
O único fundador vivo do PCC (Primeiro Comando da Capital), José Márcio Felício, 59, o Geleião, está hospitalizado. Internado nesta sexta-feira (09), no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário, na zona norte da capital, o preso está tratando complicações relacionadas à covid-19.
Segundo fontes do sistema prisional, o quadro de saúde de Geleião é gravíssimo.
Cumprindo pena na Penitenciária de Iaras (SP). A Secretaria Estadual da Administração Penitenciária confirmou em nota a internação do prisioneiro
A mulher de Geleião, Ana Paula Felício, 41, contou que não foi avisada sobre a internação do marido pela direção da Penitenciária de Iaras, e tampouco sobre o estado de saúde dele.
"Ninguém da unidade me avisou. Eu estou indignada. Soube por você. Depois telefonei para o diretor do presídio e ele me confirmou. Mas disse que o caso era sigiloso e não podia me informar para qual hospital o José Márcio foi transferido. Eu respondi que não havia nada secreto porque já tinham vazado a informação para a imprensa", reclamou em entrevista ao UOL.
Mesmo com essa explicação sobre sigilo, o repórter Rogério Pagnan, da Folha de S.Paulo, já havia publicado em primeira mão a notícia, antes mesmo de Ana Paula ter ligado para o diretor da penitenciária.
Ela contou ao UOL que a última vez que viu Geleião foi em janeiro. Ana Paula explicou que o preso é o único em Iaras que podia receber visita no chamado RO, o setor conhecido como Regime de Observação, afastado dos pavilhões habitacionais.
Geleião disse para ela durante a visita que muitos presos tinham contraído a covid na unidade. "Ele me falou que muitos detentos nos pavilhões e até no castigo estavam com essa doença", disse.
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, desde o início da pandemia 13.410 presos testaram positivo para Covid-19. Destes, 13.171 ou 97,91% estão recuperados e 42 vieram a óbito.
No local, também está preso Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, acusado de ter estuprado e matado seis mulheres e de ter tentado assassinar outras nove na mata do Parque do Estado, na zona sul da capital.
Ana Paula ainda disse que visitou Geleião das 9h até as 16h, e que o único problema de saúde dele, relatado por ela, era pressão alta. "Era só essa comorbidade. Ele sempre fez muitos exercícios físicos e se mantinha em forma. Amarrava até panos nas mãos e socava o concreto como se fosse um saco de areia usado pelos lutadores de boxe", lembrou.
Porém, fontes do sistema prisional disseram que Geleião está com 50% dos pulmões comprometidos. Ele foi removido às pressas sob forte aparato policial.
Preso desde 1979
Condenado a 142 anos de prisão, o fundador do PCC está preso ininterruptamente desde 1979. A pena dele pode aumentar ainda mais, já que responde a processo pelas mortes de três presos e de um agente penitenciário durante rebelião de junho de 2001, quando estava recolhido na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná.
Em 31 de agosto de 1993, Geleião e outros sete presos fundaram o PCC na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no Vale do Paraíba. Nove anos depois, ele foi excluído da facção criminosa, após uma guerra interna, e desde então passou a ser jurado de morte pelos rivais.
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