Cientistas estudam suspeitas de reinfecção em recuperados 

Um paciente é diagnosticado com covid-19, apresenta sintomas que, com o tempo, desaparecem. Isso significa que ele superou a doença, e faz dois testes que dão negativo. Seis semanas depois, os sintomas voltam a surgir, e agora seu teste para covid-19 dá positivo.

A situação de o que parece ser uma reinfecção por coronavírus foi narrada por um médico americano, Clay Ackerly, ao site Vox. O caso isolado, que é acompanhado de outros semelhantes, gera preocupação porque poderia significar que, afinal, não teríamos uma imunidade duradoura para o Covid-19.

No Brasil, um caso de possível reinfecção de um rapaz de 22 anos está sendo estudado em Minas Gerais. Um técnico de enfermagem teve um teste positivo para o novo coronavírus em abril, voltou a ser diagnosticado no final de junho e morreu no início de julho. O Hospital das Clínicas em São Paulo também investiga dois casos semelhantes de possível reinfecção. Dois pacientes que tiveram testes positivos em maio se recuperaram, e, agora em julho, tiveram testes positivos.

• Estudo aponta que vacina de Oxford em teste no Brasil é 100% segura

• Vacina chinesa contra Covid-19 chega ao Brasil e testes começam na terça

A doença já matou mais de meio milhão de pessoas no mundo, e uma das maiores esperanças em meio a essa crise, além de uma vacina ou tratamento eficaz, era de que quem se recuperou da doença poderia estar imune a ela.

Segundo os cientistas, se isso não for verdade, a teoria da imunidade coletiva ou de rebanho, em que um grande grupo de mais de 60% ficaria imune para interromper a transmissão na população, iria por água abaixo. Se a imunidade dos curados da covid-19 tiver vida curta, poderíamos entrar em um ciclo sem fim de reinfecções.

Mas, apesar dos casos isolados, ainda não há evidências científicas de que isso seja possível.

"Agora estamos começando a ver os retornos dos recuperados. A recuperação pode ser demorada, pode exigir fisioterapia e ainda mostrar lesões na tomografia", conta a médica infectologista Tânia Chaves, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pará e do Cesupa (Centro Universitário do Estado do Pará).

"Mas nesse período eu não vi nenhum caso que fizesse inferir que fosse uma nova infecção pelo Sars-CoV-2. Ouço relato de terceiros, mas a minha avaliação é que é muito prematuro para falarmos. A compreensão da imunidade é um caminho que nós ainda estamos percorrendo na escuridão."