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OPINIÃO

Gerson Nogueira: 'E a Série D é logo ali'

Clube do Remo e Paysandu tem apresentado péssimos desempenhos neste início de Série C e deixa torcedores em alerta quanto ao futuro das equipes na temporada.

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Imagem ilustrativa da notícia Gerson Nogueira: 'E a Série D é logo ali' camera Paysandu amarga nova goleada na Série C | Jorge Luis Totti, Paysandu

O Remo é lanterna isolado da Série C. O Paysandu caminha rumo à zona do rebaixamento. Em nove jogos disputados (27 pontos), os times paraenses têm o desempenho pífio de apenas seis pontos ganhos. O Leão faz a pior campanha de sua história e é o único time das três principais divisões que não conseguiu marcar ponto até agora.

O Papão jogou cinco vezes, venceu duas e perdeu três, fez três gols e sofreu 11. Ontem, em Volta Redonda, novo vexame alviceleste, com a segunda goleada (3 a 0) sofrida no Brasileiro.

Paysandu pode terminar rodada na Zona do Rebaixamento

Não há nada que justifique a desastrosa trajetória paraense na Terceira Divisão. As folhas salariais de Remo e Paysandu estão entre as mais altas da competição, acima de R$ 1 milhão. Tanta gastança de dinheiro resulta em migalhas de futebol entregue em campo.

Há um fato a agravar a situação. Nas duas vitórias obtidas em casa pelo Papão, a arbitragem teve papel decisivo. Contra a Aparecidense, na abertura da competição, o primeiro gol bicolor nasceu de um pênalti inexistente. A bola bateu na perna de um zagueiro, mas o árbitro assinalou a penalidade máxima. Diante do Manaus, o início da jogada do gol de Mário Sérgio foi irregular, pois o volante João Vieira estava impedido.

Nem mesmo com essa ajuda providencial, o time conseguiu embalar. Com um elenco inchado – chegou a ter 49 jogadores de uma só vez –, o Paysandu não conseguiu se organizar para a disputa de três competições simultâneas. Disputando o Parazão e a Copa Verde, a equipe encarou a Série C inicialmente sem técnico. Márcio Fernandes foi demitido após a vexatória eliminação nas semifinais do Parazão.

Marquinhos Santos, que já havia passado pelo clube em 2017/2018, sem deixar muitas saudades, chegou com a missão de arrumar a bagunça feita pela gestão do futebol. Sim, qualquer clube que cometa a licenciosidade de contratar mais de 30 jogadores em início de temporada deveria ser fechado para auditoria e balanço.

Como dirigentes são historicamente blindados no futebol brasileiro, não há o menor perigo de punição aos responsáveis pela obscena política de contratações levada a cabo no Paysandu. A última aquisição, anunciada com pompa e circunstância, foi do meia Robinho, 35 anos, em fase descendente na carreira.

Vem para preencher o lugar que antes pertencia a Ricardinho, de 37 anos, que ganhava o maior salário do futebol paraense. O volante passou nove meses se recuperando de lesão, voltou por três meses e não deixou como legado nenhum título conquistado pelo clube.

Com faixas e revolta, diretoria do Clube do Remo é criticada

A opção por jogadores de algum brilhareco no passado virou uma espécie de aleijão nos dois velhos rivais. O Remo faz exatamente igual, com o mesmo resultado vexatório nas competições. E a história de erros em profusão periga não se encerrar tão cedo. Enquanto houver conselhos internos dispostos a aceitar a gastança desenfreada, os abusos serão eternos.

A torcida já dá sinais de revolta. No jogo entre PSC e Cametá, disputando o terceiro lugar do campeonato estadual, um grupo de torcedores levou faixas de protesto à Curuzu e entrou em conflito com seguranças do clube. Dentro do estádio, o protesto “torcida zero” deu resultado: pouquíssimos pagantes compareceram. Em breve, virá o basta definitivo.

Papão comete festival de erros e sofre nova goleada

Ninguém tinha muitas expectativas em relação à performance do PSC em Volta Redonda (RJ). O time já havia perdido as duas partidas anteriores como visitante, para Figueirense e Ypiranga. Jogou mais ou menos do mesmo jeito ontem: sem organização e criatividade, ficou exposto aos ataques adversários e entregou o ouro ainda no primeiro tempo.

Desarvorada, a defesa cometeu erros seguidos antes de levar o primeiro gol, de Ítalo Carvalho, aos 16 minutos. Ele aproveitou o cochilo dos zagueiros e apareceu livre para fuzilar Gabriel Bernard. Não demorou muito para sair o segundo gol do Voltaço.

Desta vez, a falha foi no meio-campo, onde o volante Nenê Bonilha perdeu a bola e propiciou um ataque fulminante ao adversário. Marquinhos entrou livre para finalizar e ampliar o placar.

Ao longo do primeiro tempo, o Papão deu apenas dois chutes a gol, sem maior perigo. Esperava-se um mínimo de reação na etapa final, mas, como de hábito, isso não aconteceu. O técnico Marquinhos Santos manteve o time recuado, sem força de pressão sobre a zaga do Voltaço.

Aos 7 minutos, o mesmo Ítalo do primeiro gol voltou a balançar as redes, em uma outra derrapada do setor de marcação do Papão. Atarantado, sem saída de qualidade, o time ficou exposto a seguidas investidas do dono da casa, que só não ampliou a goleada porque o goleiro Gabriel fez defesas arrojadas, evitando o pior.

O Papão caiu para o 15º lugar e ajudou a ressuscitar o Volta Redonda, que saiu do Z4 para a 13ª posição. Perder é normal numa competição equilibrada como a Série C, mas perder jogando sempre mal é preocupante.

Catalá assume com a missão de começar do zero

O desafio do novo comandante azulino, Ricardo Catalá, apresentado oficialmente ontem, é das mais espinhosas. Precisa fazer o Remo superar a ressaca da perda do título estadual e se partir para a recuperação na Série C.

Enfrenta o Confiança, amanhã, no Baenao, pressionado pelo rendimento pavoroso no campeonato. É o lanterna, com zero ponto. É preciso começar do zero, literalmente.

Não se sabe nem mesmo o time que vai ser montado para a partida. Alguns jogadores que eram utilizados frequentemente por Marcelo Cabo podem perder espaço a partir da mudança de comando.

A única certeza é que Pedro Vitor e Rodriguinho devem ser titulares, a partir da excelente atuação contra o Águia na final, sob as vistas de Catalá.

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