Nas manhãs silenciosas de Diadema, São Paulo, o som dos passos ritmados de Júlio Cesar Agripino cortava o ar enquanto ele se preparava para mais um dia de treino. O jovem, que desde a infância enfrentava o desafio de uma doença degenerativa da córnea, jamais deixou que a escuridão lhe roubasse o brilho dos sonhos. O que começou como um esforço para superar suas limitações logo se transformou em uma paixão avassaladora pelo atletismo, levando Júlio a trilhar um caminho de disciplina e determinação que, anos depois, culminaria em uma das maiores conquistas do esporte paralímpico mundial.
Júlio Cesar brilhou na primeira disputa por medalhas do Brasil no atletismo dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. O atleta, que compete na categoria T11 para deficientes visuais, dominou a prova dos 5.000 metros desde o início, cruzando a linha de chegada com um tempo impressionante de 14 minutos, 48 segundos e 85 centésimos. Essa marca não só garantiu a medalha de ouro para o Brasil, como também estabeleceu um novo recorde mundial na modalidade.
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"Foi uma sensação incrível. Estou muito grato à minha equipe, pois esse recorde era algo que precisávamos", declarou Agripino após a vitória.
Diagnosticado com uma doença degenerativa da córnea aos 7 anos, o atleta relatou que se preparou intensamente para competir em Paris, buscando fazer história. "Viemos aqui para moer, para pisar em cima, e é exatamente isso que conseguimos. Essa medalha de ouro é uma prova de quão forte nossa modalidade está", afirmou.
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DOBRADINHO COM YELTSIN JACQUES
Além da medalha de ouro de Agripino, o Brasil também conquistou o bronze na mesma prova com o atleta mato-grossense Yeltsin Jacques. Detentor do recorde mundial anterior, Jacques superou uma série de adversidades, incluindo uma micro ruptura na panturrilha e uma virose, que prejudicaram sua preparação para os Jogos. Apesar desses desafios, ele conseguiu terminar a prova com o melhor tempo de sua carreira, 14 minutos, 52 segundos e 61 centésimos. "Felizmente, consegui me reorganizar e sair daqui com uma medalha. É como levar um pedacinho da Torre Eiffel para o Brasil", celebrou.
O atletismo é a modalidade que mais trouxe medalhas para o Brasil em Jogos Paralímpicos, e as conquistas em Paris reafirmam a força do país na competição. Além das disputas nos 5.000 metros, o Brasil teve representantes em várias outras provas, incluindo o salto em distância feminino na categoria T11, onde Alice Correa Oliveira e Lorena Spoladore competiram, alcançando a 6ª e 11ª posições, respectivamente.
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