Anualmente, pouco antes de chegar o verão, é aberta a temporada pela busca por um corpo magro e sarado. Muita gente testa todas as dietas da moda, faz jejum e se atira nos suplementos e exercícios físicos intensamente para um resultado em pouco tempo. É a busca pelo milagre.
Para Cintia Cercato, endocrinologista da USP e presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), o caminho é outro. Ficar amigo da balança e do espelho exige tempo, planejamento e cautela.
A melhor mensagem é a moderação. "Você deve sempre ter um estilo de vida saudável e uma alimentação adequada ao longo do tempo. Por que esse desespero na semana do Natal, do Ano Novo e no verão, quando as pessoas querem perder peso a qualquer custo? O ideal é buscar ajuda assim que identificar o excesso de peso e não deixar para a última hora e fazer uma restrição calórica inadequada", orienta Cercato. A perda de peso para o verão deve começar meses antes.
A especialista chama a atenção para os riscos que as dietas extremamente restritivas oferecem. Eles surgem pelo fato de este tipo de regime dificultar a reposição das necessidades de micronutrientes. Como consequências, estão pele seca e queda de cabelo, hipotensão (pressão baixa), desidratação, tontura e fraqueza, e em alguns casos, quando as pessoas retiram muita proteína da dieta, podem sofrer arritmia cardíaca.
Segundo a Sobrac (Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas), trata-se de alterações elétricas que provocam modificações no ritmo das batidas do coração. Quando não diagnosticada e tratada corretamente, pode causar parada cardíaca, doenças no coração e a morte súbita.
"Geralmente, pessoas que fazem essas dietas malucas associam o uso de suplementos, que nem sempre são tão naturais como é dito, ou de diuréticos com a finalidade de reduzirem uns números na balança, o que pode agravar os efeitos colaterais", explica Cercato.
"Uma pesquisa realizada tempos atrás mostrou que esses suplementos vendidos em internet como naturais, na verdade, vinham contaminados com emagrecedores, derivados anfetamínicos. Neste caso, as consequências podem ser maiores. Nunca compre sem orientação médica, completa.
O jejum intermitente, que intercala períodos com e sem alimentação, também não é a melhor opção.
A estratégia tem sido usada para para tratar pessoas com excesso de peso ou obesidade. Ela não deve ser adotada por quem não se encaixa na indicação.
"Alguns estudos mostram que não é superior a uma dieta convencional. Faz perder peso como uma dieta tradicional. É uma ferramenta nutricional para tratar uma condição médica. E a gente vê pessoas com peso normal e até baixo peso que lançam mão do jejum porque querem perder [peso] por finalidades estéticas. Mesmo estratégias nutricionais podem fazer mal. Dieta também tem efeito colateral", ressalta.
O verão pode ser um motivador para as pessoas buscarem ajuda, mas não é o principal. O processo de emagrecimento é individualizado e deve ser acompanhado por um nutricionista e um médico.
"Não é ruim a pessoa querer estar bem. O problema é quais meios você vai buscar para se sentir melhor. Às vezes, pode ficar no pior fazendo coisas inadequadas. Isso é que é o perigo."
O que é considerado uma perda de peso adequada? De acordo com a médica, perder 10% do peso em quatro meses, por exemplo, e não em 15 dias. Para cada um quilo de peso perdido, é preciso reduzir cerca de sete mil calorias no gasto energético.
"Para eu perder três quilos em um mês, meu gasto energético precisa ficar negativo em 21 mil calorias. Eu não vou conseguir perder peso rápido, por exemplo, ficar três dias sem comer para perder um quilo. Não é nada recomendável. É importante as pessoas terem noção de que, mesmo fazendo uma restrição calórica adequada, não conseguirão atingir o resultado em poucos dias", ressalta Cercato.
Não são só as dietas radicais que atraem aqueles em busca de corpos sarados em curto prazo no verão, mas a atividade física também.
Fernando Cristopoliski, personal trainer da Companhia Athletica, diz que iniciar atividade física é ótimo. O erro é a intensidade com a qual é praticada, principalmente se são pessoas sedentárias. Neste caso, o começo deve ser de forma leve. Outro ponto observado é o objetivo com que a pessoa chega para a prática dos exercícios.
"O que normalmente acontece é que faltando um, dois meses para o verão as pessoas querem emagrecer dez quilos. Não é saudável. A média saudável de perda mensal são três, quatro quilos. A gente tenta mudar o foco do aluno para ele entender que é muito mais saudável perder três, quatro de forma eficiente e duradoura do que perder dez e ganhar 15 depois. O corpo do verão a gente faz no inverno", afirma Cristopoliski.
Melhores exercícios para a perda de peso Para o sedentário, a caminhada é uma boa opção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, com 30 minutos diários de exercício o indivíduo já é considerado ativo. Musculação também é essencial, pois faz com que o corpo trabalhe para a queima calórica.
"Quando você faz musculação, aumenta a massa magra. Ela vai fazer com que seu corpo trabalhe sozinho, basicamente, ou seja, aumenta o gasto calórico diário. O emagrecimento é você gastar mais e ingerir menos. O volume da massa magra é muito menor do que o de gordura", explica o personal trainer.
Uma dica é pelo menos três vezes trabalhar uma parte de fortalecimento: musculação, funcional ou o próprio crossfit. Nas pessoas mais treinadas e acostumadas às práticas, a musculação pode ser feita diariamente.
Além disso, fazer exercícios aeróbios duas vezes na semana também ajuda. como caminhada, corrida, bicicleta ou andar de patins.
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