A Defesa Civil Municipal de Petrópolis, município da região serrana do Rio de Janeiro, atualizou o número de vítimas da tragédia em decorrência da chuva que durou mais de 12 horas, ontem (14). Até o momento, 38 pessoas foram encontradas sem vida. A busca pelos desaparecidos está sendo feita pelo Corpo de Bombeiros e por moradores da cidade que estão em desespero para encontrar parentes e amigos.
A chuva acabou provocando o deslizamento de parte do Morro da Oficina, destruindo pelo menos 80 casas. Até o momento, 300 pessoas desabrigadas. Vinte e cinco escolas foram abertas para abrigar as famílias.
Os moradores passaram a madrugada procurando por vizinhos e parentes. Eles carregam corpos em sacos pretos e avisam os bombeiros, que por sua vez levam ao ponto de apoio e contabilizam as vítimas. Apesar de a previsão ser de chuva fraca para o dia de hoje, moradores têm receio que um temporal impeça que seus familiares sejam encontrados.
Drama
Por volta das 7h30, a reportagem do site UOL testemunhou um resgate. O corpo de um jovem identificado apenas Lucas, de 19 anos, foi carregado pelo tio em uma das escadarias. Resignado, o homem contava com os olhos cheios de lágrimas a notícia aos vizinhos que perguntavam "como ele chegou".
O mesmo grupo que resgatou Lucas relata já ter resgatado outras cinco pessoas — três delas sem vida. Ao deixar o corpo do rapaz aos pés do morro, o tio reclamava da atuação dos bombeiros. Na avaliação dele, os agentes atuam com lentidão e abrem espaço para que familiares sejam obrigados a fazer o resgate de quem ama, sem direito a um luto digno.
Às 7h50, o grupo voltou ao mesmo ponto com outro corpo, uma mulher. "Não dá para saber quem é", disse um dos rapazes, sugerindo o nome de três vizinhas que moravam em casas próximas. Enquanto consolavam familiares que moravam nas tais casas, antes de abrir o saco preto, outras mulheres clamavam por notícias de netos, filhos, genros e maridos.
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Às 8h20, uma mulher chegou ao ponto desesperada. Ela gritava e lamentava a falta de notícias: seu irmão e sua sobrinha ainda não foram encontrados. Ora pedindo para que eles aparecessem, ora gritando que não podia ser verdade, ela não parava de chorar. Ao ser consolada e ouvir que precisava ser forte, gritava: "Eu não consigo ser forte, não dá para ser forte. É quem eu amo, é maior do que eu".
As famílias que minutos antes tinham passado pela mesma situação seguravam a sua mão, ofereciam água e tentavam acalmá-la. Perto dali, um homem chorava —como nas últimas duas horas. Ele contou à reportagem que a casa em que morava toda sua família está destruída, mas ainda não encontraram corpos ou sobreviventes. Sua sogra, filha e irmã estavam no local. Móveis e objetos estão comprimidos embaixo da laje do lugar.
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O grupo de homens que resgata corpos prometeu: "Vamos lá te ajudar", mas temem a queda da laje e novas vítimas. Segundo a Defesa Civil, 16 pessoas foram resgatadas com vida. O Morro da Oficina é considerado o local mais atingido e não há um número oficial de desaparecidos.
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