Um ano depois de ter sido deportado da Austrália por falta de vacina contra a Covid-19, o sérvio Novak Djokovic voltou a ser coroado no principal palco de sua carreira multicampeã.
Não sem nova polêmica -desta vez relacionada à guerra entre Rússia e Ucrânia-, Djokovic conquistou o Aberto da Austrália pela décima vez em dez finais. Na decisão disputada neste domingo (29), em Melbourne, ele venceu o grego Stefanos Tsitsipas por 3 sets a 0, parciais de 6/3, 7/6(4) e 7/6(5).]
Além de se isolar ainda mais como maior campeão do torneio entre os homens, Djokovic se iguala ao espanhol Rafael Nadal como recordista de títulos em Grand Slams. Tem agora 22 troféus no mais alto patamar do esporte.
Junto com a taça e as marcas pessoais, o tenista sérvio garante o retorno ao topo do ranking mundial masculino, aos 35 anos, e uma premiação de aproximadamente R$ 10,8 milhões.
Djokovic ocupava o quinto lugar na classificação, um abaixo de Tsitsipas. Mas seu favoritismo era amplo, diante da campanha que fez na edição atual do Slam australiano e de seu histórico no torneio, e se confirmou na decisão.
Depois de um primeiro set em que o sérvio controlou o ritmo de jogo, fechou em 6 a 3 com tranquilidade e parecia sobrar em quadra, a segunda parcial foi ao tie break e equilibrou a decisão. Tsitsipas, porém, cometeu mais erros, e Djokovic consolidou a vantagem de 2 sets a 0.
O terceiro set começou com potencial para ser o ponto de virada da partida. O tenista grego quebrou pela primeira vez o serviço do sérvio, mas entregou seu saque logo em seguida para o rival empatar a parcial, voltar a ser superior e concluir seu 22º título de Grand Slam.
Durante a campanha em Melbourne, Djokovic contou com o apoio da maioria dos torcedores australianos, assim como havia acontecido na caminhada rumo ao título do ATP 250 de Adelaide, no início de janeiro.
No ano passado, Djokovic foi barrado no aeroporto e ficou detido pelo controle de imigração enquanto aguardava uma decisão judicial sobre a entrada no país. Ele teve o visto cancelado e foi deportado pelo governo australiano dez dias após o desembarque.
O posicionamento do atleta foi criticado na comunidade esportiva e dividiu o público. "É um preço que estou disposto a pagar. Abrirei mão dos torneios se for obrigado a me vacinar. Nunca fui contra a vacinação, mas sempre apoiei a liberdade de escolher o que você coloca no seu corpo", disse o sérvio à BBC após o ocorrido.
Mesmo sem a imunização, o tenista foi liberado para o torneio deste ano. Com a ampla cobertura vacinal na população e o controle da pandemia no país, a organização decidiu afrouxar as regras sanitárias. "Apenas seguimos o protocolo atual. É um ambiente normalizado para nós", disse Craig Tiley, diretor da competição.
A boa atmosfera deu lugar a um novo atrito após as quartas de final, quando o pai de Djokovic foi filmado ao lado de manifestantes pró-Rússia em Melbourne. Um deles segurava uma bandeira com a foto do presidente do país, Vladimir Putin, e trajava uma camiseta estampada com a letra Z, símbolo usado por ultranacionalistas russos.
O embaixador da Ucrânia na Austrália, Vasil Miroshnichenko, pediu que o pai do tenista fosse banido do evento -as bandeiras da Rússia e de Belarus estão proibidas no torneio.
Djokovic saiu em defesa do pai e alegou ter havido um mal-entendido. "Não apoiamos qualquer tipo de violência. Havia muitas bandeiras da Sérvia, e ele achou que estivesse tirando fotos com torcedores sérvios", afirmou o tenista.
"Para mim, obviamente, não é agradável ter que lidar com isso depois de tudo que aconteceu no ano passado. Não preciso disso agora. Espero que as pessoas deixem de lado e foquem no tênis."
A nova polêmica e um desconforto na coxa esquerda não impediram Djokovic de chegar como favorito à decisão contra Tsitsipas. Os dois finalistas já tinham se enfrentado em 12 ocasiões anteriores, com dez vitórias do sérvio.
O grego de 24 anos aparece entre os dez melhores do ranking desde 2019 -chegou a ser o número 3 do mundo-, mas disputava apenas a segunda decisão de Grand Slam na carreira. Do outro lado já eram 33, um recorde isolado do sérvio entre os homens.
A primeira final de Tsitsipas tinha sido justamente contra Djokovic, e teve gosto amargo. Ele abriu vantagem de 2 sets a 0, mas sofreu a virada e viu o experiente adversário levantar o troféu de Roland Garros em 2021.
Redundante dizer que o cenário era muito favorável a Djokovic. O sérvio nunca tinha perdido nenhum jogo em semifinais ou finais no Aberto da Austrália -foi campeão todas as vezes que chegou entre os quatro melhores do torneio.
Na semifinal deste ano, ele também já havia quebrado o recorde de mais vitórias consecutivas no Grand Slam australiano. A série iniciada nas oitavas de final de 2018 chega agora a 28 triunfos seguidos, incluindo a decisão deste domingo.
Além das dez conquistas no solo australiano, Djokovic também triunfou sete vezes na grama de Wimbledon, três nas quadras do US Open e duas no saibro de Roland Garros.
TÍTULOS DE DJOKOVIC EM GRAN SLAMS
- Aberto da Austrália (2008, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2019, 2020, 2021 e 2023)
- Wimbledon (2011, 2014, 2015, 2018, 2019, 2021 e 2022)
- Aberto dos Estados Unidos (2011, 2015 e 2018)
- Roland Garros (2016 e 2021)
MAIORES VENCEDORES DE GRAND SLAMS
Rafael Nadal* (Espanha) e Novak Djokovic* (Sérvia) - 22
Roger Federer (Suíça) - 20
Pete Sampras (Estados Unidos) - 14
Roy Emerson (Austrália) - 12
A CAMPANHA DE DJOKOVIC NO ABERTO DA AUSTRÁLIA 2023
- Primeira rodada
Novak Djokovic 3 x 0 Roberto Carballes Baena (75º) - parciais 6/3, 6/4 e 6/0
- Segunda rodada
Novak Djokovic 3 x 1 Enzo Couacaud (191º) - parciais 6/1, 6(5)/7, 6/2 e 6/0
- Terceira rodada
Novak Djokovic 3 x 0 Grigor Dimitrov (28º) - parciais 7/6(7), 6/3 e 6/4
- Oitavas de final
Novak Djokovic 3 x 0 Alex de Minaur (24º) - parciais 6/2, 6/1 e 6/2
- Quartas de final
Novak Djokovic 3 x 0 Andrey Rublev (6º) - parciais 6/1, 6/2 e 6/4
- Semifinal
Novak Djokovic 3 x 0 Tommy Paul (35º) - parciais 7/5, 6/1 e 6/2
- Final
Novak Djokovic x Stefanos Tsitsipas (4º) - parciais 6/3, 7/6(4) e 7/6(5)
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