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ENTENDA

Os hipopótamos de Pablo Escobar podem chegar à Amazônia? Biólogos explicam

Depois que o chefão da cocaína foi morto, os hipopótamos de seu zoológico particular começaram a se reproduzir em um dos principais rios do país e agora são uma emaça ao meio ambiente

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Imagem ilustrativa da notícia Os hipopótamos de Pablo Escobar podem chegar à Amazônia? Biólogos explicam camera Grupo original era composto por quatro animais e pode chegar a milhares se nada for feito | Reprodução

Há três décadas, a Colômbia tenta esquecer o nome de Pablo Escobar. O líder do cartel de drogas de Medellín foi responsável por um período de terror na história do país, protagonizado por sequestros, bombardeios e assassinatos. O “Patrón”, como era conhecido, também desencadeou o que os cientistas chamaram de uma “bomba-relógio biológica”.

Pablo chegou a ser considerado um dos homens mais ricos do mundo e esbanjava sua fortuna de forma megalomaníaca. Uma de suas aquisições foi um grupo de hipopótamos importados diretamente para uma de suas propriedades, a luxuosa Hacienda Nápoles, a cerca de 250 km (155 milhas) a noroeste da capital Bogotá.

Quando Escobar foi morto, em 1993, as autoridades confiscaram os bens e propriedades do chefão da cocaína. Foi quando começou a ascensão dos mamíferos, que ficaram conhecidos como “hipopótamos da cocaína”.

Todos os animais do zoológico particular do mafioso foram realocados para zoológicos de todo país. Menos os hipopótamos, por serem “logisticamente difícil transportá-los, então as autoridades simplesmente os deixaram lá, provavelmente pensando que os animais morreriam", diz Nataly Castelblanco, uma das autoras do estudo, segundo informações da BBC.

Originalmente, eram um macho e três fêmeas.

Mas, ao contrário da expectativa, os hipopótamos prosperaram ao longo do rio Magdalena, um dos principais cursos de água do país. Cientistas estimam que entre 80 a 120 animais vivem nas águas colombianas. "É o maior rebanho de hipopótamos fora da África, que é sua região nativa", afirma o veterinário e conservacionista Carlos Valderrama à BBC.

As projeções apontam que a população deve ficar maior e chegar a mais de 1.400 espécimes em 2034. Para tentar frear isso, foi anunciado no mês passado que só um abate em massa poderia inibir o crescimento dos animais que pode trazer sérios impactos no meio ambiente.

O impacto ambiental que esses animais podem causar são vários. Como o deslocamento de espécies nativas já ameaçadas de extinção, como o peixe-boi, e até alteração da composição química da água que pode colocar a pesca em risco. Outros estudos também sugerem mudanças positivas com a ascensão dos hipopótamos.

ELES PODEM CHEGAR À AMAZÔNIA?

O DOL entrou em contato com o biólogo colombiano Oscar Javier Cadena Castañeda, mestre em Ciências Biológicas pelo Instituto Tecnológico Nacional do México, que disse que é bem improvável que os "hipopótamos da cocaína" cheguem à Amazônia ou ao Brasil. Segundo ele, uma parte da Cordilheira dos Andes separa a Amazônia do vale onde estão os mamíferos.

“Pelo que sei da situação dos hipopótamos de Pablo Escobar, eles estão no Vale do Magdalena, onde passa o rio do mesmo nome. Esse vale e esse rio estão entre as cordilheiras central e oeste, sem qualquer ligação com nenhum afluente que se conectam com a Amazônia. Por isso é improvável que sem interferência humana cheguem a outro país, estão muito isolados pela orogenia [processo de formação das montanhas]”, explica o cientista.

Ou seja, eles estão “isolados” no Vale do Magdalena, cercados pelas cordilheiras central e oeste.

Como é possível perceber no mapa, o rio Magdalena está isolado pelas cordilheiras dos Andes
📷 Como é possível perceber no mapa, o rio Magdalena está isolado pelas cordilheiras dos Andes |(Imagem: Wikipedia)

Castañeda também enfatiza que não é provável que eles também cheguem à América Central. Além de terem que ir da Colômbia ao Panamá, teriam que cruzar o desfiladeiro de Darién, uma “impenetrável” serra arborizada. “Nem a rodovia Panamericana poderia abrir o caminho até lá”, explica o biólogo, que é a favor do abate dos animais para evitar um impacto no meio ambiente.

“Isso vem sido debatido há anos, mas só agora o governo está aceitando. Os ‘abraçadores de árvores’ que não têm noção ou não entendem o impacto desses animais no vale do Magdalena que não querem que eles sejam sacrificados”, critica Castañeda.

O doutorando em zoologia pela Universidade Federal do Pará, Gustavo Costa Tavares, também falou com o DOL sobre o comportamento dos hipopótamos e a possibilidade de uma migração para terras brasileiras.

“Hipopótamos são bichos de áreas baixas pois se alimentam de grama e precisam de água para passar o dia. Fora da água não sobrevivem por muito tempo”, ressalta Gustavo. “Então, se eles de fato estão lá, isolados no Vale do Magdalena, acredito ser improvável que cheguem aqui”, diz o biólogo.

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