A funcionária da cozinha Silmara Cristina Andrade, 51 anos, da escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), foi a primeira profissional da educação vacinada contra a Covid-19 desta categoria no estado de São Paulo. A escolha da escola estadual em Suzano como sede para a primeira vacinação é um ato simbólico.
O estabelecimento foi palco de um massacre, em 13 de março de 2019, quando um ex-aluno, Guilherme Taucci, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25, entraram no colégio armados e atiraram e mataram cinco estudantes e duas funcionárias. Outras 11 pessoas saíram feridas do ataque.
Silmara foi uma das pessoas que ajudaram os estudantes a se esconder na cozinha durante o ataque -foram cerca de 50 alunos que permaneceram na área da cozinha até que chegasse a polícia.
"Não esperava que ia ser tão rápido. É muita emoção", disse a merendeira, que recebeu a primeira dose da enfermeira Jéssica Pires, na manhã de sábado (10), com lágrimas nos olhos de felicidade.
Iniciamos hoje a vacinação dos profissionais da educação na escola Raul Brasil, em Suzano. A primeira vacinada foi Silmara de Moraes, a merendeira que ajudou a salvar alguns dos alunos durante a triste tragédia em 2019. pic.twitter.com/5YoLHQGbxd
— João Doria (@jdoriajr) April 10, 2021
Silmara trabalha na cozinha da escola há 11 anos.
A vacinação dos profissionais de educação estava prevista para a próxima segunda-feira (12), mas foi antecipada para este sábado. Além dos professores, serão vacinados todos os profissionais da área de educação como merendeiras, secretaria,
O evento que marcou início da vacinação nos profissionais de educação ocorreu na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, região da Grande São Paulo, e contou com a presença do governador João Doria (PSDB) e dos secretários de Educação, Rossieli Soares, e da Saúde, Jean Gorinchteyn.
"É a primeira escola do Brasil, não só do estado de São Paulo, a iniciar a vacinação dos profissionais de educação na sua cidade", disse Doria.
Após Silmara, o segundo a receber a vacina foi o professor de matemática, também da escola Raul Brasil, Aguinaldo dos Reis Xavier, 49, que afirmou, pela regra de idade, só iria receber a vacina após as vezes pessoas com 50 anos ou mais.
"A sensação é de emoção, realização. Não doeu nada. Estou aliviado. Só na minha rua duas pessoas morreram [de Covid], dá muito medo", disse o professor.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, serão imunizadas mais de 350 mil pessoas, representando 40% de todos os profissionais da educação básica em São Paulo.
Questionado sobre quantas pessoas já haviam feito o cadastro até a última sexta-feira (9), mais de 463 mil, o secretário estadual da educação Rossieli Soares disse que esses 350 mil se referem aos profissionais com mais de 47 anos, mas já estão adiantando o cadastro de outros profissionais.
"Temos um cadastro diferente dos outros para ter a segurança que é um profissional, realmente frequenta a escola, justamente para quem está na atividade e precisa [da vacina] para ter um retorno seguro".
Soares afirmou ainda que a vacinação dos outros grupos estão em discussão com a Secretaria Estadual da Saúde, e levantou críticas ao governo federal quanto à entrega de doses.
"Temos uma frustração infelizmente das vacinas que vem do governo federal, poderíamos ter muito mais vacinas e estar adiantados. O que segura hoje é a vacina do Butantan", disse.
Questionado se não terá a testagem em massa dos profissionais da educação para o retorno às aulas, como está sendo feito pela secretaria municipal de São Paulo, Soares disse que o protocolo estadual contraindica a testagem massivo.
"Não serve para nada, você faz o teste quando tem sintomas para o afastamento. Qualquer outra rede que esteja fazendo deve ser questionada, nós não vamos fazer testagem em massa", afirmou.
"Não para escola. A ciência fala isso, fazer testes em pessoas sintomáticas você pega mais. Fazer testes em pessoas assintomáticas não serve para nada. Outras pessoas podem estar inventado outra ciência.
"A posição do secretário, no entanto, é o contrário do que preconiza a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle de Doenças (CDC) norte-americano, que defendem a testagem em massa para, a cada 20 testes feitos, detectar um caso positivo, oi uma taxa de positividade de 5%.
Em setembro de 2020, a prefeitura de São Paulo anunciou a testagem de 777 mil professores e alunos da rede municipal para poder garantir o retorno seguro as aulas.
Na próxima segunda-feira (12), as aulas irão retomar na escola, assim como em toda a rede estadual, com capacidade limitada a 35% dos alunos.
Na cidade de São Paulo, os docentes e profissionais de educação poderão buscar as quase 90 Unidades Básicas de Saúde para a vacinação. Os 20 drive-thrus espalhados pela cidade também irão oferecer a imunização para os profissionais de educação.
Diferentemente das pessoas com idades acima de 67 anos e os profissionais de saúde, incluídos na primeira fase de vacinação, o cadastro dos professores para receber a vacina é feito pelo endereço https://vacinaja.educacao.sp.gov.br/.
Nele, o trabalhadores precisa informar o seu CPF e demais dados pessoais para comprovar que trabalha na rede de ensino. Para as redes municipais, particulares e federal, também é necessário apresentar os dois últimos contracheques para evitar fraudes.
Somente após essa análise, feita pela direção da escola, é que é emitido um QRCode que o profissional deverá levar para o local de vacinação com um documento pessoal.
Até a última sexta-feira (9), a plataforma recebeu 463 mil cadastros, dos quais 279.477 se enquadram no público-alvo, e somente 153.549 já possuem o QRCode e poderão procurar os postos de saúde para serem imunizados. Os demais terão de aguardar análise.
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