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OPINIÃO

Blog do Gerson: covardia do Remo resulta em eliminação

Com uma proposta de jogo conservadora e na base dos chutões, o Clube do Remo foi eliminado da Copa do Brasil.

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Imagem ilustrativa da notícia Blog do Gerson: covardia do Remo resulta em eliminação camera Precisando do empate, o Clube do Remo perdeu por 1 a 0 no tempo normal, e foi eliminado nos pênaltis | Foto: Samara Miranda / Remo

Sobre o que poderia ter sido

O Cruzeiro venceu nos penais, conquistou a vaga na Copa do Brasil e embolsou R$ 3 milhões. Deu a lógica, sim, mas quem disse que a lógica não pode ser subvertida? O comentário aqui é justamente sobre as diversas possibilidades que o Remo teve no confronto e não soube aproveitar. Nem é o caso de avaliar as penalidades, pois a série de tiros livres foi consequência de uma derrota que podia ter sido evitada.

Primeiro, é preciso observar como o Remo se distribuiu em campo para enfrentar um Cruzeiro previsivelmente ofensivo. Mesmo diante desse cenário, o time azulino foi formatado mais ou menos como se fosse disputar um jogo do Parazão, num temerário (e ilusório) 4-3-3.

Paulo Bonamigo pertence a uma linhagem de técnicos que não gosta de ser visto como retranqueiro. O problema é que a escalação de três homens de meio (Uchoa, Marciel e Albano) e três na frente (Erick Flores, Brenner e Fernandinho) não significa um esquema agressivo.

Os jogadores têm características ofensivas, mas o sistema na prática é conservador. O Remo se dedicou desde o primeiro minuto a rebater bolas na defesa, ignorando a opção de atacar. Defendia-se bem, mas só ia à frente muito de vez em quando. Numa dessas, aos 21', Leonan teve tudo para marcar, mas chutou para fora.

A partida avançava e o Cruzeiro em cima, alugando meio campo e amassando. Nem jogava tão bem. Limitava-se a cruzar bolas na área, mas a zaga paraense se sustentava. Jajá, que foi um demônio jogo em Belém, estava pouco inspirado. Willian Oliveira, o mais lúcido, errava todas as finalizações.

Aos 40’, o goleiro Rafael resolveu brincar e quase Brenner marcou. O Remo vivia assim, de espasmos. Não conseguia trocar três passes. Uchoa e Albano até tentavam, mas a transição não funcionava.

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Bonamigo não queria parecer retraído, mas o sistema expunha a covardia. Pior é que, mesmo com duas linhas de marcação, o time ficava exposto a riscos o tempo todo, embora o adversário não estivesse atuando bem. Nessa toada, o 1º tempo foi embora e esperança de que o Remo acordasse no jogo. Afinal, o desespero do Cruzeiro abriria espaço para o contra-ataque.

Ledo engano. O Remo voltou do intervalo jogando exatamente igual. Bruno Alves entrou na direita, substituindo Albano, que saiu lesionado. Mudança sem resultado prático, pois a bola não chegava. Era só chutão, mas o tempo passava e a classificação parecia mais próxima.

Com esse pensamento, o Remo foi empurrando o jogo com a barriga. No sufoco, rebatia bolas para todo lado. Flores buscava organizar, mas o ataque não existia. Brenner brigava sozinho e perdia todas. Como sempre ocorre nessas ocasiões, o adversário martelou tanto que acabou chegando ao gol, com o artilheiro Edu, aos 30 minutos.

Só então Bonamigo partiu para as mexidas de praxe. Tirou Brenner, Fernandinho e Kevem. Entraram Vanilson, Lailson e Everton Sena. Nem sinal do velocista Ronald, o jogador mais indicado para um jogo aberto a contragolpes. Flores ainda desviou de cabeça um cruzamento de Lailson. Foi o único ataque forte do Remo no 2º tempo.

A vitória cruzeirense, embora sem brilho, foi merecida. Afinal, quem procura (o gol), sempre acha. O confronto de 180 minutos estava empatado em 2 a 2. Viriam os penais, com nova possibilidade de êxito para os azulinos, mas aí faltou competência, de novo.

Derrota nas penalidades foi a 1ª do Leão em 2022

Quando Raphael Claus – surpreendentemente com boa atuação – encerrou o tempo normal da partida, as perspectivas ainda eram favoráveis ao Remo. Afinal, a pressão emocional estava toda em cima dos cruzeirenses, jogando diante de sua torcida. Além disso, o retrospecto azulino em decisões por penais era impecável na temporada – havia vencido cinco.

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Na série de tiros livres, porém, o Leão exagerou nos erros, quatro no total – Marlon, Leonan, Laílson e Everton. Laílson teve chance de matar a disputa, mas cobrou mal e Rafael foi buscar. O goleiro cruzeirense foi um dos heróis da noite, mas Vinícius também se destacou pegando duas cobranças.

Resultado deixa lições para o futuro imediato

Caso Paulo Bonamigo seja mantido no comando técnico, o Remo não pode permanecer no esquema atual. O jogo de ontem mostrou que era possível vencer ou empatar com o Cruzeiro. O problema é que, mesmo diante de times do mesmo porte, o Remo se embanana todo porque não sabe sair jogando verticalmente. Busca sempre o passe lateral ou recuado, um sintoma de limitação técnica e insegurança.

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Com o Cruzeiro agoniado, precisando desesperadamente de um gol, o Remo foi incapaz de adiantar a marcação e provocar o erro na saída de bola. Ainda assim, recuperou várias jogadas na intermediária. O problema é que não sabia o que fazer em seguida e se perdia por completo.

Sem estratégia ofensiva, vivendo apenas de avanços pelos lados (que só ocorreram três vezes), é inútil abraçar o 4-3-3. Uma escalação enganosa, que se desfaz assim que a bola rola. O Remo, mesmo saindo dignamente da Copa do Brasil, perdeu outro jogo que podia vencer.

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