Com o início da aplicação das primeiras injeções contra a covid-19 no país, uma dúvida emerge: quando o impacto da vacinação no controle da pandemia será notado? Para três analistas consultados por GZH, isso só deve acontecer quando for ampliada a cobertura vacinal de idosos e profissionais da saúde, os mais suscetíveis a casos graves da doença. 

Há vários fatores a serem considerados nas estimativas de quando a pandemia perderá força: a campanha de vacinação está em ritmo baixo, há atrasos por falhas na logística (como a demora para obter o ingrediente farmacêutico ativo, o IFA), a população brasileira é grande, há mutações do vírus que podem reduzir a eficácia das vacinas e as imunizações compradas pelo Ministério da Saúde são de menor eficácia – é necessário, então, aplicar doses em mais pessoas para alcançar algum benefício na comunidade. 

Na prática, analistas destacam que, no início, a tendência será de queda no número de hospitalizações e de mortes, uma vez que os primeiros vacinados são os que correm mais risco de vida e estarão protegidos. Depois, conforme a campanha englobar mais brasileiros, o número de casos cairá. 

— Eu diria que, para ter algum efeito, precisamos de pelo menos 30% da população imunizada. Não é um número definitivo, mas a conta é que, se tem 11,3 milhões de gaúchos, precisamos de uns 3 milhões de vacinados para começarmos a perceber uma diminuição importante na circulação — analisa Pedro Hallal, professor de Epidemiologia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador da maior pesquisa do mundo sobre a prevalência de coronavírus na população, a Epicovid. 

— Precisamos chegar a um número mágico: vacinar 2 milhões de pessoas por dia. Quando isso acontecer, vacinaremos toda a população brasileira em cem dias e aplicaremos a segunda dose em 200 dias. Se fizermos isso, entraremos no rumo certo para chegar ao meio do ano com uma grande quantidade de vacinados. Não sei se chegaremos a isso, as informações atuais inclusive não permitem, o governo jogou fora 70 milhões de doses da Pfizer, mas tenho expectativa de que o Brasil retomará o espaço como referência mundial em campanha de vacinação — afirma Hallal.  

Ainda não dá para saber. Dependemos da vacinação e de outras descobertas:

 - A campanha de vacinação precisa acelerar

 - O Brasil precisa de doses

 - Todos os idosos precisam ser vacinados

 - Estudos precisam mostrar se os vacinados ainda transmitem

 - Precisamos saber quando crianças e adolescentes serão vacinados

MAIS ACESSADAS