Fernando Alonso já foi o mais jovem a conquistar o título da F-1, em 2005, quando tinha 24 anos. De volta à categoria após um hiato de duas temporadas, o espanhol agora tem a ambição de ser o mais velho a levar o troféu de campeão mundial para casa nos últimos 60 anos.
Ter um carro que lhe permita correr atrás desse objetivo foi condição determinante para o experiente piloto de 39 anos aceitar o convite da recém-criada equipe Alpine, nascida a partir da Renault, com a qual Alonso foi bicampeão (2005 e 2006).
"Se eu decidir voltar à F-1, vai ser somente se houver uma possibilidade real de vencer o título", disse em 2019, um ano antes da proposta da escuderia francesa.
-Alonso está ciente de que a meta está distante no horizonte da equipe para a temporada 2021, que terá a sua abertura no próximo dia 28, no Bahrein.
Em 2020, a Renault foi a quinta colocada no campeonato de construtores, a mesma posição ocupada pelo australiano Daniel Ricciardo no Mundial de Pilotos, no qual ele foi o melhor representante da equipe francesa.
Ao aceitar o desafio, o espanhol espera ajudar a reformulada escuderia a crescer e se tornar suficientemente competitiva para lutar por vitórias a partir de 2022, conforme expectativa do diretor Luca de Meo.
"Todo nosso trabalho deve resultar, depois deste ano de transição, em uma equipe que vai subir no pódio regularmente", afirmou o dirigente.
Alonso está ansioso por isso, afinal passaram-se oito anos desde que ele conquistou a última de suas 32 vitórias na F1. Foi em 2013, no GP da Espanha, pela Ferrari, uma das quatro equipes que defendeu na categoria. Na época, ele tinha 31 anos e a idade não era um peso.
-Desde o fim da década de 1950, a F-1 passou a ser dominada por pilotos jovens. Em 2008, por exemplo, o inglês Lewis Hamilton, então correndo pela McLaren, superou a marca do espanhol e se tornou o mais jovem campeão, aos 23 anos, 9 meses e 26 dias -a marca atualmente pertence ao alemão Sebastian Vettel, que levou o título aos 23 anos, 4 meses e 11 dias.
Ao todo, 1.035 corridas da categoria já foram disputadas e somente 13 delas foram vencidas por pilotos com mais de 39 anos -Alonso completará 40 no próximo dia 29 de julho.
Na história, apenas sete pilotos com 40 anos ou mais foram campeões mundiais, todos na década de 1950, a primeira da categoria, uma época em que a idade média do grid também era elevada.
O mais velho campeão da F-1 foi o argentino Juan Manuel Fangio, em 1957, aos 46 anos.
Além disso, apenas três pilotos conseguiram conquistar o Mundial novamente ao retornarem à categoria depois de um intervalo fora.
O primeiro caso foi Mario Andretti. O americano ficou fora do Mundial em 1973, participou de duas provas em 1974 e voltou a ter uma temporada regular em 1975. Três anos depois, foi campeão.
Em 1979, foi a vez do austríaco Niki Lauda sair da F-1. Ele voltou em 1982 e ganhou seu terceiro título em 1984.
O último a conseguir esse feito foi o francês Alain Prost. Em 1991, ele deixou a categoria. Voltou dois anos depois e ganhou seu quarto título, antes de se aposentar de forma definitiva ao término da mesma temporada.
Fernando Alonso tem condições de seguir os passos de Andretti, Lauda e Prost. O espanhol sempre teve grande preocupação com seu condicionamento físico, além de se manter em alto nível competitivo no período em que esteve fora da F-1.
Ele venceu as 24 horas de Le Mans duas vezes e também as 24 horas de Daytona em uma oportunidade-duas categorias de endurance, provas que exigem resistência. Alonso também correu no Rally Dakar e disputou, sem sucesso, as 500 Milhas de Indianápolis. Sua grande frustração.
Vencer a prova americana é o que falta para o espanhol obter a tríplice coroa do automobilismo, um título não oficial dado a quem vence o Grande Prêmio de Mônaco de F-1, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans -somente o britânico Graham Hill realizou o feito.
"Depois de completar alguns desses desafios, faltando apenas a Indy500, achei que era o momento certo de voltar à F-1", afirmou o bicampeão.
O retorno dele à principal categoria do automobilismo teve um momento de incerteza no início deste ano. Alonso sofreu um acidente de bicicleta no mês de fevereiro, em Lugano, na Suíça, e precisou fazer uma cirurgia na mandíbula, mas recuperou-se a tempo de participar da pré-temporada, no último fim de semana, no Bahrein.
O espanhol terá de correr este ano com duas placas de titânio na boca, mas diz que isso não deve ser um problema.
Nos testes realizados no circuito de Sakhir, ele deu mostras de que está em forma para competir. Com 206 voltas, foi o quinto piloto que mais completou o trajeto na soma dos três dias de testes.
No sábado (13), o espanhol foi o segundo mais rápido da bateria de testes, atrás somente do australiano Daniel Ricciardo, da McLaren.
Ao longo de todo o fim de semana, Alonso esteve à frente de seu companheiro de equipe, Esteban Ocon, 15 anos mais jovem do que ele.
"É fabuloso trabalhar com ele. É um piloto que sempre admirei. Será um osso duro de roer do outro lado da garagem. Terei de fazer o meu melhor para ganhar esse duelo. Nem parece que ele tem 39 anos", disse o colega francês, de 24.
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