Depois de passar os últimos sete anos vendendo água mineral no semáforo para bancar os estudos, o jovem Daniel Santos, de 27 anos, conseguiu ser aprovado no concurso da Polícia Militar da Bahia. O concurso público foi um dos mais concorridos do país.
Morador da rua em Feira de Santana, o recém-aprovado conta que a vontade de seguir carreira policial surgiu ainda na adolescência, quando foi selecionado para servir ao Exército, aos 17 anos. “Não era o meu plano, mas acabei direcionado e fui”, lembra Daniel, que é concurseiro há cinco anos e perdeu a mãe para o lúpus há 11 meses.
Daniel revelou que teve que trancar os estudos no último ano do ensino médio para entrar no serviço militar obrigatório. “Foi difícil, mas pensei: ‘Se estou aqui, vou dar o meu melhor’. No fim, acabei sendo destaque”, relembra.
Após esse período, o jovem deixou o Exército para cursar engenharia civil, seu sonho de infância. Ele, então, concluiu o terceiro ano do ensino médio e já entrou na faculdade. Porém a saída do militarismo foi um processo difícil.
“Quando saí do quartel, estava desempregado. Eu tinha 19 para 20 anos e comecei a fazer bicos, mas não dava para conciliar com os estudos”, explica. Foi nesse momento que Daniel teve a ideia de vender água mineral no semáforo de sua cidade, Feira de Santana (BA). “Pagou meus estudos e me deu a chance de viajar para fazer os concursos e pagar os materiais.”
Entre 2017 a 2019, Daniel chegou a ser aprovado no concurso da Policia Militar, mas a nomeação não veio. Na segunda ocasião, a homologação coincidiu com a data que a mãe do jovem deu entrada no hospital, onde morreria poucos dias depois. Ela foi vítima da doença autoimune lúpus, mas conseguiu ter uma última conversa com o filho.
“Eu conversei com ela por alguns minutos, na última vez que a vi, e ela me disse que aqueles eram os primeiros passos”, relembra o rapaz.
E a aprovação veio. Na última semana, Daniel apareceu em 11º lugar na lista de aprovados no concurso da Polícia Militar de Salvador. Ao relembrar a trajetória e apesar das dificuldades, Daniel sempre soube que o momento certo viria. “Nunca duvidei que eu ia colher os frutos que estava plantando. Só não sabia quando”, finaliza.
Confira a comemoração de Daniel e amigos:
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