Prefeitos e vereadores serão escolhidos em todo o Brasil ao final do próximo domingo (15) nas eleições municipais 2020.
De um lado, acompanhamos o cenário pandêmico da Covid-19 que abate os já insatisfeitos eleitores frente às escolhas atuais. Do outro, amapaenses desamparados que serão obrigados a comparecer às urnas quando estão há 11 dias sem água, energia elétrica e pouca comida. O motivo? Um apagão que atingiu 13 dos 16 municípios do Estado após o superaquecimento de uma peça no transformador da subestação do Sistema Interligado Nacional (SIN).
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“É difícil para a população falar em eleição. Não tem clima nenhum. Pelo contrário, as pessoas não sabem onde comprar água mineral, gelo… É uma coisa que destoa completamente da realidade, essa insistência em haver processo eleitoral em Macapá e essa insistência que ainda se mantém para outros municípios”, desabafa Julio Miragaia, jornalista e morador de Macapá que encontrava fôlego para responder ao DOL enquanto trabalhava sem energia e contando com a sorte de uma internet funcionando no celular.
As eleições em Macapá foram remarcadas após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve o calendário eleitoral nas outras 12 cidades atingidas pelo apagão. No entendimento da Justiça, existe um "risco concreto ao eleitor" na capital por conta do novo coronavírus. Contudo, para uma população que está vivendo a maior parte do tempo no escuro e no calor, tudo o que se quer nesse momento é respeito para voltar às mínimas condições urbanas.
“A eleição de domingo está muito desanimada. Sem qualquer motivação. Quase todos os meus amigos já disseram que não irão votar. Muita decepção. A nossa classe política não tem qualquer crédito”, lamenta o produtor rural Jairson Aranha, também morador da capital amapaense, que se vira como pode para garantir a fabricação da produção e venda de polpa de fruta em seu negócio.
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Encarar os dias difíceis somente com ajuda das doações provenientes de estados vizinhos da região Norte ou de ações parceiras de autoridades públicas. O rodízio de energia e a distribuição de dois geradores anunciados na semana passada são medidas paliativas que revoltam diante o esquecimento e a inércia dos responsáveis.
“A gente tá vivendo sob um sistema de racionamento que se deu apenas duas horas de energia para as pessoas. Anteriormente eram de seis em seis, agora tem uma escala mais complexa. Isso não resolve nada porque você continua preocupado com eletrodoméstico que pode queimar, com a segurança das casas, já que os assaltos aumentaram... É tão absurdo que a impressão que dá é que a gente está naqueles filmes apocalípticos de fim do mundo” (sic), avalia Miragaia.
Enquanto adiam datas ou oferecem migalhas à população, o apagão que já dura mais de 240h e atinge cerca de 700 mil pessoas ainda não tem um fim. O Governo do Amapá, representantes da Aneel (União), da Companhia de Energia do Amapá (CEA) e da empresa Isolux tinham até a quinta-feira (12) passada para restabelecer a energia completamente sob pena de multa. A previsão, agora, é que o racionamento e a humilhação continuem até o final desse mês...
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