completa.
DIFUSÃO
Já a professora de educação física Luciana Nunes, que também conheceu o manbol no Sesi, conta que também é uma facilitadora e difunde o esporte. “Os meus alunos já conhecem, porque levo para as aulas de educação física. No começo, achei que meus alunos não iam dar atenção, pelo contrário, eles adoraram o manbol e melhoraram bastante o desenvolvimento”, ressaltou Luciana.
QUADRA
Um dos grandes atrativos do manbol é a área de jogo. A quadra para a prática do manbol constitui um retângulo medindo dez metros no comprimento (linhas laterais) e cinco metros na largura (linhas de fundo), circundada por uma zona livre de no mínimo um metro e meio de largura por todos os lados.
A quadra de manbol possui três zonas e uma área, sendo elas: zona de jogo; zona livre; zona de saque; área 2-L. A zona de jogo corresponde a toda a área interna da quadra e área da zona livre, já que é possível realizar jogadas dentro desse espaço.
BOLA l Uma das características que tornam o manbol atrativo, principalmente entre as crianças, é a bola. A bola de manbol possui um formato único que lembra a manga, fruto que deu origem ao esporte. O formato foi definido em uma tentativa de se aprimorar o jogo, inicialmente disputado com mangas.
DISPUTA
Para uma disputa de uma partida oficial, são necessárias duas bolas com diferentes esquemas de cores. Quando o praticante1 joga a bola e o praticante2 a recebe do outro lado da rede, ele tem dois segundos para retornar para o campo do praticante1 com a proposta de jogar a bola no chão para fazer o ponto.
FORMATO DE EQUIPE
O manbol pode ser disputado, oficialmente, nos seguintes formatos - partidas na modalidade “individual” (onde jogam um contra um); partidas na modalidade “dupla” (onde jogam dois jogadores em cada lado). A versatilidade do jogo acarreta a necessidade de uma ampla gama de habilidades e técnicas físicas e mentais, favorecendo o jogo, também, na forma mista. Partidas na modalidade “trio” são sugeridas para crianças Partidas na modalidade “quarteto-quinteto-sexteto” são sugeridas também idosos.
ARREMESSO
O primeiro fundamento do manbol é o arremesso. É com ele que se realiza o saque e todos os ataques durante o jogo. O arremesso deve ser feito com apenas uma das mãos (e somente com elas), sendo sempre executado abaixo da linha do ombro, ou paralelo a ele. Não são permitidos movimentos de empurrar ou cestinha (como passe de peito do basquete), nem movimentos partindo acima da linha do ombro (como arremesso do handebol ou a cortada do voleibol). O movimento mais simples e mais utilizado no manbol é o arremesso.
NEUTRALIDADE
É considerada a regra central do manbol. É caracterizada quando ambos os jogadores definem bolas de igual forma na mesma jogada. Elas acontecem quando há acerto iguais, para jogador ou time (A) + (B); erros iguais, para jogador ou time (A) + (B); acerto e erro do mesmo jogador ou time (A) ou (B).
Condicionamento físico e lazer
karu Gabriel, professor de educação física, dá aulas de manbol e se diz fã da modalidade que ajudou a criar
BENEFÍCIOS
Oprimeiro contato do professor de Educação Física, Karu Gabriel, com o manbol, foi enquanto dava aula para uma turma na Escola Superior de Educação Física, onde o criador do esporte, Rui Hildebrando, estava fazendo a demonstração da modalidade, e lá começou a praticar.
“Sempre fui a favor de vivenciar novas experiências. Quando vi o Rui fazendo a demonstração, pedi para ele que levasse meus alunos para a prática e os coloquei para vivenciar um novo esporte. Meus alunos praticaram e gostaram. Levei o esporte para praias e até mesmo para projetos sociais, mostrando que o manbol também pode ser uma opção de lazer. De lá para cá comecei a praticar”, explica.
O professor Karu conta que ajudou a escrever os fundamentos do esporte paraense. “Os fundamentos de cada ação, o arremesso, a concepção. Tínhamos o manbol sem nada de metodologia”, ressalta Karu.
Hoje, o professor atua no Serviço Social da Indústria (Sesi), na unidade da Avenida Mário Covas, em Ananindeua, ensinando o esporte que desde 2014 tem casa fixa no Sesi, com direito a uma arena com todas as recomendações das regras do jogo. “Hoje o Sesi leva esse lazer para dentro das empresas com um tapete com demarcações necessárias e em qualquer galpão nós estiramos ele e armamos a rede”, pontua Karu.
“O condicionamento físico é um dos benefícios, porque tem agachamentos, flexões, saltos. É bem variado, porque trabalha abdômen, glúteos, panturrilha, peitoral, o corpo todo, tanto aeróbico quanto anaeróbico. É um esporte lúdico, divertido”, diz.
ONDE PRATICAR
No Sesi da Avenida Mário Covas, em Ananindeua. É preciso se matricular no Clube do Manbol, pelo valor de R$ 30. Os treinos são diários, a partir das 15h.
(K. L. Carvalho/ Diário do Pará)
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