O empresário André Camargo Aranha, acusado de estuprar a influenciadora digital Mari Ferrer em uma boate, em 2018, foi absolvido pela Justiça. Segundo o juiz que cuidou do caso, André cometeu um "estupro culposo", um crime não previsto na lei brasileira.

O caso foi denunciado em 2019 pelo Ministério Público de Santa Catarina, que considerou o caso inicialmente como um estupro de vulnerável, já que Mari estava alcoolizada na festa, sem condições de reagir. Ela alega que era virgem na época do crime.

O promotor responsável pelo caso, entretanto, afirmou que não havia como André saber, durante o ato sexual, que ela não esava em condições de consentir com a relaçao, e portanto, ele "não teria a intenção" de estuprar.

Durante a sessão, que ocorreu online, o advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, que defendia o acusado de estupro, mostrou fotos de Mariana, postadas por ela nas redes sociais, as quais classificou como "ginecológicas", questionando a conduta moral da vítima, Mari. Em nenhum momento os momntos do Tribunal de Justiça de Santa Catarina questionam o advogado sobre a relação das fotos postadas em redes sociais com o processo por estupro.

O jornal The Intercept conseguiu imagens da sessão e compartilhou nas redes sociais. Na gravação, é possível ver Mari se sentindo humilhada e chorando após o advogado mostrar as imagens.

A jovem influencer Mariana Ferrer afirma ter sido estuprada numa festa. A justiça entendeu que o réu, um empresário rico, ‘não teve intenção’ de estuprá-la. Vídeo inédito mostra defesa do acusado humilhando a jovem. https://t.co/Yvu2aidwuv pic.twitter.com/aYw9sMnF8Y

— The Intercept Brasil (@TheInterceptBr) November 3, 2020

A gravação causou grande repercussão na internet, sendo alvo de diversas críticas. O ministro do STF Gilmar Mendes classificou a gravação como "estarrecedora" e afirmou que os envolvidos deveriam ser responsabilizados, inclusive pela omissão.

As cenas da audiência de Mariana Ferrer são estarrecedoras. O sistema de Justiça deve ser instrumento de acolhimento, jamais de tortura e humilhação. Os órgãos de correição devem apurar a responsabilidade dos agentes envolvidos, inclusive daqueles que se omitiram.

— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) November 3, 2020

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