Na tentativa de adquirir um novo medicamento que não tem comprovação científica contra o novo coronavírus, o Governo Federal montou uma equipe e enviou uma comitiva presidencial a Israel, entre 7 e 9 de março.
Apesar da tentativa, que resultou em zero acordos e soluções para o Brasil, a viagem não foi tão barata quanto parece, e custou ao menos R$ 88,2 mil. A cooperação entre o país e a empresa israelense que desenvolve um spray nasal em fase de testes para um possível tratamento contra a Covid-19 não teve resultados.
O Ministério das Relações Exteriores confirmou as informações em uma resposta, de 44 páginas, a questionamentos da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. Segundo o Itamaraty, foram gastos 14,2 mil dólares, 1,6 mil euros e R$ 2,7 mil em passagens, alimentação, hospedagens, reservas de salas e diárias, entre outras despesas. Esses valores ainda não contemplam os custos de deslocamento em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
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A comitiva era composta pelo ex-chanceler Ernesto Araújo; os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Helio Lopes (PSL-RJ); o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten; os assessores do Palácio do Planalto Filipe Martins e Max Moura; auxiliares do Itamaraty; e apenas dois técnicos: Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, e Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia.
De acordo com o ofício do Itamaraty, o acordo entre o Brasil e o fabricante israelense não foi acertado apenas pela falta de assinaturas de representantes do Ministério da Saúde brasileiro.
“No que diz respeito à carta de intenções entre o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério da Saúde e a OBCTCCD24 LTDA (empresa israelense) sobre cooperação em relação ao spray nasal EXO-CD24, cujo objetivo seria consolidar a intenção do governo brasileiro de dar continuidade ao diálogo sobre cooperação com aquela empresa, o projeto de carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde e não chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociação internacional”, diz o documento.
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A viagem da comitiva brasileira a Israel ficou marcada pelo constrangimento de representantes brasileiros serem cobrados pelo uso de máscara durante uma reunião com o chanceler israelense Gabi Ashkenazi. O então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, chegou a ser alertado pela chancelaria israelense para que colocasse a máscara para posar para uma foto com Ashkenazi.
Além disso, a comitiva brasileira também foi orientada a se sentar com distanciamento social de cadeiras no auditório em que ocorreu a cerimônia de boas-vindas do grupo.
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