"O SARS-COV-2 continua a causar altos níveis de morbidade e mortalidade, particularmente entre as populações humanas vulneráveis. Neste contexto, o Comitê levantou preocupações de que o uso inadequado de antivirais pode levar ao surgimento de variantes resistentes a drogas". Este foi o "parecer" do Comitê de Emergência da OMS, que informou sua posição nos últimos dias.
Para o Comitê, a Covid-19 ainda é "um evento extraordinário que continua a afetar negativamente a saúde das populações em todo o mundo, representa um risco contínuo de propagação internacional e interferência no tráfego internacional, e requer uma resposta internacional coordenada".
A decisão significa que, pelo menos pelos próximos três meses, não haverá uma alteração na posição da OMS e que a emergência internacional segue. Liderando mais de 30 especialistas, o presidente do Comitê, Didier Houssin, admitiu durante o encontro que está "preocupado com o crescente cansaço entre as comunidades em todo o mundo em resposta à pandemia e os desafios colocados pela falta de confiança na orientação científica e nos governos".
No domingo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou o fim da situação de emergência sanitária nacional devido à pandemia da covid-19. Ele afirmou que irá editar nos próximos dias um ato normativo para encerrar a Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional). No entanto, ressaltou que a medida não significa o fim da doença.
Um dos principais motivos para a cautela é a imprevisibilidade do vírus. Ou seja: ainda não se sabe se, com a reabertura quase total das atividades, alguma variante mais perigosa pode surgir.
EUA X BRASIL
A decisão do governo de Jair Bolsonaro sobre a pandemia também contraria a direção que os EUA tomaram em relação à doença. Os dois países lideram em número de mortes pela covid-19.
Na quarta-feira passada, o governo americano decidiu ampliar por mais três meses a emergência sanitária, permitindo assim que os cidadãos possam continuar sendo testados e recebendo tratamento de forma gratuita.
Nos EUA, a emergência de saúde pública foi inicialmente declarada em janeiro de 2020. Desde então, ela é renovada a cada trimestre.
O governo tem pago por testes, vacinas e certos tratamentos. A Casa Branca ainda exigiu que os seguros cubram o custo total dos testes e vacinas, usando um financiamento de emergência de saúde pública.
Mas quando a emergência de saúde pública expirar, os planos terão de arcar sozinhos com certos custos. O temor é de que milhões de pessoas possam perder o acesso a certos serviços.
Por sua vez, a OMS respeita a soberania dos governos. Mas, menos de uma semana antes da decisão do Brasil, o Comitê da OMS reconheceu que o SARS-CoV-2 continua a ter uma evolução viral imprevisível, que é agravada por sua ampla circulação e intensa transmissão em humanos, bem como a introdução generalizada de infecções em uma série de espécies animais com potencial para o estabelecimento de reservatórios animais ».
Os membros do Comitê reconheceram a capacidade nacional, regional e global de responder ao contexto pandêmico, mas "observaram com preocupação » que alguns governos "relaxaram » as medidas de controle e "reduziram os testes, impactando assim a capacidade global de monitorar a evolução do vírus".
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