Quarentena: saiba como consumir de forma consciente 

Os próximos dias serão decisivos no país tanto no combate ao Covid-19 quanto na cadeia de abastecimento. Com uma eminente corrida aos supermercados por parte da população, a propensão é de um cenário de desabastecimento, o que evidencia a necessidade de discutir hábitos mais conscientes. De acordo com Guilherme Aere, CEO de uma plataforma online de compras de mercado por reposição, é urgente a conscientização cada vez maior tanto da indústria quanto das pessoas.

“Muitos ignoram a relação do impacto que o desperdício e descontrole exercem na sociedade, mas o avanço do coronavírus e o risco de desabastecimento apontam para necessidade de uma maior responsabilidade em relação ao consumo. Sem organização, a sociedade enfrentará muitos problemas para crescer, mas, se cada um fizer sua parte, vamos conseguir formatar uma maneira de consumo capaz de produzir sem desperdícios e para todos que precisam, o que consequentemente torna mais sustentável toda a cadeia de distribuição”, comenta Aere.

O especialista separou algumas dicas para frear a falta de produtos nas prateleiras e praticar o consumo consciente.

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Organize-se

Parece óbvio, mas é preciso se planejar para fazer compras de maneira consciente. Anote o que você consumiu nos últimos 20 dias, avalie o que precisa ser reposto e quais são os itens de primeira necessidade. Essa é uma dica importante porque muitas pessoas não sabem o quanto consomem. Se organizar não precisa ser difícil, mas nem todos buscam entender a durabilidade dos produtos, e a realidade é que nosso dia-a-dia é muito dinâmico e dificulta sermos sustentáveis e organizados. Todo mundo precisa de sabonete, por exemplo, mas poucas pessoas sabem quantos sabonetes usam no mês. Dedicar um tempo para avaliar o próprio consumo traz mais segurança (porque você sabe que não faltarão os itens básicos) e pode gerar, inclusive, uma diminuição nos gastos.

Pratique o estoque mínimo e padronize datas de compra

Um bom começo é dividir a dispensa entre “alimentos” e “não alimentos”, de forma a manter todos os itens comestíveis no máximo (idealmente), isto é, um pacote fechado para cada um aberto. O que não for comestível (limpeza e higiene, por exemplo) basta manter dois fechados para cada um em utilização. Além disso, minha recomendação é escolher uma data fixa para avaliar a própria dispensa e renovar o estoque definindo uma nova compra, abandonando a pressão da correria e evitando descontrole.

Atenção aos itens novos

É importante que as pessoas levem apenas uma unidade/pacote de cada item novo que queiram experimentar por compra. Apesar das paixões pontuais, é comum que esses produtos estraguem e gerem desperdício. Recomendo, se possível, comprar ou utilizar primeiro mini-packs (doses menores promocionais) para testar e validar se é algo essencial.

Pense coletivamente

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, pensar de maneira coletiva. Muitos brasileiros estão com medo e, por isso, acabam estocando uma quantidade maior do que irão consumir gerando um problema para outros consumidores que não encontrarão determinados produtos. Álcool em gel é um grande exemplo do quão danoso é praticar o individualismo nesse momento. Se tratando de uma doença facilmente transmissível como o Covid-19, se todos estão protegidos, consequentemente você também está. Estocar álcool em gel não faz sentido prático porque, ao fazer isso, você está impedindo que outras pessoas se protejam e elas podem transmitir o vírus para você ou alguém da sua família indiretamente. Precisamos cuidar uns dos outros e sermos racionais na hora de consumir.