As regras de isolamento social que mantêm a população do Rio de Janeiro em casa afetam diretamente as atividades no mercado do sexo e isso acaba criando sérios desafios para as transexuais, como mostra uma reportagem divulgada nesta quinta-feira (21) no site britânico "The Guardian".

O jornal conversou com algumas profissionais de sexo que trabalham nas ruas da cidade, uma delas identificada como Stefany Gonçalves, 26 anos, do Espírito Santo chamou a atenção. Ela diz que a vida tem sido muito difícil desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao país. 

"É realmente difícil, porque quase não há ninguém na rua. Eu trabalho como prostituta, então o que acontece? É terrível", afirma a jovem. "Ainda saio, ainda faço sexo, porque se não fizer, vou morrer de fome". 

Stefany diz que está recebendo ajuda das pessoas durante o período de quarentena. "Graças a Deus, há pessoas que veem isso. Eu ganhei uma doação básica de alimentos. Há pessoas que estão fazendo um pouco." 

Ela ainda afirma que já recebeu o pagamento do auxílio emergencial do governo federal de R$ 600, a primeira parcela de três previstas. "Se era difícil para nós antes, é ainda mais agora", diz. "Estou no grupo de risco, fico mais em casa agora".

A paraibana Elba Tavares, 44, mora no Rio há 20 anos. Ela conta que não vive mais da prostituição, mas que "sim, vendo meu corpo". "Você pode ver como é: ruas vazias, lojas fechadas, a economia decadente. Existem muito poucos clientes". "Como estou sobrevivendo? Bem, você pode ver", diz Elba. "Eu recebo um pouco do governo, mas não é muito. Às vezes, posso ficar na casa de alguns amigos". 

Indignada ela soltou o verbo e criticou o governo; "Este é um país semidesenvolvido. O que é mais desenvolvido aqui são o crime e a corrupção. E quando o governo não vale nada, nada mais vale", afirma.

A pandemia vem afetando diretamente as atividades o mercado do sexo Foto: Reprodução

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