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Covid-19: fake news e boatos retardam imunização no Brasil

Cerca de 88% da população vacinável tomou pelo menos a primeira dose. Presidente da SBIm diz que informações falsas dificultam imunização.

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Imagem ilustrativa da notícia Covid-19: fake news e boatos retardam imunização no Brasil camera Reprodução

Medo de que as vacinas tenham sido desenvolvidas rápido demais, rumores sobre o impacto das injeções na fertilidade humana, boatos de que elas modificariam o DNA das pessoas ou até mesmo que conteriam chips para monitoramento da população... Toda essa desinformação que tomou conta das redes socias desde que os primeiros imunizantes contra a Covid-19 foram aprovados tem atrapalhado os esforços das autoridades internacionais para conter a pandemia. No Brasil, embora seu impacto seja bem menor na campanha vacinal, as fake news também vêm afetando a campanha vacinal.

De acordo com dados oficiais, até o momento já foram aplicadas 409.151.616 doses do imunizante no país, incluindo as vacinas disponibilizadas em duas doses para crianças maiores de 5 anos e a quarta dose para idosos e imunossuprimidos. Ainda assim, segundo o levantamento feito pelo consórcio de veículos de Imprensa, ao menos 12% da população apta para ser vacinada sequer tomou a primeira dose. Há ainda um grupo de 19% de brasileiros que receberam a primeira injeção, mas não retornaram para receber a segunda dentro do prazo correto. Ou seja, estão com o esquema vacinal incompleto.

Apesar desse entrave, Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), comemora o fato de que os brasileiros aderiram em massa à campanha de vacinação. Isso porque 88% da população já recebeu o imunizante, o que representa uma porcentagem maior até do que a atingida nas recentes campanhas de vacinação infantil.

“A gente imaginava que teríamos em torno de 5% de não-adesão, que representa o público historicamente conhecido como antivax, negacionista, que já existia antes da pandemia e persistiram. O que surpreende é ter mais do que esperávamos”, comentou Cunha, lembrando ainda que os dados sobre pessoas que tomaram apenas a primeira dose podem ter sido afetados por atrasos no envio dos registros feitos por estados e municípios ao Ministério da Saúde.

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Ao mesmo tempo, o presidente da SBIm reconhece que a desinformação e as fake news difundidas nas redes sociais por grupo antivax representam a principal razão para explicar os 12% de pessoas que ainda não procuraram os postos de imunização em busca da primeira dose. As notícias falsas e boatos acabam amplificando as dúvidas que muitas pessoas já teriam naturalmente em relação às vacinas, contribuindo assim para aumentar a insegurança a esse respeito.

“Um aspecto importante é que parte dos faltosos muitas vezes não se vacina por falta de tempo, conhecimento ou acesso. Em geral, essa população é mais vulnerável e cabe aos municípios avaliar os dados e usar estratégias de busca ativa não só para os não-vacinados, mas também para quem não completou o esquema”, ponderou Cunha.

Outro fator que contribui para esse número de faltosos, segundo ele, é falta de empenho do próprio Ministério da Saúde para combater a desinformação sobre a eficácia e segurança dos imunizantes. Uma campanha oficial de conscientização, mostrando claramente os benefícios da vacinação para a população, como a redução de hospitalizações e de mortes por Covid-19, seria muito importante principalmente por se saber que parte daqueles que se negam a tomar as vacinas são influenciados por discursos ideológicos e políticos. Assim, caso essas pessoas recebessem a informação de uma fonte na qual confiam, como o governo, poderiam finalmente se convencer da importância da imunização.

Vacinas, mutações e variantes

Juarez Cunha aponta a alta taxa de imunização da população brasileira como a grande responsável pelo país estar passando por um dos períodos mais tranquilos desde o início da pandemia, com número de casos decaindo e a vida cotidiana voltando à normalidade. “Se não utilizarmos essa ferramenta fundamental, continuamos em risco. Ninguém consegue fazer uma previsão do que vai acontecer no futuro, mas é fundamental que a gente esteja preparado para novas ondas“, alertou.

O infectologista também ressaltou o fato de que, segundo as pesquisas mais recentes, talvez não seja possível atingir a chamada imunidade de rebanho no caso da Covid-19, mesmo com uma alta taxa de imunização populacional. A enorme capacidade de mutação do coronavírus, responsável pelo surgimento de inúmeras variantes, acaba diminuindo a proteção dos imunizantes ao longo do tempo. “Apesar disso, quanto mais pessoas imunizadas, menor é a chance do vírus circular e indivíduos terem doença grave”, ressaltou Cunha. “Cada um que não toma a vacina impacta a proteção coletiva”, concluiu.

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