Super Bowl terá "hino nacional negro" e gera debate nos EUA

As grandes finais do esporte costumam ser marcadas por momentos de celebração e união, mas também refletem debates sociais em curso na sociedade. Neste domingo (09), o Super Bowl não será diferente: antes do aguardado confronto entre Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs, a cantora Ledisi interpretará "Lift Every Voice and Sing", canção conhecida como o "hino nacional negro". Esta será a quinta vez consecutiva que a música será apresentada na cerimônia da National Football League (NFL), mantendo uma tradição iniciada em 2020.

A inclusão da canção, no entanto, tem sido motivo de polêmica desde sua estreia no evento. Com origem no Movimento dos Direitos Civis, a música ganhou espaço na NFL em um contexto de manifestações contra o racismo, impulsionadas pelo assassinato de George Floyd, em 2020. Desde então, sua presença na cerimônia tem gerado reações divididas.

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Enquanto muitos apoiam a iniciativa como um gesto de reconhecimento à luta por igualdade racial, críticos, sobretudo em setores mais conservadores, manifestam oposição. Entre os que se posicionaram contra a decisão da NFL estão a ex-candidata ao Senado pelo Arizona, Kari Lake, e a jornalista Megyn Kelly. Além disso, há ameaças de boicote por parte de grupos que consideram a inclusão da canção uma tentativa de politizar o evento esportivo.

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A performance acontece em meio a uma crescente pressão sobre a NFL, que nos últimos anos tem buscado ampliar sua atuação em causas sociais. A liga investiu US$ 250 milhões em programas de justiça social, mas também foi alvo de críticas por retirar o slogan "End Racism" das end zones do Super Bowl deste ano.

Outro fator que eleva a expectativa para o evento é a possível presença do ex-presidente Donald Trump na cerimônia. O republicano, que vem revertendo políticas de diversidade em sua gestão, pode reforçar ainda mais o debate sobre a inclusão do hino negro no evento.

ORIGEM HISTÓRICA DO HINO

"Lift Every Voice and Sing" tem uma trajetória de mais de um século. Escrito originalmente como um poema por James Weldon Johnson em 1900, o texto foi musicado e se tornou um símbolo do Movimento dos Direitos Civis nas décadas de 1950 e 1960. Sua letra carrega mensagens de resistência e esperança, sendo frequentemente entoada em protestos por justiça e igualdade racial.

Com um de seus versos mais marcantes afirmando "Vamos marchar até que a vitória seja conquistada", a canção segue ecoando em momentos decisivos da história americana – e sua interpretação no Super Bowl 2024 reforça que o esporte, mais uma vez, é palco de questões que transcendem o jogo.

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