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Classe média sente mais o peso da inflação neste ano

O estudo com dados até maio foi divulgado nesta segunda-feira (14).

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Imagem ilustrativa da notícia Classe
média sente mais o peso da inflação neste ano camera No acumulado de 12 meses, os mais pobres seguem sentindo a principal alta de preços | Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ao longo deste ano, as famílias da classe média sentiram o maior impacto da alta de preços de produtos e serviços no país. De janeiro a maio, a inflação subiu 3,46% para esse grupo, cuja renda domiciliar é calculada entre R$ 4.127,41 e R$ 8.254,83 por mês.

O avanço é o maior entre as seis faixas de rendimento analisadas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O estudo com dados até maio foi divulgado nesta segunda-feira (14).

O resultado reflete uma combinação de recentes aumentos em produtos e serviços com grande peso na cesta de consumo da classe média, diz Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea.

Nesse caso, pesaram os aumentos nos preços de itens como combustíveis, energia elétrica, artigos de residência e medicamentos, que foram maiores nos últimos meses, gerando peso adicional para o bolso dessa camada.

"Tudo isso pesa para o grupo, e, ao mesmo tempo, não tem nada dando alívio. Para os mais ricos, por exemplo, houve deflação [queda de preços] de passagens aéreas. Já os mais pobres sentem a alta de alimentos, mas não estão comprando um computador ou outros equipamentos eletrônicos. É a classe média que compra esses produtos e paga mais caro", explica a pesquisadora.

No ano, a segunda maior inflação, de 3,38%, foi registrada pelo grupo de renda média-baixa. O rendimento desse grupo fica entre R$ 2.471,09 e R$ 4.127,41 por mês.

Na renda alta (acima de R$ 16.509,66), o avanço dos itens mais consumidos ficou em 3,02% no acumulado até maio. Enquanto isso, os mais pobres, com renda considerada muito baixa (até R$ 1.650,50), observaram crescimento de 3%.

Maria Andreia destaca que os preços dos alimentos diminuíram o nível de alta nos últimos meses, se comparados ao ano passado, o que impediu um impacto ainda maior no orçamento de quem tem menos dinheiro. A comida ficou mais cara principalmente ao longo do ano passado.

Sinal disso é que, no acumulado de 12 meses, os mais pobres seguem sentindo a principal alta de preços. Nesse tipo de recorte, a parcela com renda muito baixa registrou inflação de 8,91% até maio. A pesquisa do Ipea destaca que o crescimento está em patamar superior ao observado na faixa de renda alta (6,3%). Na renda média, a elevação ficou em 7,94%.

"A análise de 12 meses contempla o período de junho de 2020 a maio de 2021. A inflação do segundo semestre do ano passado foi bastante impactada por alimentos, que têm grande peso no orçamento das famílias de renda muito baixa. Os mais ricos tiveram um alívio com alguns preços, como os educação e serviços de recreação", diz Maria Andreia.

Após desacelerar em abril, a inflação voltou a registrar aumento em maio para todas as classes pesquisadas, segundo o Ipea. A alta nos preços foi maior para as famílias de renda muito baixa (0,92%).

Conforme Maria Andreia, o avanço da vacinação contra a Covid-19 pode estimular no segundo semestre a retomada de serviços que sofreram com restrições na pandemia. A demanda maior poderia gerar nova pressão nos preços, especialmente para as camadas com renda mais elevada.

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