Em tendência de alta, a demanda por leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para tratamento da Covid-19 cresceu ao longo da última semana, e a ocupação chegou a 100% em três capitais nos últimos dias.
Curitiba, Campo Grande e Aracaju enfrentam um cenário de colapso no sistema de saúde pública, com ocupação igual ou superior a 100% dos leitos, e registram filas de pacientes infectados com o coronavírus aguardando por uma vaga de terapia intensiva.
Ao todo, são dez capitais com ocupação de leitos acima de 90%, sendo que em oito delas mais de 95% das vagas disponíveis estão ocupadas. Na maior parte dos casos, os leitos disponíveis são os que vagaram recentemente e ainda estão sendo preparados para receber novos pacientes. Há capitais em cenário crítico em todas as cinco regiões do país.
Dentre os estados do Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso inspiram maior preocupação, mas também há tendência de alta na demanda por leitos em Goiás.
No Distrito Federal, a taxa de ocupação teve leve queda em relação à última semana -passou de 95% para 84%. O total, porém, tem tido oscilações. O volume é calculado com base no número de leitos em operação no momento.
Mesmo com o cenário crítico, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal foram escolhidos para sediar jogos da Copa América de futebol, que deve ser realizada neste mês no Brasil.
Na região sul, Curitiba é a capital que enfrenta mais pressão por leitos nas últimas semanas. Menos de dois meses após flexibilizar regras de circulação, a capital paranaense retornou no sábado (29) à bandeira vermelha, permitindo o funcionamento total apenas de serviços essenciais.
O quadro também é grave na maioria das capitais dos estados do Nordeste, com destaque para Aracaju, Recife, Natal, São Luís e Fortaleza, todas com ocupação acima de 90% dos leitos de UTI.
A pressão por leitos preocupa as autoridades locais, sobretudo porque o mês de junho é marcado pelos festejos juninos. Mesmo com a proibição de festas e eventos, os estados da região registraram um pico de casos no ano passado após o período do São João.
Também houve avanço na ocupação de leitos no Maranhão, que passou de 75% para 83%, especialmente na Grande Ilha, que inclui a capital. Em São Luís, o percentual de leitos para pacientes graves ocupados subiu de 95% para 98%.
Em Pernambuco, a situação permanece crítica. O estado tem 98% das vagas de UTI para Covid-19 ocupadas. Há 1.691 doentes graves recebendo cuidados intensivos. É o maior número desde o início da pandemia.
O cenário da pandemia também se agravou em Fortaleza. A taxa de ocupação de UTIs na rede pública pulou de 89% para 94% em uma semana.
No Rio Grande Norte, a taxa de ocupação de leitos chegou a 98%, com seis leitos disponíveis e 91 pessoas à espera de vagas em UTI -a contagem desconsidera leitos bloqueados, que não podem ser usados. Na Grande Natal, a taxa de ocupação também era de 98%.
Estados como Bahia, Piauí, Paraíba e Alagoas ainda não chegaram ao patamar de 90% dos leitos para pacientes graves, mas seguem em tendência de alta.
Alagoas apresentou uma piora significativa. Depois de três meses, com taxa de ocupação de UTIs abaixo de 90%, o índice desta segunda-feira chegou a 92%.
Dentre as capitais do Sudeste, o Rio de Janeiro enfrenta o pior cenário, com a ocupação de UTIs acima de 90% há ao menos três meses, chegando a 95% nesta segunda-feira. Apesar disso, o prefeito Eduardo Paes (PSD) liberou rodas de samba, reduziu o espaço exigido entre mesas e extinguiu horário limite para música ao vivo em estabelecimentos.
Na cidade de São Paulo, a situação também é de alerta: 81% dos leitos para pacientes graves estão ocupados. A capital conta com 1.371 leitos de UTI, e 1.321 de enfermaria para Covid-19.
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