A pandemia do novo coronavírus além de trazer uma doença que até então tinha origem desconhecida pelos cientistas, trouxe também o isolamento social, um dos protocolos de segurança para frear a disseminação do vírus. No entanto, esse protocolo fez com que as mulheres passassem mais tempo dentro de casa com seus cônjuges, aumentando assim os casos de violência doméstica.
De acordo com dados do projeto "Justiceiras", - criado há um ano com o objetivo de acolher mulheres vítimas de violência doméstica - os casos duplicaram durante o período da pandemia. Ainda Segundo a entidade, em 2021, a quantidade de denúncias que antes era de 340 casos por mês, saltou para 658 denúncias em março, com o início de novas parcerias.
Os dados comprovam o que diariamente saem nas mídias. E nesta semana, um caso de violência doméstica chamou atenção após a vítima ligar para a Polícia Militar simulando um pedido de açaí, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
A mulher, que teve a identidade preservada, sofria violência doméstica e pediu ajuda à Brigada Militar, como é chamada a polícia militar no RS. O caso aconteceu no último sábado (5), o companheiro da vítima foi preso.
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De acordo com Danilo Garcia, soldado da Central de Atendimento do Departamento de Comando de Controle Integrado da Capital, o telefone tocou por volta das 7h. Veja abaixo a reprodução da ligação, que a RBS TV teve acesso.
Atendente: Bom dia, Soldado Garcia, qual sua emergência?
Vítima: Queria um açaí.
Atendente: Não entendi...
Vítima: Ah eu queria um açaí
Atendente: A senhora ligou pro 190, para a Brigada Militar
Vítima: Eu sei, eu sei…
Atendente: Mas tá ocorrendo alguma coisa aí senhora?
Vítima: Sim, eu queria um açaí
Atendente: A senhora tá sendo agredida?
Vítima: Sim, eu queria um açaí moço…
Atendente: Vou informar ao batalhão da área, tá bom?
Vítima: Tá.
"No momento disso eu já comecei a pegar o endereço dela. Após pegar o endereço dela, ela estava no telefone e tinha alguém próximo dela e deu pra ver que eles estavam em atrito e aí a gente confirmou que era um pedido de socorro e através disso já enviei para o batalhão da área e eles enviaram uma viatura no local e constataram que era um agressão", disse o soldado.
A Brigada Militar chegou pouco tempo depois na casa e o suspeito foi preso em flagrante. Segundo a polícia, a mulher tinha sido agredida com tapas e empurrões do companheiro.
"Ela relatou justamente que houve esses empurrões e esses tapas assim não houve desdobramentos mais graves porque justamente ela teve iniciativa de recorrer e ligar pra BM e solicitar atendimento no primeiro momento, primeiro estagio de violência doméstica que é justamente o que nós orientamos que a vítima faça", disse a delegada da Delegacia da Mulher de Porto Alegre, Jeiselaure Rocha de Souza.
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O relacionamento era recente, mas o homem já tinha histórico de agressão. Ele foi solto, mas a mulher entrou com uma medida protetiva contra ele.
"A partir de então essa vítima tem uma medida protetiva em seu favor, ela está em segurança, nossa equipe entrou em contato porque é de praxe da Polícia Civil nesses casos entrar em contato com a vítima para orientar né, que caso tenha uma nova ameaça ou caso haja um descumprimento dessa medida protetiva que ela procure a polícia para que a gente faça a prisão em flagrante ou represente pela prisão preventiva do agressor", destacou a delegada.
Se você já presenciou ou é vítima de violência doméstica, denuncie!
As denúncias podem ser feitas através do Disque Denúncia 180 da Central de Atendimento à Mulher ou pelo contato da Combel, no número (91) 98896-1453, que funciona de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h.
SOS Mulher
Além disso, o aplicativo SOS Mulher, também recebe denúncias de violência doméstica e outras violações dos direitos humanos. O aplicativo foi desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB) em parceira com o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA). As denúncias vão direto para a Guarda Municipal, que faz a averiguação dos casos. O aplicativo está disponível para os sistemas Android e iOS.
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