Até os gigantes falham
Vinícius é há cinco temporadas ídolo incontestável da torcida do Remo. Fez defesas históricas, garantiu títulos (como o da Copa Verde 2021) e se consagrou como profissional impecável. Conquistou prestígio por suas inegáveis qualidades. Falhou algumas vezes, mas nada que comprometesse sua trajetória. Ontem, porém, viveu seu pior dia como goleiro.
Daqui a algumas décadas, quando alguém se referir a este Re-Pa válido pela Série C vai certamente dizer que foi o clássico do frangaço de Vinícius. O paredão ruiu. O Remo ganhava o jogo, a torcida festejava nas arquibancadas, quando a tragédia se abateu sobre o grande goleiro.
Robinho recebeu na direita, entrou na área e bateu cruzado em direção ao gol. Era defensável, mas Vinícius se atrapalhou e a bola escapou entre suas mãos. O segundo gol do PSC calou a torcida que lotava o Baenão.
A falha surpreendente não foi recebida com vaias. Vinícius merece respeito e o torcedor optou pelo silêncio misericordioso. O efeito imediato foi uma espécie de torpor que se abateu sobre o time remista. Não acertava passes, a bola não saía de seu próprio campo e por alguns instantes ficou a sensação de que, se insistisse, o PSC poderia chegar ao terceiro gol.
O jogo até aquele momento era tecnicamente fraco, mas vibrante, como costuma ser o Re-Pa. O Remo havia feito 1 a 0 no final do primeiro tempo em lance polêmico. O árbitro Marcelo de Lima Henrique enxergou toque no braço de Marlon, mas as imagens revelam que a bola bateu no ombro do jogador. Na cobrança, Fernandinho chutou fraco, Tiago deu rebote e o próprio Fernandinho confirmou para as redes.
Antes de terminar a etapa inicial, o PSC empatou. José Aldo recuperou a bola e bateu da entrada da área. O chute saiu rasteiro, passou por vários jogadores e enganou Vinícius. Ficou a sensação de falha, mas ficou na conta dos lances apenas infelizes.
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Veio o 2º tempo e começaram as mudanças. Nada que modificasse o jogo pragmático do PSC, ocupado mais em marcar do que em atacar. Mikael ficava à frente dos zagueiros, Patrick Brey não avançava e a articulação dependia de José Aldo, ontem um pouco abaixo do que pode entregar – ainda assim, bem mais produtivo que o meio-campo inteiro do Remo.
A atuação confusa e nervosa do Remo também não se alterou. Erick Flores se posicionava mal e passava pior ainda. Jean Patrick jogou um pouquinho melhor que ele. No ataque, Vanilson lutava contra os zagueiros de área do PSC sem receber bola limpa. Rodrigo Pimpão corria, corria e nada acontecia. O mais lúcido era Leonan, sem ter com quem dialogar na frente. Fernandinho pegava a bola e tomava sempre decisões erradas.
O técnico Gerson Gusmão mudou a zaga, trocando Daniel Felipe por Igor Morais. Depois, botou Bruno Alves no lugar de Fernandinho. Igor participou do lance do segundo gol ao escorar a bola para a pequena área. A zaga se atrapalhou com Pimpão e Uchoa chegou para aproveitar o rebote. Aí, quando o Remo parecia marchar para a vitória, veio a falha de seu melhor jogador nos últimos anos. Acontece. Futebol tem dessas coisas.
Pragmático, Papão sai ileso de um jogo complicado
O PSC se comportou como um visitante cauteloso, mas pragmático. Temia obviamente o barulho e a pressão da torcida remista e, por isso, optou por um jogo de espera. Fechou-se no meio e buscava chegar em lances esporádicos, sempre a partir de bolas recuperadas na intermediária.
Alguns jogadores renderam abaixo do esperado. Marlon ficou perdido na marcação. Só apareceu no final do primeiro tempo com um chute forte que Vinícius desviou antes de a bola bater no travessão. João Vieira também não apareceu a contento. José Aldo, mesmo sem brilhar, cumpriu a tarefa de liderar a equipe e ainda foi à frente fazer gol.
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Mesmo custando a agredir no primeiro tempo, conseguiu arrancar o empate nos minutos finais. Foi igualmente cirúrgico e letal ao empatar novamente na segunda etapa com Robinho, que havia acabado de entrar.
A performance deixou a desejar, mas o resultado foi positivo num confronto que é sempre difícil. Com 23 pontos, o PSC precisa de duas vitórias e um empate para garantir a classificação.
Heranças de Bonamigo ainda atrapalham o Leão
Restam seis rodadas para fechar a fase de classificação e o Remo está diante de um desafio duríssimo. Precisa conquistar pelo menos 12 pontos a fim de alcançar os 30, apontados como limite seguro para passagem à próxima fase, segundo as projeções.
O grande problema é a instabilidade, herança da era Paulo Bonamigo. Falta força e confiança em momentos cruciais da partida. Inexiste a consciência de que é possível aumentar a pressão para chegar ao gol, muito menos a noção de que adiantar a marcação pode dificultar a saída do adversário.
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No primeiro tempo, o PSC alternou momentos de recuo com outros de marcação alta, criando imensos problemas para a transição do Remo. É compreensível que o time ainda esteja buscando se adaptar às ideias do novo comandante, que estreou no clássico. A dúvida é se a confusão atual ainda cederá lugar a uma organização mínima de jogo.
É claro que a Série C permite êxito até mesmo a equipes desorganizadas. Aliás, a maioria dos times se destaca pelo caos tático. Mas é difícil imaginar que um time sem identidade possa chegar a algum lugar. O fato é que, segundo um baluarte da coluna, Bonamigo saiu do Remo, mas o Remo ainda não saiu de Bonamigo.
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