Construções irregulares estão espalhadas por várias partes do Rio de Janeiro. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Luiz Cosenza, a instituição registra por ano, em média, 3,5 mil construções irregulares no Estado, segundo informações publicadas pela CNN.
Na madrugada desta quinta-feira (03), um prédio de quatro andares desabou na na comunidade Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro. Um incêndio foi controlado no local após o desabamento.
O Corpo de Bombeiros confirmou, até o começo da tarde, duas mortes. As vítimas foram um homem de 30 anos e uma menina. A criança teria idade entre dois e três anos. Eles são pai e filha.
#Atualização
— Prefeitura do Rio (@Prefeitura_Rio) June 3, 2021
O @cbmerjoficial, infelizmente, confirma uma segunda morte, a do pai da criança falecida.
A @Saude_Rio informa que uma paciente de 28 anos segue internada no Hospital Municipal Lourenço Jorge. No Hospital Miguel Couto está uma mulher resgatada dos escombros.
A construção que desabou era irregular, segundo a Secretaria Municipal de Habitação. Os bombeiros seguem no local.
Outras quatro pessoas (três mulheres e um homem) foram resgatadas com vida dos escombros. Três feridos foram encaminhados para atendimento médico no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e uma para o Miguel Couto, no Leblon.
A região é dominada por milícias, que têm como uma de suas principais receitas a exploração imobiliária e venda de imóveis irregulares.
A Polícia Civil informou, em nota, que montou uma força-tarefa reunindo a 16ª DP (Barra da Tijuca), a 32ª DP (Taquara), a DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) e a Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) para apurar o desabamento e o possível envolvimento de milicianos em construções irregulares.
Segundo informações iniciais, de acordo com a polícia, o imóvel que desabou era antigo e foi construído há mais de 20 anos por familiares que moravam no local e sua construção não teria ligação com a milícia.
A Polícia Civil também disse que agentes estiveram no local, onde conversaram com testemunhas e vítimas. A perícia será feita assim que os bombeiros terminarem o trabalho.
O prédio, localizado entre a avenida Areinha e a rua das Uvas, ruiu entre 3h e 3h30. Antes do desabamento, testemunhas relatam ter ouvido "estalos" e barulho de explosão.
"A Secretaria Municipal de Habitação informa que a construção que desabou no Rio das Pedras, na madrugada desta quinta, era irregular. A equipe da SMH está no local para prestar o atendimento necessário às famílias", aponta nota divulgada pela Prefeitura do Rio.
Bombeiros, policiais militares, equipes da Defesa Civil, da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Assistência Social foram acionados para o atendimento.
ATUALIZAÇÃO | RIO DAS PEDRAS: A interdição na av. da Areinha, altura da r. das Uvas, continua, nesta tarde, devido ao desabamento de um imóvel. Equipes da Prefeitura, assim como Bombeiros e PMERJ, seguem atuando na região. #zonaoeste pic.twitter.com/sfrzLsL3Jb
— Centro de Operações Rio (@OperacoesRio) June 3, 2021
Ruas da região foram interditadas para o trabalho de resgate. Ainda não há informações oficiais sobre as causas do desabamento.
Duas das três pessoas encaminhadas para o hospital Lourenço Jorge já tiveram alta. Uma mulher de 28 anos permanece sob cuidados na unidade, com quadro estável.
Para o Miguel Couto, foi levada uma mulher de 26 anos, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. No final da manhã, a paciente passava por avaliação e exames.
Técnicos da Defesa Civil Municipal avaliam os danos que teriam sido causados em outras quatro edificações (uma à direita e três à frente) e se haverá necessidade de novas interdições. A Secretaria Municipal de Assistência Social montou um ponto de acolhimento para atendimento de famílias.
Inicialmente, havia relato de 12 pessoas feridas, mas a informação foi atualizada pelos bombeiros.
O caso aconteceu na mesma região da tragédia de Muzema, que deixou 24 mortos e sete feridos após dois edifícios ruírem no condomínio Figueiras de Itanhangá, em abril de 2019. Os milicianos atuam com grilagem de terras em Rio das Pedras e na comunidade de Muzema.
O vereador Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que o prédio que desabou nesta madrugada faz parte da "cidade ilegal, das milícias". "No lugar dos tapetes de cores de Corpus Christi, escombros e dor", disse, sobre o fato desta quinta ser uma data religiosa.
Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu, por meio da 1ª Vara Criminal, soltar três réus acusados pelo desabamento que matou as 24 pessoas na comunidade da Muzema, sob a alegação de excesso de prazo na prisão preventiva.
O Ministério Público do Rio de Janeiro foi contrário à revogação das prisões e alegou que não é possível falar em excesso de prazo porque o processo é complexo. "Assim, o decurso do prazo de dois anos, mormente durante período de pandemia, que já se alonga por mais de um ano, é na verdade não moroso, mas rápido", argumentou o órgão.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar