Após pouco mais de duas semanas de paralisação por conta do recesso parlamentar, a CPI da Pandemia retorna nesta terça-feira (3) com o depoimento do homem que está à frente da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), reverendo Amilton Gomes de Paula.
Nesta segunda fase dos trabalhos, os senadores devem se debruçar sobre a apuração de casos de empresas que intermediaram a compra de vacinas entre o Ministério da Saúde e os laboratórios.
A Senah atua como uma espécie de ONG e o reverendo é apontado como a pessoa que abriu as portas da Saúde à Davati Medical Supply, empresa que tinha como representante o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominghetti, que prometia 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
A convocação do reverendo foi apresentada pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). No pedido, o parlamentar cita uma reportagem veiculada pela Rede Globo que mostrava e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da Senah, 400 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.
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Inicialmente, a previsão era ouvir Amilton de Paula no dia 14 de julho. O depoimento, no entanto, foi adiado após o reverendo apresentar um atestado médico que apontava problemas nos rins. Posteriormente, a perícia médica do Senado confirmou o quadro clínico do depoente.
Já recuperado, Amilton de Paula falará aos senadores amparado por um habeas corpus, concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux. O documento garante o silêncio parcial do depoente, visto que ele não precisará responder questionamentos que possam incriminá-lo. O presidente da Corte, porém, negou o pedido apresentado pela defesa de Amilton de não comparecer ou se retirar da sessão.
Votação de novos requerimentos
Além do depoimento do reverendo, consta na pauta da CPI a apreciação de mais de 100 requerimentos. Entre os requerimentos de convocação se destacam o do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde coronel Elcio Franco e da ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido Andrea Siqueira Valle.
Já no âmbito das quebras de sigilo, os parlamentares miram, em especial, no blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, no deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), no procurador da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, no vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominguetti e no próprio depoente Amilton Gomes de Paula.
Por fim, a CPI deve analisar também o pedido judicial para o afastamento de Mayra Pinheiro do cargo de Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.
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