“Um homem que fica em casa para cuidar de sus filhos é ‘menos homem". Essa é a percepção da população de 27 países, incluindo o Brasil, sobre igualdade entre homens e mulheres no que se refere à responsabilidade de cuidar das crianças e do lar.
O estudo exclusivo da Ipsos, realizado em parceria com o Instituto Global para a Liderança Feminina do King’s College London, apontou que um quarto dos brasileiros (26%) acredita que “um homem que fica em casa para cuidar dos filhos é ‘menos homem".
Uma opinião não diferente entre homens e mulheres, mas que tem maiores percentuais entre pessoas que exercem cargos de decisão, liderança ou executivos seniors (35%) e chefes de família (30%).
“Apesar de a minoria dos brasileiros referir que um homem é “menos homem” por estar em casa e cuidar dos filhos, não dá para fechar os olhos e achar que isso reflete que estamos em uma época distinta do passado não distante, onde o papel do homem está atrelado ao mantenedor do lar”, afirma Rafael Lindemeyer, diretor de clientes na Ipsos.
Com relação ao dever das empresas e empregadores a oferecerem flexibilidade para equilibrar o cuidado com as crianças e a vida profissional, 73% do total dos pesquisados são a favor dessa iniciativa.
Em dois espectros, 59% dos brasileiros concordam que a empresa/empregador deve flexibilizar e auxiliar no equilíbrio entre vida profissional do homem e o cuidar dos filhos, porém 31% dos brasileiros discordam que isso é importante, com índices maiores entre donos de negócio próprio (42%) e os mais jovens (36%).
Para Lindemeyer, "os números de discordância sobre a necessidade de flexibilização das empresas sobre o auxílio aos homens para cuidar dos filhos são convergentes com o número de pessoas que acredita que um homem é menos “homem” quando está em casa cuidado do lar e dos filhos", explica.
No entanto, Lindemeyer enfatiza que "a pesquisa mostra que esse equilíbrio parece não ser tão necessário de acordo com o estágio de vida, pois muitos ainda não sentiram na pele a necessidade de dividir o cuidado do filho ou porque isso interfere em uma dinâmica do negócio”.
O cuidado das crianças e do lar é a área a qual as pessoas mais acreditam que não está sendo feito o suficiente para alcançar direitos iguais entre homens e mulheres, na percepção de quase metade dos respondentes (48%), segundo o levantamento.
Quando perguntados se acreditavam que a discriminação contra mulheres que cuidam exclusivamente das crianças e do lar poderia terminar em 20 anos, os pesquisados ficaram divididos.
Duas em cada cinco (39%) pessoas se mostraram confiantes nessa mudança. Aproximadamente a mesma proporção (42%) respondeu que não acredita.
“A pesquisa propõe a reflexão sobre os direitos de homens e mulheres, para que o homem exerça um papel mais ativo no lar e com os filhos, permitindo que as mulheres atinjam os seus direitos. O caminho a percorrer ainda é longo, mas está na hora de os homens lutarem pelo direito das mulheres. É ótimo entender que ter direitos e deveres no lar e na partilha da paternidade e maternidade é um benefício para todos”, completa Lindemeyer.
O estudo foi realizado em 27 países, com 18.800 entrevistados, sendo 1.000 brasileiros, entre os dias 21 de dezembro de 2018 e 4 de janeiro de 2019. A margem de erro é de 3,1 p.p.
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