Houve um tempo em que os times eram montados bem antes das competições, o que permitia entrar na disputa com maior entrosamento e pleno aproveitamento das virtudes dos jogadores. Nos dias de hoje, com calendários apertados e poucos recursos, é cada vez mais difícil ver um time estrear com força máxima nos campeonatos.
O Brasileiro da Série C mostra isso com absoluta clareza. O Remo é um exemplo dessa construção permanente. Terminou a Copa Verde 2021 com um time, iniciou o Estadual com várias mudanças e está na Série C com outro bastante diferente em relação ao da primeira rodada.
Diga-se, no caso remista, que os problemas físicos no elenco comprometem qualquer planejamento. No domingo, pela primeira vez, o time alcançou algo próximo do que deveria ser o ideal na configuração do meio-campo – e começo pelo meio porque é lá que está a alma de qualquer time.
Paulo Bonamigo por vezes é criticado pela montagem da meia-cancha, onde deixou Pingo na titularidade durante todo o Parazão, ao lado de Anderson Uchoa. Na função mais adiantada, que exige habilidade específica, viu-se obrigado a improvisar os volantes Marciel e Marco Antônio.
Tudo porque Felipe Gedoz e Erick Flores estavam impossibilitados de jogar. Gedoz foi embora e Flores reapareceu diante do Confiança. Recém-liberado para treinos, ainda não é a figura que pode vir a ser na articulação de jogadas. Apesar disso, o que apresentou domingo já o habilita a ser um dos vértices do setor, ao lado de Uchoa e Albano.
Caso isso seja possível, o trio citado pode ser responsável por uma conexão que o Remo não tem há muito tempo. O mais perto dessa ideia ocorreu em 2014 e 2015, com Eduardo Ramos e Bismark, como motores da armação.
Talvez seja prematuro incluir Albano (foto) nesse triunvirato, mas, assim como se observa em Flores, é possível dizer que o futebol exibido no segundo tempo funciona como credencial para uma estratégia mais sólida e produtiva do que a que prevaleceu no Parazão, quando o Remo usava o meio-campo apenas como um setor de marcação.
Ao mesmo tempo, com as peças disponíveis, Bonamigo passa a ter a responsabilidade de montar uma linha média menos conservadora e mais participativa. Com Albano e Jean Patrick, quando este puder jogar, o Remo não poderá mais ter um jogo tão amarrado e previsível como foi até agora.
A movimentação ofensiva também será impactada. Rodrigo Pimpão não pode atuar isoladamente, como ocorre hoje. Em alguns momentos, fica a impressão de que ele disputa um jogo particular, sem conexão com os demais companheiros.
É preciso entender que, em função das particularidades da Série C, o Remo enfrentará situações que exigem uma formação mais fechada, o que abre espaço para volantes como Paulinho Curuá, Marciel, Pingo e Marco Antônio. O diferencial é que isso passa a ser uma variação a ser adotada circunstancialmente, não por força da necessidade.
Novo Mangueirão acelera obras para cumprir cronograma
Uma das mais importantes notícias dos últimos dias para o futebol paraense foi a informação dada pelo secretário de Obras do Estado, Ruy Cabral, de que as obras do novo estádio olímpico estadual Jornalista Edgar Proença atingiram 68% dos serviços executados. Significa que, até o final de setembro, a Arena Mangueirão deve ser entregue ao público.
Atualmente, o trabalho se concentra na impermeabilização da cobertura para que possa ser feito no telhado. A primeira etapa da área do gramado já foi concluída, recebendo serviços de drenagem subterrânea e irrigação. Nos próximos dias, será iniciada a plantação da grama “bermuda celebration”.
Isso permite crer que ainda é possível a marcação do clássico Brasil x Argentina, jogo adiado pelas Eliminatórias, para Belém. A CBF se comprometeu com o governo do Estado a realizar um jogo da Seleção na reinauguração do estádio.
Papão sofre oscilação, mas ausências pesam bastante
Contra o Ypiranga, o PSC não repetiu o nível das atuações anteriores. O empate frustrou a torcida, mas os questionamentos talvez estejam exagerados. As oscilações são normais em começo de competição, principalmente quando peças fundamentais estão fora de combate.
As ausências de Robinho e Wesley (entrou apenas nos minutos finais) afetaram os dois principais setores do time. Sem o volante, Márcio Fernandes optou pelo zagueiro Bruno Leonardo. Sem o atacante, a opção foi por Alessandro Vinícius, que não comprometeu, mas não foi um atacante em tempo integral.
Nenhuma das escolhas funcionou bem. Usar Bruno Leonardo foi uma forçada de barra. Não mostrou cacoete de jogador de meio-campo e ainda foi protagonista do pênalti que gerou o empate do Ypiranga.
A ausência mais sentida foi a de Robinho. O atacante vive seu melhor momento no PSC e teve que deixar a equipe após se lesionar contra o Mirassol. Estranha foi a opção encontrada pelo técnico para suprir a falta do jogador. Dioguinho era uma alternativa natural.
Seu não aproveitamento de cara numa situação emergencial diz muito de sua situação. Ficou claro que está longe de fazer parte dos planos prioritários de Márcio Fernandes – o que não é bom para Dioguinho e nem para o PSC.
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