Bolsonaro diz que queimadas na Amazônia é estratégia de ONGs para 'chamar atenção' contra o governo

Na saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira (21) que organizações não governamentais (ONGs) podem estar envolvidas nas queimadas na região amazônica para “chamar atenção” contra o governo federal. Ele preferiu não citar nomes de ONGs e ao ser questionado se existe fundamento para as afirmações, disse que não há nenhum registro escrito sobre isso.

De acordo com os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia reúne 52,5% dos focos de queimadas somente esse ano no Brasil. O número de incidentes com queimadas teve um crescimento de 82% em relação ao mesmo período em 2018 – de janeiro a 18 de agosto.

Bolsonaro afirma que o governo tem que fazer o possível para que esses casos de crime ambiental não aumente, mas disse que a retirada do repasse de dinheiro a ONGs pode ser a causa das queimadas.

“O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o possível para que esse crime não aumente, mas nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos também com o repasse de dinheiro público. De forma que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro”, afirmou o presidente.

“Então, pode estar havendo, sim, pode, não estou afirmando, ação criminosa desses 'ongueiros' para chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos”, concluiu.

O presidente disse que o objetivo dos incêndios criminosos é de enviar as imagens para o exterior. Mas disse que não há registros se há investigação sobre o ocorrido, e disse que esse tipo de situação não tem registros escritos.

"O fogo foi tocado, pareceu, em lugares estratégicos, imagens da Amazônia toda. Como é que pode? Nem vocês teriam condições de todos os locais estar tocando fogo para filmar e mandar para fora. Pelo o que tudo indica, foi para lá o pessoal para filmar e tocaram fogo. Esse que é o meu sentimento", afirmou.

Bolsonaro disse também que o governo “não está insensível” para o que está acontecendo em relação as queimadas, mas que procura adotar medidas em conjunto com os ministérios da Defesa e do Meio Ambiente. Ele afirmou também que as ONGs representam "interesses de fora do Brasil".

“Não estou afirmando [que ONGs são as responsáveis pelas queimadas]. Temos que combater o crime, depois vamos ver quem é o possível responsável pelo crime. Mas, no meu entender, há interesse dessas ONGs, que representam interesses de fora do Brasil", afirmou.

Ele disse voltou a falar sobre as queimadas e das ONGs em um discurso feito em um congresso do setor de aço, realizado em Brasília.

“A questão da queimada na Amazônia, que no meu entender pode ter sido potencializada por ONGs, porque eles perderam grana, qual é a intenção? Trazer problemas para o Brasil”, disse ele.

Governadores

Jair Bolsonaro disse também que existem governadores na região Norte do Brasil que não fazem nada para ajudar a conter os incêndios na Amazônia. Ele diz que há governador que se aproveita da situação para colocar a "culpa" no governo federal.

Ele não citou nomes ou os estados destes governadores, mas disse que tem governo estadual "que não fez nada, mas pode fazer".

"Tem governador, não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no governo federal. Tem estados aí, que não quero citar, na região Norte, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndio. Está gostando disso daí", disse.

Fundo Amazônia

Questionado sobre a falta de recursos que eram repassados pela Noruega e Alemanha para o Fundo Amazônia, o presidente informou que não se pode acreditar na "infantilidade" de que os dois países têm "coração grande".

“Com todo respeito a você, me aponte uma árvore plantada com esses recursos bilionários que vêm de fora para dentro aqui? Acha que é um coração muito grande desses países para nos ajudar? Não quer nos ajudar. Todo mundo sabe que não tem amizade entre países, tem interesse", afirmou.