O rebaixamento do Paysandu à Série C do Campeonato Brasileiro não caiu do céu. Foi o resultado previsível de uma sequência de decisões equivocadas da diretoria ao longo de 2025 – escolhas que custaram caro dentro e fora de campo.
Muita gente tenta colocar a culpa nos técnicos, mas isso é conversa para desviar o foco. Outros clubes também rodaram treinadores e conseguiram competir. O problema do Papão não estava na beira do gramado, e sim fora dele.
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A diretoria apostou em um grupo "enxuto", por necessidade orçamentária, e essa economia virou fraqueza. Bastaram algumas lesões e suspensões para o time desandar. Sem peças de reposição, o Paysandu virou refém da própria limitação.
Mas a raiz do rebaixamento é ainda mais profunda. O colapso começou bem antes de a bola rolar em 2025. Em 2024, o clube já vivia um cenário de crise financeira que se agravou com o passar dos meses e estourou nos bastidores, afetando diretamente o desempenho em campo.
A antiga gestão deixou dívidas que se somaram aos compromissos da nova administração. O ex-presidente Mauricio Ettinger revelou que a situação era tão delicada que o clube precisou antecipar cotas de 2025 para manter as contas em dia.
Na tentativa de conter a crise, a diretoria adiantou cerca de R$ 2,6 milhões para quitar premiações e pendências no final de 2024. O alívio foi momentâneo, mas o preço veio logo depois: menos receita e ainda mais restrições para o planejamento da temporada seguinte.
O Paysandu teve um prejuízo de R$ 18,8 milhões em 2024 e, com o caixa no vermelho, entrou em 2025 sem poder de investimento, preso a um ciclo de sobrevivência. Cada decisão para apagar incêndios criava um novo problema no futuro.
O resultado foi um time que começou o campeonato sem estrutura, sem planejamento e com o peso de uma herança que o rebaixamento apenas confirmou.
A falta de dinheiro comprometeu diretamente a montagem do elenco. Vieram jogadores de divisões inferiores, alguns com destaque na Série C ou D, mas que sentiram o ritmo e o nível da Série B. Faltou padrão, sobrou improviso.
A aposta em estrangeiros também não vingou. O clube chegou a ter oito gringos no elenco, mas a maioria não se adaptou ao ritmo e ao estilo do futebol brasileiro. Questões de entrosamento, clima e até idioma pesaram. O próprio presidente, Roger Aguilera, reconheceu depois: "Trouxemos muito gringo, e não deu certo."
Enquanto isso, a base seguiu esquecida. Em vez de apostar em garotos formados em casa, o Paysandu preferiu buscar soluções prontas e que nunca chegaram. Faltou visão e coragem.
E quando o extracampo é bagunçado, o vestiário sente. Divergências internas, vaidades e decisões políticas seguiram minando qualquer tentativa de reconstrução. Nenhum treinador sobrevive quando a gestão é desorganizada.
Agora, o Papão precisa começar do zero. O primeiro passo é colocar as finanças em ordem, com transparência e responsabilidade. Depois, repensar o departamento de futebol: contratar com critério, valorizar a base e planejar mais de uma temporada.
Culpar técnico ou elenco é fácil. Difícil é encarar a verdade: o Paysandu caiu porque errou no comando. E, se quiser voltar a subir, terá que começar consertando de cima para baixo.

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