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LEÃO NA ELITE

Remo na Série A revela diversidade de paixões no futebol paraense

A volta do Remo à Série A ilumina diferentes perfis de torcer no Pará e revela um mosaico de afetos e tradições.

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Imagem ilustrativa da notícia Remo na Série A revela diversidade de paixões no futebol paraense camera A volta do Remo à Série A reacende a pluralidade de torcedores no Pará, unindo paixões locais e nacionais em um marco cultural no futebol. | Arquivo pessoal

O retorno do Remo à Série A após 31 anos não mexe apenas com a torcida azulina — ele reacende um fenômeno cultural profundamente enraizado no futebol paraense: o torcedor de clubes de outras regiões do país. Desde os anos 1980 e 1990, quando a televisão expandiu o alcance dos grandes clubes do Rio e de São Paulo, tornou-se comum que paraenses adotassem um time local e outro de fora. Essa prática, muitas vezes alvo de piadas e julgamentos, ganhou mais visibilidade agora que o Mangueirão receberá Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Vasco, Botafogo e outras potências do país em 2026.

A figura do torcedor que acompanha um clube local e outro de fora do estado é resultado de um contexto histórico marcado pela força midiática dos times do Sudeste, pela influência familiar e, sobretudo, pela longa ausência de Remo e Paysandu na elite, o que fez muitos paraenses crescerem vendo seus ídolos e referências em outras camisas. Esses torcedores, porém, ainda enfrentam preconceitos, sendo chamados de “menos paraenses” ou acusados de não terem identidade própria no futebol, quando na verdade representam a pluralidade do Brasil e a maneira como o esporte atravessa gerações. Com o acesso do Remo à Série A, abre-se uma oportunidade inédita: conquistar esse público nas arquibancadas em jogos que não envolvam o clube nacional que eles torcem, fortalecendo o vínculo afetivo com o time da terra e transformando o Mangueirão em ponto de encontro dessas múltiplas formas de torcer.

Com o Remo novamente na elite, as identidades futebolísticas da região entram em ebulição. Para muitos, será a primeira vez que seu time do coração – ou um de seus times – enfrentará de perto os gigantes nacionais. Para entender esse mosaico de paixões, o DOL conversou com três torcedores paraenses que representam diferentes perfis da arquibancada amazônica.

“O Remo é minha vida”

O educador físico Bruno Laune, torcedor do Remo desde a infância, é categórico ao descrever sua relação com o clube. Para ele, ser azulino é um modo de vida.

“Ser remista vai muito além de torcer dentro do estádio; aprendi a amar o Clube do Remo e sentir orgulho e saber ser resiliente. Saber esperar e acreditar no processo. Estive em todas as vezes do clube. Quando o time estava sem divisão, o apoio nunca faltou. Até ajudar o time financeiramente com compras de lajotas e assento eu fiz. Agora com o retorno à Série A, o apoio vai continuar como sempre foi. Ir a todos os jogos e empurrar o time para alcançar as vitórias”, explicou o orgulhoso torcedor.

Bruno Laune, torcedor apaixonado pelo Clube do Remo
📷 Bruno Laune, torcedor apaixonado pelo Clube do Remo |Arquivo pessoal

Laune aproveitou para enfatizar que pretende ir a todos os jogos do Leão Azul na Série A em 2026, quando este for o mandante. “A expectativa está muito grande. Antes, as chances que tínhamos para ver e disputar com os times da elite eram por meio da Copa do Brasil. Hoje esses jogos se tornarão uma realidade. Pretendo ir a todos os jogos para empurrar o Leão até a vitória”, disse.

Sobre a relação com os ditos “torcedores mistos”, Bruno afirma que sempre foi apaixonado pelo futebol, e pelo jogo bem jogado, e que, para ele, essa forma de torcer sempre irá existir, ou por algum afeto do torcedor por determinada região do Brasil ou pela história e trajetória que o clube construiu ao longo dos anos. Além da enorme paixão pelo Leão de Periçá, o educador físico tem simpatia pelo Flamengo.

“Eu já fui ao Maracanã em 2021 ver o Flamengo na semifinal pela Copa do Brasil, em que ele perdeu de 3x0 para o Athletico Paranaense, e também fui ao jogo que aconteceu aqui no Mangueirão, pela Supercopa Flamengo X Botafogo. A minha empatia pelo Flamengo surgiu quando criança, por intermédio do meu pai. Ele assistia aos jogos e acabava acompanhando os jogos junto com ele”, lembra Bruno.

Mas o educador físico ressalta que o Remo sempre será sua prioridade, não existindo chance alguma de um “coração dividido”. “Quando for Remo x Flamengo, não tenha dúvidas, a minha torcida vai ser 100% do Remo! O Remo é o meu time do coração e sempre irei apoiar”, enfatizou.

Amor pelo Vasco e carinho pelo Remo

O paraense Douglas Silva cresceu sendo vascaíno, paixão transmitida de pai para filho — uma narrativa típica de qualquer torcedor de futebol. “Meu amor pelo Vasco veio por meio do meu pai. Ele sempre assistia aos jogos comigo, e isso acabou criando um vínculo muito forte com o clube, com a torcida e principalmente com toda a história do Vasco. Desde então, virou amor.”

Dougla comenta que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito por ser um torcedor fervoroso de um outro clube que não seja da região Norte, pois sempre levou com muito bom humor essa questão. Ele afirma que, entre Remo e Paysandu, seu carinho especial vai para o Leão Azul, mas não esconde que a cruz de malta é quem manda em seu coração, principalmente quando os dois se enfrentarem na Série A em 2026.

Apesar do carinho pelo Leão Azul, Douglas Silva tem no Vasco seu primeiro e grande amor no futebol
📷 Apesar do carinho pelo Leão Azul, Douglas Silva tem no Vasco seu primeiro e grande amor no futebol |Arquivo pessoal

“As expectativas são as melhores possíveis. Tenho certeza de que serão dois grandes jogos. Sobre o coração, ele não fica dividido, não. Tenho carinho pelo Remo, mas meu amor mesmo é o Vascão. Já fui a São Januário duas vezes. Aqui em Belém também acompanhei alguns jogos, inclusive contra Remo e Paysandu”, disse Douglas.

O cruzmaltino concluiu que estará no Mangueirão torcendo pelo Remo quando a equipe paraense enfrentar os maiores rivais do Vasco: Flamengo, Botafogo e Fluminense. “Vou torcer no estádio, com certeza. Como falei, sou muito vascaíno, mas tenho um carinho enorme pelo Remo. Sempre que posso estou no Mangueirão acompanhando os jogos, independentemente do adversário, menos quando é contra o Vasco, aí não tem jeito”, finalizou Douglas.

Botafoguense apaixonado e bicolor de berço

O publicitário Daniel Pantoja, que também é paraense, representa outro perfil comum no Pará: o torcedor que adotou um grande clube nacional, mas mantém raízes firmes na rivalidade local. Sua paixão pelo Botafogo surgiu recentemente, em 2021. “Me identifico com a história grandiosa do nosso clube, é única. É um clube de personalidade. Como diz a música: ‘Não escolho, fui escolhido’. Minha história começou na Série B, acompanhando aquela campanha fantástica. Subir para a elite foi como ver o mundo voltar ao seu equilíbrio natural.”

Daniel já viveu experiências marcantes no Rio, apesar de não ser tão comum para ele acompanhar o glorioso tão de perto.

“Infelizmente não fui a muitos jogos, porém, tive uma oportunidade ano passado para acompanhar Botafogo e Peñarol, em que saímos com uma vitória esmagadora de 5 a 0 pela semifinal da Libertadores, pra mim uma das melhores experiências da minha vida, ver meu time vencer em casa contra tudo e todos. Mas é bastante angustiante não estar presente ali bem perto, incentivando, tentando mandar toda energia positiva que deveria. Não que pela TV seja menos emocionante, mas estar presente é mágico. Torcer para o Botafogo é coisa de maluco; costumo dizer para meus amigos que ‘se não aguenta, não se envolve!’. Sou taxado de emocionado, mas tudo bem”, explicou o botafoguense com muito bom humor.

Daniel Pantoja escolheu o Botafogo-RJ como seu clube do coração.
📷 Daniel Pantoja escolheu o Botafogo-RJ como seu clube do coração. |Arquivo pessoal

Sobre a relação dele com os clubes paraenses, Daniel afirma que, entre os dois maiores da região Norte, ele se identificou com o Paysandu, muito por causa de sua tradição familiar. “Aqui no Pará tu já nasce tendo que escolher um lado. Eu nasci Paysandu, por causa do meu pai e do meu avô, que são fanáticos.”

Daniel também fala abertamente sobre as críticas que torcedores mistos sofrem, pois, na visão dele, torcer para mais de um time, sendo um deles de fora da sua terra natal, vem do reflexo da diversidade e pluralidade do Brasil.

“Não vejo problema algum em torcer para dois times, é muito normal em todos os cantos do mundo. E com certeza, já passei muitas vezes por momentos de outros torcedores falarem que não torço para um time apenas, porque meu time não está na elite do futebol brasileiro. Um desses momentos foi quando eu morei em Campinas (SP) em 2013. Sempre quando havia jogos, me perguntavam para que time eu torcia e eu falava ‘Botafogo’. Mas sempre vinha a pergunta: ‘Mas tu não és do Pará? Tem que torcer para os times de lá’, em seguida vinha a ‘piada' dizendo que eu torcia para outro time porque os times do Pará nunca tinham elenco para estar na série A do campeonato Brasileiro”, explicou Daniel.

E, por fim, o torcedor alvinegro falou da sua expectativa para o jogo Remo x Botafogo, que é enorme — e sem esconder a rivalidade tradicional. “É incrível ter o Botafogo tão perto. E vencer o Remo é melhor ainda”, concluiu.

União de várias formas de torcer

A volta do Remo à Série A é mais que uma conquista esportiva — é um marco cultural que expõe diferentes formas de torcer no Pará.

De Bruno, que não abandona o clube nem na pior fase; a Douglas, que reverencia o Vasco, mas respeita o Remo; até Daniel, que equilibra o amor pelo Botafogo com o orgulho de ser bicolor: todos mostram que o torcedor paraense é múltiplo, sensível à história e profundamente ligado às origens.

E, pela primeira vez em décadas, torcedores de todas as identidades — remistas, cruzmaltinos, botafoguenses, mistos ou não — terão a chance de viver a elite do futebol brasileiro bem diante de seus olhos, no coração da Amazônia.

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