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SEGUNDO SEMESTRE

Brasil deve ter 630 mil vagas de emprego temporárias em 2022

Com Eleições, Copa do Mundo e, no Pará, o Círio de Nazaré, setores estão otimistas com o surgimento de novas vagas a partir deste mês.

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Imagem ilustrativa da notícia Brasil deve ter 630 mil vagas de emprego temporárias em 2022 camera A indústria paraense deve gerar 37 mil novos postos de trabalho até 2025. | Fernando Sette /Divulgação

O segundo semestre pode trazer boas novas para os trabalhadores brasileiros. Nacionalmente, é o semestre que trará as eleições (outubro) e, logo em seguida, a Copa do Mundo (novembro). No Pará os que procuram uma vaga no mercado de trabalho contam com mais um importante incentivo: O Círio de Nazaré que, após 2 anos de pandemia, volta com todas as suas romarias e 15 dias de intensa programação na cidade.

Dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) apontam que as contratações temporárias devem crescer 12% no terceiro trimestre (julho a setembro), na comparação com o mesmo período do ano passado, beneficiando mais de 630 mil trabalhadores.

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A indústria aparece como o setor que impulsiona as contratações temporárias, principalmente nas áreas alimentícia, farmacêutica e de óleo e gás. Na sequência também são esperadas novas vagas para os segmentos de comércio e serviços. Apenas no primeiro semestre, houve a geração de 1.322.200 vagas temporárias no Brasil, resultado 4,6% inferior ao apurado no mesmo período de 2021, quando houve 1.385.989 novas contratações.

José Conrado Santos, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) ressalta que o mundo todo passa por uma recessão, ainda por conta da pandemia e por conta da guerra na Ucrânia. “Neste cenário, o Pará, assim como os demais estados da federação, vive um período de incertezas, pois depende de novos investimentos que acabam não se consolidando em um contexto de crise. Não registramos nesse primeiro semestre grandes demissões na indústria, mas acreditamos que novos postos de trabalho poderiam estar sendo gerados se houvesse novos investimentos”, aponta.

Historicamente, Conrado diz que um segundo semestre com Círio, eleições, Copa do Mundo e festas de fim ano costuma movimentar a economia. Numa perspectiva a longo prazo, caso não haja novos agravantes da crise, a estimativa é que até 2025 sejam gerados cerca de 37 mil novos postos de trabalho na indústria paraense. As principais áreas são construção civil, transversais, metalmecânica, logística e transporte, e alimentos e bebidas. “As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo”, cita.

O presidente da Fiepa acredita que, a curto prazo, a redução do ICMS da cadeia do trigo e da compra de máquinas e equipamentos para as indústrias em geral, concedido recentemente pelo Confaz, gerará novos postos de trabalho formais na indústria. “Esse era uma luta antiga da FIEPA, que foi abraçada pelo atual Governo Estadual, por meio da Sefa”.

DIEESE

Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese-PA ressalta que o Estado fechou o primeiro semestre deste ano com saldo de 15 mil postos de trabalho formais gerados, número bem maior que o mesmo período do ano passado. “Ainda estamos no processo de retomada da economia e entramos neste segundo semestre com uma eleição majoritária na porta. E em ano de eleição temos muitos recursos circulando em vários setores como construção civil graças à retomada de obras e o comércio”, pondera.

Dentro desse contexto o crescimento do emprego temporário é uma consequência. Ele lembra que no final de 2019, antes do começo da pandemia, o Pará gerou mais de 5 mil postos de trabalho temporários. “Não temos como medir os anos de 2020 e 2021 por conta da pandemia e a tendência esse ano é que ocorra um aumento no volume de contratações. Nesse momento não temos como avaliar se será maior ou menor que em 2019, mas avaliamos que haverá um crescimento sim, sobretudo no setor informal”, aponta.

Setor de serviços ainda trabalha com cautela nos eventos

Fernando Soares assessor jurídico do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado do Pará, que reúne alguns dos setores de comércio e serviços que mais geram empregos no Estado, avalia que o Círio, ainda que esteja retornando após 2 anos, ainda não será do tamanho do último realizado, em 2019. “É fato que a vacinação reduziu consideravelmente o número de mortes no país inteiro, mas a contaminação ainda continua alta, vivemos uma quarta onda e avaliamos que dificilmente veremos, por exemplo, um Círio com 2 milhões de pessoas se aglomerando nas ruas”, aponta.

As reservas de meios de hospedagem para o Círio, segundo ele, até o momento, estão girando em torno de 30% a 35% (confirmadas); e entre 60% a 65% (a confirmar). Segundo o advogado, a proximidade do Círio e das eleições é um fator que prejudica a festividade religiosa.

“A eleição ocorre no primeiro domingo de outubro e o Círio imediatamente no outro. Isso já faz com que muitas pessoas deixem de vir a Belém. Outro entrave é o valor das passagens aéreas, que já aumentou mais de 120% nos últimos meses, o que afugenta os turistas de outras regiões. Isso tudo prejudica a economia, mas a fé move montanhas e acreditamos nisso”. A Copa do Mundo para o setor ainda dependerá muito da hora dos jogos. “Pelo fuso esperamos que alguns jogos sejam à tarde ou à noite e os bares ou restaurantes possam aumentar seu movimento dependendo da performance do Brasil”, reitera.

Dentro desse contexto Fernando acredita que o setor fará contratação de pessoal pagando diárias, com reforço de garçons, auxiliares de cozinha, copeiras e faxineiras em dias específicos. “Como disse esperamos que a seleção faça os 7 jogos e vá para a final. Se o time crescer na competição o interesse dos torcedores por comemorar fora de casa também aumenta e o volume de vendas aumenta”.

Ele também teme o crescimento dos casos da quarta onda da pandemia, que fez crescer o número de casos e mortes nas últimas semanas. “Isso pode novamente impactar o nosso segmento que, de longe, foi o mais afetado por essa doença. Ou seja: temos muitos fatores ainda a analisar antes de bater o martelo sobre como o nosso setor terminará o ano, apesar da Confederação Nacional do Comércio projetar um crescimento de 2,8% no nosso setor em relação a 2021”.

Escalada de preços pode prejudicar retomada

Isabela Lima, chef e presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes secção Pará (Abrasel-PA) avalia que os clientes estão muito ansiosos por voltar a consumir. “Temos um prognóstico muito bom de recuperação de faturamento para o segundo semestre. As contratações serão consequências dessa recuperação econômica. Entretanto os empreendedores do nosso setor devem tomar bastante cuidado com a escalada do preço dos insumos alimentares, com os surtos cíclicos que ainda persistem da Covid e o crescimento no custo de entrega no delivery (combustíveis)”, aponta.

Esse tripé, segundo ela, ainda representa uma sombra de preocupação no planejamento empresarial. “A boa notícia é que esses eventos destacados são fatores que alavancam o faturamento e servirão de um termômetro de como se comportará a economia no primeiro semestre pós-eleições presidenciais, que ainda gera muita dúvida nos investimentos de qualquer segmento”.

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